O preço do petróleo infelizmente não é uma tarifa pública, embora seja tratado assim pelo governo brasileiro. Represar o preço de um serviço público (como, por exemplo, o preço do transporte público, se este fosse prestado pelo governo e não por empresas privadas, como é aqui) torna-se possível enquanto o governo dispuser no seu orçamento de outra fonte de recursos para subsidiar o aumento de custos do serviço, neste caso ele faz a opção de diminuir o uso do recurso para seu fim original, em troca de manter o preço do transporte que pretende segurar.
Como o governo não produz recursos, simplesmente aloca impostos que cobra da população, isso é sempre uma questão de dar prioridade ao valor de um ou outro serviço, à custa da prestação de um outro que o governo julgue menos essencial.
No caso do petróleo, ele é um insumo em grande parte comprado no exterior, e a Petrobrás é uma empresa que em tese não é sustentada por impostos, mas remunera-se pela venda de seu produto por um valor que seja no superior ao seu custo de produção.
GOVERNO INTERFERIU
O governo interferiu nos preços dos derivados do petróleo, mantendo-os estáveis durante um período em que o custo do petróleo subiu exponencialmente, e em consequência causou elevado prejuízo à Petrobrás, que a partir de um certo ponto não pôde mais ser absorvido pela empresa. Aí foi preciso aumentar o preço dos combustíveis, com efeito inflacionário, e mantê-lo alto mesmo quando o custo do insumo caiu verticalmente, porque ao mesmo tempo e pelo mesmo motivo o rendimento da Petrobrás pela produção de petróleo bruto caiu na mesma razão.
Algo que, em linhas gerais, foi parecido aconteceu com as tarifas de energia, quando o governo baixou os preços artificialmente, aumentando a demanda numa situação que já era de previsível escassez, e mais adiante teve que recorrer às usinas térmicas (alimentadas por gás e óleo diesel encarecido pela pedalada feita com o petróleo) e ainda teve de repor prejuízos cobrados pelas concessionárias.
DEU MUITO ERRADO
Só não ficou pior em termos de oferta porque a recessão reduziu também a demanda industrial, mas os consumidores estão pagando hoje muito mais do que pagariam normalmente, se não tivesse havido a interferência do governo.
Interferir no mercado é alguma coisa que nunca é simples e que quase sempre dá errado, e no nosso caso deu muito errado.
18 de fevereiro de 2016
Wilson Baptista Júnior
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