"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

VENTO A FAVOR



Os ingleses, que já têm liderança mundial na produção de energia eólica em alto-mar, estão construindo o maior parque eólico do mundo em pleno oceano. Localizado na costa de Yorkshire, na Inglaterra, o projeto está previsto para ser entregue em 2020 e deverá produzir energia suficiente para abastecer 1 milhão de casas no Reino Unido. Conforme a Dong Energy, empresa responsável pela obra, o Hornsea Project One terá capacidade de 1,2 gigawatts (GW), será o primeiro parque eólico em alto-mar a ultrapassar 1 GW de capacidade e será o maior do mundo.

Eles não brincam em serviço...

De cara, nota-se que os ingleses não estão aí para estocar vento... E se destacam dois fatos: o primeiro é estarem, eles, aumentando a produção de energia limpa. Claro, a utilização do vento para produzir energia, como qualquer atividade humana, terá certo impacto ambiental, porém muito menor do que, para o mesmo fim, a queima de combustíveis fósseis. Em segundo, o estabelecimento de uma fonte inextinguível de energia (vento!) é uma formidável garantia para o futuro! Os ingleses pensam nos netos...

Nós e os nossos nós

Na COP21 Dilma Rousseff disse que o Brasil vai reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, para chegar a 43% em 2030. Mas de que jeito? Ora, até hoje, Rousseff e seu partido jamais apresentaram um "projeto de país". Entretanto, a questão não é estritamente a produção de energia, como se verá.

Tendo o Brasil quase oito mil quilômetros de litoral, não poderia fazer o mesmo que a Inglaterra? Vai ver que... Ventos que sopram lá não sopram cá... Que fatalidade nos atingirá para que sigamos atrasados no tocante a infraestrutura em geral e a produção de energia em particular?

A resposta é bem complexa. Mas uma causa salta aos olhos: por aqui, a máquina pública asfixia o cidadão que quer empreender. No século XXI, quem pode desenvolver a infraestrutura - inclusive expandir nossa incipiente produção de energia eólica - é a iniciativa privada. A "era Vargas" passou! A ideia de criar estatais hoje não é só anacrônica: é vigarice socialista. Aqui está o nó: um modelo de Estado que, em vez de favorecer, atravanca a livre iniciativa - burocracia infernal, carga escorchante de impostos.

No rio Grande do Sul, há um ano (últimos dados disponíveis), o prazo médio de obtenção do aval do órgão competente para começar a tocar obras, empreendimentos e parques industriais era de 909 dias em média (quase dois anos e meio), prazo 40% maior do que era em 2010 (um mandato de governo socialista conseguiu piorar 40%). Conforme dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (Jornal Zero Hora, 11/05/2015), em dezembro de 2014 havia 12,7 mil processos de licenciamento parados, aguardando análise dos técnicos do órgão.

Ora, um empresário, pequeno ou grande, assume riscos de bom grado ao celebrar negócios. Só que o poder público não precisava piorar as coisas! Acaba inibindo quem de fato alavanca a economia e tem a faculdade de gerar soluções.

Risco de seguir na lanterna

O Brasil tem um tremendo potencial em recursos naturais e capital humano. Por exemplo, além de todo o vento que a natureza "estocou" em nosso vasto mar, contamos com a maior extensão territorial ensolarada do mundo. Quem terá igual potencial energético? Também, apesar da negligência governamental, para dizer o mínimo, o país tem cientistas de renome internacional, universidades que realizam pesquisas e o domínio de tecnologias de ponta em campos diversos. Por outro lado, apesar de todo o entrave burocrático e com o instituído abuso de agentes públicos (assunto do momento), o Brasil conta com empresas de vulto internacional, o que concorre para que (quando o governo não atrapalha) esteja entre as oito maiores economias do planeta. Que é que está faltando, então, para que nosso capital humano (inteligência e espírito empreendedor) crie as soluções de que carecemos? Para começar, falta a indignação que provocaria uma reforma do Estado.

Nossa situação vai melhorar á medida que se modificar a percepção média do brasileiro, qual seja, a crença infantil em que lhe é devida a tutela do Estado - mentalidade tacanha agravada por governos que tentam converter o Brasil em uma nação de funcionários públicos e beneficiários de "bolsas". Seremos outro país, quando cada um pensar mais no que pode fazer e menos no que pode receber.

Há, pois, uma receitinha perfeita para... manter o atraso. basta seguir elegendo políticos populistas



18 de fevereiro de 2016
Renato Sant'Ana é Psicólogo e Bacharel em Direito.

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