A previsível crise política do segundo mandato já atinge Dilma Rousseff em cheio. Dando um recado contra a “reforma goela abaixo do Congresso, a Câmara aprovou ontem a proposta que suspende o famigerado decreto 8243 – que regulamenta os “conselhos populares”. Se o clima de rebeldia se confirmar no Senado, Dilma pode ficar seu sua Política Nacional de Participação Social – considerada fundamental para a hegemonia do regime nazicomunopetralha, dando um drible no parlamento e controlando decisões políticas através da manipulação de segmentos organizados da sociedade.
Outra implacável derrota sofrida pela “vencedora” Dilma será a decisão de hoje, do PMDB, de lançar seu líder Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados. Dilma é inimiga pessoal do deputado Cunha – que fez campanha escancarada para Aécio Neves e lidera a rebeldia contra o PT dentro do PMDB. Ontem, Eduardo Cunha bancou uma festança para recepcionar os novos deputados eleitos, promovendo um tático congraçamento com os que continuam. O Palhaço do Planalto não achou graça nenhuma na declaração de guerra antecipada por Eduardo, que rapidamente criticou a tal reforma política que Dilma quis impor, via plebiscito ou referendo.
Além da crise com a base aliada, o final melancólico do primeiro desgoverno Dilma teve outro componente de desgaste. No momento em que Dilma tenta se vender como “o Coração Valente contra a Corrupção e a impunidade”, fatos coincidentes confirmam que o País desgovernado por ela vai na contramão da moralidade. O Ministro Luiz Barroso, do Supremo Tribunal Federal, concedeu a liberdade técnica para José Dirceu. O condenado no Mensalão a 7 anos e 11 meses de prisão já pode cumprir o resto da pena em “prisão domiciliar”. Já que Dirceu fez um curso de Direito Constitucional à distância, enquanto esteve na cadeia, ganha mais credenciais ainda para colaborar, do conforto do lar, com o segundo mandato da Dilma...
Outro deboche contra a moralidade no Brasil foi a decisão da Justiça da Itália (lugar que ama pizza como nós) de não extraditar e ainda libertar o mensaleiro Henrique Pizzolato. Condenado há 12 anos e sete meses de prisão, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil fugiu do País em setembro de 2013 para não ser preso e, segundo ele, “não ser morto”. Acabou engaiolado na Itália, por ter fugido com o passaporte falso em nome de seu irmão Celso Pizzolato (morto no ano de 1978). Pizzolato vai morar na casa do sobrinho, em Maranello, enquanto o governo brasileiro faz a encenação de que apelará à Corte de Cassação em Roma contra a decisão da Corte de Apelações do Tribunal de Bolonha.
Pelo menos nesse caso, Dilma poderá tirar uma onda de que sua gestão está mantendo distância da corrupção, já que Pizzolato continuará bem longe do Brasil. Ainda poderá comemorar uma decisão de respeito aos direitos humanos (que ela alega sempre defender), pois a Justiça italiana decidiu que Pizzolato não poderia ser devolvido diante das más condições das prisões brasileiras, do estado de saúde dele e, acima de tudo, por ele ter cidadania italiana. Pizzolato, que seria um arquivo vivo sobre os esquemas no Banco do Brasil, ainda investigados pelo Ministério Público Federal, deverá manter seu silêncio até o dia do juízo final...
Perdendo o timming econômico
Reeleita, Dilma Rousseff já está perdendo o timming para escolher o ministro da Fazenda para o lugar do Guido Mantega que ela, tecnicamente, demitiu durante a campanha.
O mercado de especulação já lista oito nomes que podem substituí-lo: Aloísio Mercadante, Luiz Trabuco, Nelson Barbosa, Otaviano Canuto, Luciano Coutinho, Josué Alencar, Joaquim Levy e até o desafeto-mor de Dilma, Henrique Meirelles.
Enquanto demora para decidir este pepino, Dilma deveria lembrar que é a crise econômica quem desgasta e derruba um governo – e não as denúncias à rodo de corrupção...
