"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

DE CRUZADA E MUÇULMANOS, O IMPORTANTE CONTRAPONTO DO JORNALISMO DIGITAL E DAS REDES SOCIAIS À GRANDE MÍDIA


Como sempre afirmo, a alma de um blog é constituída pelos seus leitores. Inúmeros posts que já escrevi tiveram como insights comentários postados por leitores.

Queiram ou não a internet é responsável pela maior revolução já ocorrida na área da comunicação e talvez o maior impacto decorrente dessa extraordinária reviravolta tecnológica é a possibilidade de  interação online e imediata entre um veículo de mídia e seus leitores, telespectadores ou ouvintes.
 
Evidentemente isto tem causado um impacto muito grande sobre os meios de comunicação tradicionais e seus operadores, os jornalistas. Tanto é que a maioria dos profissionais, e não apenas os mais antigos na profissão, se mostra refratária a incorporar tais mudanças.

Com isto não quero dizer que os paradigmas básicos do jornalismo, que se fundamentam na acurácia, ou seja, o rigor absoluto na apuração de um fato e sua narrativa, devam ser abandonados. Pelo contrário. A internet possibilita o aperfeiçoamento na busca da verdade e pode na maioria das vezes encurtar caminhos.
 
Também não quero dizer que o jornalismo digital pode superar os veículos de mídia tradicional. Quero me referir ao fato de que grandes empresas de comunicação detêm uma extraordinária estrutura em termos tecnológicos e de pessoal mobilizados 24 horas na apuração e transmissão dos fatos.

Com essa estrutura os grandes veículos de mídia evidentemente têm todas as condições de oferecer ao público informação ampla e correta.
Entretanto, apesar de todo esse aparato as empresas de comunicação não estão livres de injunções de ordem política e ideológica.
 
Como os grandes veículos de comunicação formam a opinião pública são permanentes objetos de desejo de poder sobre eles. Não é à toa que há muito tempo as redações dos grandes veículos vêm sendo tomada de assalto pelo jornalismo ideológico vinculado a grupos e partidos políticos esquerdistas. Isto se pode verificar, principalmente, a partir dos anos 60, quando foi desatada em escala global a denominada revolução cultural por meio da teoria da “contracultura” que iria nas décadas seguintes operar uma profunda mudança  comportamental em todos os âmbitos da vida social. 
 
GUERRILHA CULTURAL
A “contracultura” foi e é nada mais nada menos que o estopim para implodir os pilares sobre os quais está assentada a civilização ocidental. Todavia, à diferença de outras revoluções, desta feita, como de fato aconteceu e continua acontecendo, o combate não se dá mais por armas e bombas, mas no âmbito da cultura de modo a operar o transformismo dos conceitos com os quais nominamos os fenômenos políticos e sociais.
A luta, portanto se dá ao nível da informação, isto é, no âmbito da cultura entendida aqui como o conjunto de valores que informa a cosmovisão dominante em dada sociedade.
 
Isto posto, fica evidente a importância fundamental dos veículos de comunicação de massa na operação dessa guerra de guerrilha cultural e a razão pela qual têm sido tomados de assalto pelos guerrilheiros ideológicos. É neste ponto desta minha pequena análise que fica evidenciada a importância da internet que aludi no início, sobretudo as redes sociais e os blogs independentes editados por jornalistas profissionais com razoável experiência. 
 
São esses novos veículos de mídia que fazem o contraponto ao nível informativo em ampla escala. O que está na internet é o que está de fato no mundo. Por isso “mundo virtual” é um conceito capenga deste ponto de vista já que o que está no dito “mundo virtual” é produto não de ação de autômatos, mas de seres humanos concretos. Isto não quer dizer que o que é veiculado por meio de plataformas digitais seja tudo verdade, como também não é verdade absoluta tudo o que os veículos da grande mídia tradicional veiculam.
 
O PODER DA INTERNET
O importante de toda essa reflexão reside substancialmente numa realidade: a possibilidade de qualquer cidadão opinar e veicular uma informação ou ainda se contrapor a algo inverídico travestido de verdade apenas pelo status de determinado veículo de comunicação tradicional que o publica.
O conceito de “comunicação tradicional” aqui deve ser entendido como jornais e revistas impressos, rádio e televisão.
Reafirmo que tais veículos são fundamentais e importantes sem contudo excetuar o fato de que ao longo dos últimos anos têm se transformado nos principais difusores de uma luta insana contra a civilização ocidental.
 
