Em outra ponta, relatório do Coaf detectou que sócios e funcionários do restaurante foram beneficiários de depósitos em dinheiro feitos por uma das secretárias da ex-primeira-dama.
Se confirmado, não seria o primeiro caso de uso de uma empresa conhecida no Rio para dar aparência legal aos recursos. O dono de franquias do curso de inglês Brasas e de boliche na Barra da Tijuca, o empresário John O’Donnel já reconheceu à Polícia Federal que emitiu notas fiscais frias que foram usadas para “esquentar” dinheiro de um dos operadores de Cabral.
SÍMBOLO DA PROSPERIDADE – A rede Manekineko tem seis restaurantes no Rio, sendo três na zona sul. O nome faz referência à figura oriental de um gatinho que acena, símbolo de prosperidade. Procurada, a empresa afirmou que não poderia se manifestar no momento. A defesa de Adriana Ancelmo não retornou os contatos.
Relatório da Receita Federal afirma que em 2014 o Manekineko transferiu R$ 1 milhão para a banca da ex-primeira-dama. No ano seguinte, o escritório declarou ter recebido outros R$ 2,3 milhões da rede de restaurantes.
Os R$ 3,3 milhões colocam o Manekineko como uma das principais fontes de pagamento ao escritório, acima de empresas de grande porte como EBX, Metrô Rio e Baskem — todas citadas em relatório do MPF como possíveis fontes de propina.
O restaurante voltou ao radar dos investigadores ao aparecer em relatório do Coaf como destino de depósitos em dinheiro feito por Michelle Tomaz Pinto, gerente financeira do escritório de Adriana Ancelmo.
PAGAMENTOS – De acordo com o documento do órgão da Fazenda, funcionários ou sócios da rede de restaurantes foram beneficiários de R$ 100 mil dos depósitos feitos em 2015. Investigadores querem saber a razão dos pagamentos e em qual volume ele de fato ocorreu.
Pinto afirmou em depoimento que Luiz Carlos Bezerra, apontado pela procuradoria como operador da propina de Cabral obtida em obras públicas, levava dinheiro vivo numa mochila para o escritório da ex-primeira-dama.
A rede de restaurantes Manekineko não comentou a investigação contra a empresa por suspeita de lavagem de dinheiro da propina do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) via o escritório de advocacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.
17 de janeiro de 2017
Italo Nogueira
Folha
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