"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

NO ÚLTIMO CAPÍTULO DO IMPEACHMENT, O POVÃO FICARÁ DE FORA?



Charge do Tacho, reprodução do Jornal VS


















As atenções estarão voltadas para o que parece o último capítulo da novela do impeachment, do dia 25 ao dia 31, se não sobrevierem inusitados. Foram aprovados os detalhes do julgamento final de Dilma Rousseff, com direito ao comparecimento de Madame ao plenário do Senado, para sua derradeira defesa e diálogo com os senadores, dia 29, além de depoimentos de testemunhas e coleta final dos votos, para condená-la. Tudo milimetricamente definido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.
Uma lacuna, porém, permanece à margem da competência do ilustre magistrado: e o povo? Tem gente achando que a enfadonha tramitação do processo de afastamento de Dilma exauriu as últimas reservas de paciência do cidadão comum, que por isso dará de ombros durante os acontecimentos. O operário continuará operando, o banqueiro contando juros, o estudante estudando e o desempregado sofrendo. No máximo, uma parcela da população dividirá seus afazeres com as telinhas de reprodução da TV Senado.
Prevê-se a concentração de grupos, ainda que não de multidões, diante do palácio do Congresso, uns protestando e outros festejando a saída da presidente, não se sabe se de carro ou de helicóptero. Dificilmente procissões saudosistas ou carnavalescas desfilarão na Praça dos Três Poderes durante as prolongadas horas do julgamento. Apesar de um razoável aparato policial estar programado para zelar pela ordem na capital federal, não se tem notícia de desordens engendradas pelos sindicatos, partidos, sequer o PT, e sucedâneos. No Rio, São Paulo e outras  capitais, algumas aglomerações poderão acontecer, mas o povão, mesmo, ficará à margem, diante de  sequelas e querelas que não  lhe dizem respeito.

19 de agosto de 2016
Carlos Chagas

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