"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 9 de junho de 2015

CONVERSA COM UMA ESQUERDISTA

— Manu, soube que você defende o aborto em qualquer mês de gravidez. Qual o seu argumento?
— Liberdade de escolha. O corpo é da mulher e ela faz com ele o que bem entender.
— Mas e o feto, não teria direito algum, mesmo em estágio avançado de desenvolvimento?
— Não, pois o corpo é da mulher, sua propriedade.
— Mas você não andou aplaudindo medidas de confisco dos mais ricos pelo governo, em nome da igualdade? Como fica a questão da propriedade nesse caso?
— Precisamos combater a ganância materialista e pregar a igualdade de todos.
— E você pretende combater o materialismo focando somente na conta bancária da pessoa? Não acha que há mais do que dinheiro no mundo?
— Luto pela justiça social, e quero socializar as riquezas.
— Você fala como se riqueza fosse algo fixo, um bolo que precisa ser apenas melhor dividido, e não criado. Se é assim, por que não começa distribuindo a sua própria riqueza, já que você é parte da elite?
— Aceita uma dose de Blue Label?
— Não, obrigado. Quer dizer que você acha mesmo Cuba um bom exemplo a ser seguido? Mas por que prefere sempre ir para Paris ou Nova York nas férias?
— Cuba seria um paraíso se não fosse o embargo americano…
— Então você acha que se os cubanos fossem “explorados” pelos consumistas ianques, segundo sua própria lógica, eles teriam uma vida melhor?
— Mais lagosta?
— Manu, você é contra a redução da maioridade penal mesmo? Não está cansada da impunidade, dessa criminalidade toda?
— O pobre mata por desespero, ele é uma vítima da sociedade. Somos todos culpados.
— Mas eu não matei ninguém. E conheço muito pobre honesto e trabalhador. E há criminosos nas classes média e até alta também. Vide Brasília.
— Esse crepe de caviar está uma delícia! É daquela chef renomada, você precisa experimentar.
— Obrigado. Voltemos ao assunto da maioridade. Então qual solução você propõe?
— Mais educação!
— Esse modelo falido que serve apenas de doutrinação ideológica marxista? Acho que não está funcionando muito bem…
— Falta verba pro Estado.
— Mas o Brasil gasta em ensino público o mesmo que os países ricos em termos proporcionais. No entanto, veja nosso ranking nos testes internacionais, uma vergonha! Nossos alunos acham que o capitalismo não presta e amam o socialismo, mas não sabem ler direito e nem fazer contas.
— Paulo Freire sempre nos disse que precisamos educar para a vida de forma crítica, e não aceitar esse regime opressor da elite que produz apenas trabalhadores para o mercado.
— Creio que o tiro saiu pela culatra. Mas diga, o galalau que enfia a faca num inocente por uma bicicleta, ele é mesmo uma criança indefesa que precisa apenas de mais “educação paulofreireana”?
— Ele é uma pobre criatura que precisa de uma nova chance para recomeçar. Estamos falando de crianças de apenas 16 ou 17 anos!
— Mas você não defende o direito ao voto dessa faixa etária? Quer dizer que são pobres crianças na hora que matam, mas jovens responsáveis para escolher o governante?
— Mais champanhe? É de boa safra.
— Vem cá, o que está achando do estelionato eleitoral da Dilma? Disse que não ia fazer nada do que está fazendo. Subiu juros, aumentou preços, impostos…
— Culpa do neoliberalismo. Aumento de juros, por exemplo, é pura pressão do capital financeiro.
— Mas a inflação está acima de 8%! O que fazer?
— Quer um cigarro de maconha?
— Não. Você defende a legalização das drogas, né?
— Claro. Liberdade de escolha.
— Mas não defendeu outro dia medidas cada vez mais restritas ao cigarro e até ao sal?
— O Estado tem que cuidar da saúde das pessoas como um pai cuida do filho.
— Não sou filho de Dilma, e acho que há uma clara incoerência aí…
— Você é sempre muito racional. O importante é “sentir”, sacou?
— Saquei. Mas eu “sinto” que você defende coisas muito contraditórias. Diz pra mim um só país socialista que deu certo!
— Vale a Suécia?
— Não. A Suécia faria uma esquerdista como você pular da cadeira e sair gritando revoltada contra o capitalismo. Não há nem salário-mínimo, e existe uma ampla abertura comercial e império das leis. O Estado de bem-estar social, que aqui é pregado pelo PSDB que você chama de “neoliberal”, jogou o país em crise, e reformas liberais foram necessárias para evitar o pior. Tenta outro.
— O importante é não abandonar as utopias, os sonhos…
— Mesmo um “sonho” que virou o pesadelo de milhões de pessoas, como o socialismo, trazendo apenas miséria, escravidão e morte?
— Você é muito radical.
— Eu? Não Fidel Castro ou Maduro, ou então o PT, mas eu que sou o radical?
— Só não te ofereço uma coxinha porque não gosto de comida de pobre…


09 de junho de 2015
Rodrigo Constantino

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