“O Brasil corre sério risco de sofrer perdas em patrimônio, soberania, respeito internacional, liderança regional e autoestima em face de desafios que enfrentará por ter negligenciado ciência, tecnologia, inovação, industrialização nacional em defesa por tanto tempo”.
O alerta foi dado nesta sexta-feira (16) pelo general Geraldo Antonio Miotto, 61, comandante militar da Amazônia, em palestra durante o 3º Congresso Internacional do Centro Celso Furtado, realizado em Manaus.
Para ele, “defender a Amazônia é muito mais do que estabelecer unidades militares estrategicamente posicionadas, com efetivos treinados e preparados para atuar no terreno com uso de novas tecnologias. Defender a Amazônia é tudo isso e também criar estratégias que promovam o desenvolvimento regional”.
DESENVOLVIMENTO – Na sua visão, “não há defesa sem desenvolvimento e tampouco desenvolvimento sem defesa. Todo o país tem uma força armada, ou própria ou de outro país. Cabe à sociedade dizer o que quer das forças armadas, qual o seu tamanho, o que elas devem fazer.”
Para uma plateia de cientistas, professores, estudantes, reunidos na Universidade Federal do Amazonas, o general Miotto discorreu sobre o trabalho das Forças Armadas na região, especialmente em saúde, atendimento à população, controle das fronteiras e preservação ambiental. Faltava luz na universidade e o comandante lamentou não poder mostrar gráficos, fotos e filmes sobre as atividades da força.
PRIORIDADE – “Para as Forças Armadas, a Amazônia é prioridade, eu não sei se para as outras instituições é; para nós, é”, disse. Miotto falou das riquezas da região. Salientou o fato de Brasil deter mais de 90% da reserva de nióbio do mundo, “uma delas está de baixo de uma terra indígena”, lembrou.
Ele defendeu que o país veja seus “interesses em soberania”. Observou mudança de discurso dos Estados Unidos. “Em 2010, Obama disse que o Brasil era um parceiro importante no enfrentamento das mudanças climáticas globais. Em 2014, fez uma revisão. Falou que o crescimento do China, Índia e Brasil pode agravar a escassez de água, levar a aumentos acentuados nos custos de alimentos, degradação ambiental, instabilidade política e tensões sociais, condições que podem permitir atividade terrorista. Está preocupado”.
O comandante militar da Amazônia defendeu maior integração com os países da região amazônica, historicamente separados. “Se vocês forem a Lima, no Peru, vão ver ônibus chineses e carros japoneses e chineses; não tem nenhum carro brasileiro. Agora é que foi assinado um tratado para venda de automóveis e estamos vendendo caminhões”.
19 de setembro de 2016
Eleonora De Lucena
Folha
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