As campanhas municipais mal começaram e já vivem a primeira polêmica. Em São Paulo e no Rio, candidatos bem colocados nas pesquisasprotestaram nesta quarta (17) porque serão barrados nos debates de TV. O veto atingirá Luiza Erundina e Marcelo Freixo, ambos do PSOL. Na capital paulista, também prejudicará Ricardo Young, da Rede.
A proibição é fruto da minirreforma eleitoral aprovada no ano passado, sob a regência do deputado Eduardo Cunha. Pela nova lei, as emissoras só devem convidar candidatos de partidos com mais de nove deputados federais. Isso exclui PV, PSOL e Rede, que nada têm a ver com as chamadas legendas de aluguel.
A regra produzirá uma distorção evidente nos debates. Em São Paulo, Erundina está em terceiro lugar no Datafolha, com 10% das intenções de voto, e não poderá participar. O deputado Major Olímpio tem apenas 2%, mas seu lugar está assegurado, como já observou meu colega Hélio Schwartsman. O major pertence ao Solidariedade, sigla do notório Paulinho da Força.
No Rio, onde Datafolha e Ibope ainda não divulgaram pesquisas, Freixo é tido como um dos candidatos mais competitivos à prefeitura. Em 2012, ele terminou a disputa em segundo lugar, com 28% dos votos.
Defensores da nova lei sustentam que ela permite a participação de candidatos de siglas menores quando houver aval de dois terços dos demais concorrentes. No primeiro teste, essa janela se mostrou inócua. Em São Paulo, Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB) e Major Olímpio vetaram Erundina. No Rio, Pedro Paulo (PMDB), Indio da Costa (PSD) e Flávio Bolsonaro (PSC) impediram o convite a Freixo.
Se não for derrubada pelo Supremo, a regra resultará em disputas ainda mais desiguais. O eleitor também sairá perdendo. É nos debates, e não na propaganda obrigatória, que podemos ver como os políticos reagem quando são confrontados e sofrem o mínimo de pressão.
19 de agosto de 2016
Bernardo Mello Franco, Folha de SP
A proibição é fruto da minirreforma eleitoral aprovada no ano passado, sob a regência do deputado Eduardo Cunha. Pela nova lei, as emissoras só devem convidar candidatos de partidos com mais de nove deputados federais. Isso exclui PV, PSOL e Rede, que nada têm a ver com as chamadas legendas de aluguel.
A regra produzirá uma distorção evidente nos debates. Em São Paulo, Erundina está em terceiro lugar no Datafolha, com 10% das intenções de voto, e não poderá participar. O deputado Major Olímpio tem apenas 2%, mas seu lugar está assegurado, como já observou meu colega Hélio Schwartsman. O major pertence ao Solidariedade, sigla do notório Paulinho da Força.
No Rio, onde Datafolha e Ibope ainda não divulgaram pesquisas, Freixo é tido como um dos candidatos mais competitivos à prefeitura. Em 2012, ele terminou a disputa em segundo lugar, com 28% dos votos.
Defensores da nova lei sustentam que ela permite a participação de candidatos de siglas menores quando houver aval de dois terços dos demais concorrentes. No primeiro teste, essa janela se mostrou inócua. Em São Paulo, Marta Suplicy (PMDB), João Doria (PSDB) e Major Olímpio vetaram Erundina. No Rio, Pedro Paulo (PMDB), Indio da Costa (PSD) e Flávio Bolsonaro (PSC) impediram o convite a Freixo.
Se não for derrubada pelo Supremo, a regra resultará em disputas ainda mais desiguais. O eleitor também sairá perdendo. É nos debates, e não na propaganda obrigatória, que podemos ver como os políticos reagem quando são confrontados e sofrem o mínimo de pressão.
19 de agosto de 2016
Bernardo Mello Franco, Folha de SP
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