Em nova composição, Dilma tem mais demandas do que cargos a oferecer
A petista sofre ainda pressão do empresariado e do mercado financeiro, que jogaram contra sua reeleição, e gostariam de ter nomes nos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento que significassem mudanças das políticas econômica e industrial.
O PT, incluindo as bancadas da Câmara e do Senado, quer ser ouvido na composição da nova equipe. Petistas que acompanharam de perto a presidente durante a campanha dizem que, apesar de durona, ela “tremeu nas bases” diante do risco de derrota e agora o PT, que acha que tem crédito na vitória, vai reivindicar seus interesses no governo.
Além do cabo de guerra entre os nove partidos que compõem a coalizão e das disputas internas nas siglas, há ainda as rixas locais.
Depois de ser derrotado pelo PT para o governo do Ceará, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, por exemplo, não está nada feliz com a perspectiva de ver seu adversário local, o governador Cid Gomes (PROS) se tornar ministro da Educação.
— Vai ser a queda e o coice — diz um peemedebista sobre a situação de Eunício.
DESAFIO DE EVITAR 'MINISTÉRIO DE DERROTADOS'
Também a rondar Dilma está uma fila de políticos que perderam as eleições, ávidos para serem incorporados ao governo, mas a presidente não deve montar um ministério de derrotados, na avaliação dos próprios aliados.
O PT deve fazer reuniões na próxima semana para discutir os nomes que apresentará à presidente, contemplando as diferentes tendências do partido. A Democracia Socialista (DS), por exemplo, ocupa o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) desde 2003, mas agora seu representante no governo, Miguel Rossetto, uns dos mais próximos de Dilma, está cotado para ser deslocado para a Secretaria Geral da Presidência, que faz a articulação com os movimentos sociais.
Os integrantes da DS vão discutir se aceitam trocar o Desenvolvimento Agrário por um ministério menor, sem Orçamento para executar, ou se vão considerar a eventual ida de Rossetto para a Secretaria Geral como da cota pessoal de Dilma.
A equação no PMDB também passa pelo equilíbrio interno, no caso, o atendimento das bancadas da Câmara e do Senado, com seus respectivos caciques, além dos interesses do próprio vice-presidente Michel Temer.
Esse último tem em sua cota o ministro Moreira Franco (Aviação Civil) e gostaria de emplacar também o deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS).
Objeto de desejo de pelo menos três legendas, PMDB, PSD e PP, é o Ministério das Cidades.
Ele é atraente por ter um bom orçamento e reunir os principais programas do governo voltado aos municípios, como saneamento, habitação e mobilidade urbana.
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— É o lugar onde ele melhor pode trabalhar — disse um pessedista, que afirmou que o partido espera manter com Afif Domingos no Ministério da Micro e Pequena Empresa.
No PP, o presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira, é candidatíssimo ao mesmo posto. O ex-ministro das Cidades e deputado Agnaldo Ribeiro também pensa em voltar.
— Ciro só não será ministro se respingar algum problema nele — disse um progressista.
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O PR quer indicar novo nome para o ministério dos Transportes. Caso a presidente Dilma concorde com a substituição na pasta — o atual ministro Paulo Sérgio Passos é considerado da cota da petista —, há pelo menos quatro nomes falados.
Um deles é o do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, derrotado na disputa para o Palácio Guanabara. Ele agrada tanto ao partido quanto à presidente Dilma, por quem Garotinho trabalhou no estado durante a campanha. Os deputados Milton Monti (SP), Antonio Carlos Rodrigues (SP) e Luciano Castro (RR), mais ligados ao assunto da pasta, também são bem cotados para assumir o ministério.
Com relação ao Ministério da Cultura, dois nomes apareceram nos últimos dias. O ex-presidente José Sarney (PMDB) vem dizendo em eventos públicos que recebeu convite para assumir a pasta e que já aceitou o cargo. Não há confirmação por parte do governo nem de seu partido.
O secretário estadual de Cultura de São Paulo, Juca Ferreira, é um dos nomes mais cotados. Além de ter sido ministro de Lula e de ir com frequência ao instituto do ex-presidente, ele serviu de ponte entre a campanha pela reeleição de Dilma e os movimentos culturais de maior destaque em Rio e São Paulo.
(Colaboraram: Cristina Tartáguila e Letícia Fernandes).
31 de outubro de 2014
Fernanda Krakovics e Simone Iglesias
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