O ex-lobista da construtora de navios SBM Offshore Júlio Faerman fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. A empresa admitiu que, por meio do ex-representante, pagou US$ 139 milhões em propinas para funcionários da Petrobras. O lobista conseguiu nesta segunda-feira um habeas corpus para ficar em silêncio perante a CPI da Petrobras na terça-feira pela manhã.
O acordo começou a ser tratado na Procuradoria da República no Rio de Janeiro já em meados de abril, segundo apurou o Correio, com o apoio do escritório Moraes Pitombo. Em 12 de maio, a defesa selou o pacto com a Procuradoria. Faerman deverá confessar participação em esquemas de corrupção, indicar novas provas e pessoas envolvidas. A reportagem não conseguiu apurar qual o valor que eventualmente ele negociou devolver sob a forma de multas e bens. Em troca, o lobista obtém a promessa de ter uma punição menor do Judiciário. A delação premiada de Faerman ainda precisa ser homologada pela Justiça.
PAGAMENTO ANÔNIMO?
A SBM admite que pagou US$ 139 milhões em propinas a funcionários da Petrobras por meio de Faerman, mas até hoje não se sabe quem recebeu o dinheiro. A empresa holandesa fez um acordo com o Ministério Público Holandês e se propôs a pagar US$ 240 milhões em multas para encerrar uma investigação por corrupção em vários países.
Por causa do acordo de delação ainda não homologado, a defesa de Faerman preferiu manter o silêncio na CPI. A reportagem não conseguiu falar com o advogado Antônio Sérgio Moraes Pitombo. Pela decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber, o lobista pode ficar calado na comissão, não se comprometer a dizer a verdade e não ser preso por causa disso.
A SBM ainda negocia um acordo e leniência na Controladoria Geral da União (CGU). O objetivo é não ser impedida de fechar negócios com o governo. A Petrobras tem cerca de US$ 27 bilhões em contratos com a fornecedora de navios holandesa.
MORRE UM DOS RÉUS
Morreu o executivo João Alberto Lazzari, da OAS, réu em processos criminais da Lava-Jato. Hoje, a defesa pediu a extinção da punição.
Ainda na segunda-feira CPI tomou sete depoimentos, mas nenhum deles trouxe informações relevantes para a investigação. O engenheiro Heleno Lira, gerente na refinaria de Abreu e Lima, disse que ficou “triste e indignado” com as denúncias de pagamento de propina e superfaturamento na Petrobras.
09 de junho de 2015
Eduardo Militão
Correio Braziliense
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