Punição de mentirinha no Mensalão
Punição de mentirinha no Mensalão
Dirceu ganhou o mesmo benefício já estendido pelo STF a José Genoíno, ex-presidente do PT, a Delúbio Soares, ex-Tesoureiro do partido, a Jacinto Lamas, ex-Tesoureiro do PL (atual PR), e ao ex-deputado Bispo Carlos Rodrigues (membro da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus).
Agora, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR) quer o mesmo “direito” de cumprir o resto da pena em casa, pois já está trabalhando em um restaurante para reduzir a pena de 7 anos e dez meses.
Em 30 de janeiro, o ex-deputado João Paulo Cunha também deverá passar do regime semiaberto para o aberto, apesar de condenado a seis anos e quatro meses de prisão.
Só Marcos Valério, obrigado a um silêncio obsequioso, não deve estar gostando de ficar preso como o grande bode expiatório do Mensalão...
Luta de classes
Pior que saber que Dirceu nem um ano ficou na cadeia é ouvir o discurso estilo “luta de classes” do ministro Barroso, justificando sua decisão:
“A maior crítica que eu faria ao sistema é a de que ele é particularmente duro com os pobres e relativamente manso com os ricos. É muito mais fácil no Brasil prender um menino de 18 anos com cem gramas de maconha do que condenar um agente público, ou um empresário que tenha cometido uma fraude de R$ 1 milhão. A Justiça brasileira ainda corporifica um sistema de classes”.
O Supremo magistrado também admitiu que existe uma deficiência no sistema que, por vezes, beneficia o condenado:
“Posso achar menos bom do que o desejável, mas essa é a opção de um país que tem que investir recursos em educação, em saúde, em transporte, em saneamento. Não é que o sistema seja leniente, o sistema corresponde à capacidade econômica do país neste momento. Está longe de ser o ideal, mas talvez seja o sistema possível. O que não se pode é imputar à Justiça escolhas feitas pela sociedade brasileira. A sociedade e os seus representantes editaram uma legislação nessa linha. Não cabe ao juiz tratar desigualmente as pessoas porque a sociedade tem particular antipatia por um réu ou por outro réu”
Em resumo: quem tem coragem de dizer que o crime não compensa no Brasil?
Em resumo: quem tem coragem de dizer que o crime não compensa no Brasil?
Derrota interpretada
O deputado baiano Lúcio Vieira Lima (PMDB) foi quem muito bem interpretou a derrota do governo no Decreto 8243:
“Essa derrota é educativa. É para mostrar que o discursos do diálogo, de conversa com o Congresso Nacional, não pode ficar só na teoria, tem que acontecer na prática”.
Ou seja, a tal base aliada tem certeza de que o diálogo com Dilma é missão impossível...
Aparelhamento
A Política Nacional de Participação Social (PNPS) é um drible no Congresso, pois delega as decisões políticas para as tais “estruturas de participação” (onde os segmentos nazicomunopetralhas têm hegemonia).
O Decreto 8243 obriga órgãos da administração direta e indireta a criarem estruturas de participação social:
Conselhos de políticas públicas; comissão de políticas públicas; conferência nacional; ouvidoria pública federal; mesa de diálogo; fórum interconselhos; audiência pública; consulta pública; e ambiente virtual de participação social.
Para o espaço
Para o espaço
Foi literalmente “para o espaço” um experimento sobre o comportamento da irrigação do cérebro e do coração, em ausência de gravidade, que ajudaria no combate ao Mal de Parkinson.
Esse foi apenas um dos prejuízos com a explosão do foguete Antares que levaria a cápsula Cygnus com 2,5 toneladas de suprimentos e experimentos para a Estação Espacial Internacional.
A Nasa TV transmitiu ao vivo as imagens do acidente – que só não teve maior impacto pela falta de vítimas: a missão não era tripulada.
Voltando como um foguete...
31 de outubro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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