Voltando mais uma vez ao início deste texto, quando exulto aquilo que pode ser chamado de “jornalismo participativo” ou “ativismo jornalístico”, transcrevo em seguida parte de texto postado num blog denominado “Adversus”, reportado por um leitor aqui no blog na área de comentários, com a finalidade de jogar um pouco de luz justamente sobre as trevas que representam o ataque islâmico contra a civilização ocidental.
A dica do leitor refere-se a um estudo profundo sobre as Cruzadas levado a efeito por uma das maiores autoridades mundiais no assunto, o historiador norte-americano Thomas Madden.
 
A LUTA PELA VERDADE
O blog Adversus, que foi encerrado pelo seu autor mas se mantém no ar à disposição dos leitores é taxativo no seu objetivo: Excomungando o charlatanismo, a malícia, a imbecilidade e a barbárie cultural nos meios católicos e fora dele”.
 
Transcrevo, à guisa de conclusão, alguns mitos elencados por Thomas Madden, a partir de uma entrevista reproduzida no blog Adversus. Tem tudo a ver com o que os grandes veículos de mídia e seus articulistas vêm propalando falsamente a respeito das Cruzadas para justificar a chacina perpetrada pelo terror islâmico na França há alguns dias.
 
Com isto, ao mesmo tempo, comprovo a importância do contraponto da internet à grande mídia. O pequeno comentário do leitor forneceu o insight que me levou a escrever este texto.
 
Aqui estão dois mitos sobre as Cruzadas elencados por Madden. Ao final o link para leitura integral do texto no blog Adversus.
 

Mito número 1:
As cruzadas eram guerras de agressões provocadas contra um mundo muçulmano pacífico. Esta afirmação é completamente errônea. Desde os tempos de Maomé os muçulmanos haviam tentado conquistar o mundo cristão. E inclusive haviam obtido êxitos notáveis.

Após vários séculos de contínuas conquistas, os exércitos muçulmanos dominavam todo o norte da África, o Oriente Médio, a Ásia Menor e grande parte da Espanha. Em outras palavras, ao final do século XI, as forças islâmicas haviam conquistado dois terços do mundo cristão.

Palestina, a terra de Jesus Cristo; Egito, onde nasce o cristianismo monástico; Ásia Menor, onde São Paulo havia plantado as sementes das primeiras comunidades cristãs. Estes lugares não estavam na periferia da cristandade, mas eram seu verdadeiro centro. E os impérios muçulmanos não acabavam ali. Seguiram expandindo-se para o Ocidente, para Constantinopla e mais além chegando até os confins da Europa.
As agressões provinham, portanto, da parte muçulmana. Chegados a um certo ponto, a parte que ficava do mundo cristão não tinha mais remédio além de se defender, se não quisesse sucumbir à conquista islâmica.
 
Mito número 2:
Os cruzados levavam crucifixos, mas a única coisa que lhes interessava era conquistar riquezas e terras. Suas intenções piedosas eram só uma cobertura sob a que se escondia uma avidez voraz. Há tempos, os historiadores afirmavam que na Europa se havia produzido um aumento demográfico que levou a um número excessivo de nobres secundários, adestrados nas artes da guerra de cavalaria, mas privados da herança de terras feudais.

As cruzadas, portanto, eram vistas como uma válvula de escape que impulsionava estes homens guerreiros a sair da Europa para terras por conquistar a expensas de outros. A historiografia moderna, com a ajuda da chegada das bases de dados computadorizadas, destruiu este mito. Hoje sabemos que foram mais os primogênitos da Europa os que responderam ao chamado do Papa em 1095 e à conseguinte Cruzada. Ir a uma cruzada era uma operação muito custosa.

Os senhores se viam obrigados a vender ou hipotecar as próprias casas para conseguir fundos necessários. Muitos deles, também, não tinham interesse em constituir um reino de ultramar. Mais ou menos como os soldados de hoje, os cruzados medievais se sentiam orgulhosos de cumprir com seu dever, mas ao mesmo tempo desejavam voltar para casa.

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22 de janeiro de 2015
in aluizio amorim

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