Brasília - Como soaria bem aos ouvidos dos brasileiros a notícia de que um presidente da república ao se recolher, depois de cumprir oito anos de mandato, encheu caminhões de livros e obras de arte e os transportou para a sua nova residência. Como seria reconfortante saber que o presidente deixou o poder e virou uma espécie de consultor, conselheiro respeitável para momentos de crise, um homem acima de qualquer suspeita com quem o país contasse para discutir problemas de estado.
Infelizmente, não foi assim a despedida do Lula de Brasília. Ao deixar o governo, e consequentemente o Palácio da Alvorada que ocupou durante oito anos, o ex-presidente encheu vários caminhões com a sua mudança. E em um deles, especificamente, carregava caixas de bebidas, vinhos especiais e raros acomodados em um dos veículos climatizados da frota. Destino: sítio de Atibaia, em São Paulo, que nega ser dele, comprado por R$ 1,5 milhão por um dos sócios do seu filho Lulinha e reformado com dinheiro das empreiteiras que roubaram a Petrobrás.
Que coisa feia! Esta, sem dúvida, foi a carga mais valiosa do ex-presidente cujo gosto por vinho especial foi despertado ao beber um Romanée Conti, da Côte de Nuits, Leste da França, na faixa de 6 mil dólares, presente do seu ex-marqueteiro Duda Mendonça, para comemorar a vitória do primeiro mandato. Três anos depois, Mendonça seria convocado pela CPI para confessar que recebeu uma fortuna do PT em contas no exterior. O caixa 2 levou o marqueteiro ao inferno astral durante anos até ser absolvido pelo STF.
Mas justiça seja feita, responder a processos depois de deixar o poder não é um ato isolado de Lula. Outros ex-presidentes como Collor e Sarney já padeceram nesse paraíso. Não se conhece, no entanto, na história do país um presidente com tamanha sofisticação por vinhos caros como o ex-operário Luís Inácio Lula da Silva, dono de uma fortuna declarada de mais de 50 milhões de reais, patrimônio financeiro suspeito para quem ate hoje só fez política.
Ao deixar a presidência, Lula mandou empacotar cuidadosamente 37 caixas de bebidas, quase 200 garrafas, que seguiram direto para o sitio de Atibaia, seu refúgio, registrado em nome de laranjas. Lá, as garrafas foram acomodadas em uma gigantesca adega, parte da reforma do sítio feita pela Odebrecht, que teria gasto 800 mil reais para deixar tudo nos trinques.
O requinte de Lula chegou aos ouvidos dos diplomatas brasileiros no exterior. E aqueles, mais elásticos, que queriam reverenciar o chefe quando os visitavam sempre o presenteavam com vinhos de qualidade. Assim, de garrafa em garrafa, a adega de Lula cresceu e se multiplicou.
Ao deixar o governo, Lula pensou que seria imortalizado como o pai dos pobres, como a imprensa servil e submissa chegou a rotulá-lo. Que a popularidade seria perpétua. Que o jargão de que “nunca na história desse país” fosse alimentar para sempre o imaginário dos seus eleitores do Bolsa Família, homens e mulheres miseráveis transformados em eleitores de currais.
Viu-se, já fora do poder, diante de outra realidade quando teve que se expor para defender os bandidos do mensalão e tentar cooptar ministros do STF para suavizar os processos dos bandidos petistas. Inconformado, acompanhou as condenações dos parceiros sempre negando participação nos crimes. Depois disso, assistiu a sucessora destroçar a economia do país e, agora, está encrencado na Lava Jato, na Zelotes, no lobby da indústria automobilística e na cumplicidade com as empreiteiras que derreteram a Petrobrás.
O que o Brasil poderia esperar de um sindicalista que virou presidente, e, no cargo, fazia apologia do analfabetismo, negligenciou na condução do governo e aliou-se a elite, disputando com ela o espaço às boas mesas? Como a sua riqueza não tem origem em heranças e não é fruto de nenhum empreendimento, a Justiça quer saber, com razão, de onde veio a fortuna do neoelitista.
18 de fevereiro de 2016
Jorge Oliveira
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