Como se os reiterados protestos oposicionistas e a acentuada deterioração da economia não constituíssem embaraço suficiente para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro agora tem de lidar com uma rebelião interna liderada por um dos principais ideólogos do "socialismo bolivariano".
Recém-demitido do Ministério do Planejamento, Jorge Giordani publicou um implacável manifesto contra Maduro. Afirma que há "uma clara sensação de vazio de poder na Presidência", acusa o mandatário de "uso dos recursos a níveis extremos" para fins eleitorais e diz ser preciso "frear" a corrupção dentro do governo.
A saída tempestuosa de Giordani escancara as divisões dentro do oficialismo desde a morte de Hugo Chávez, em março do ano passado. Tais fraturas vêm sendo agravadas pelos problemas econômicos, em particular a inflação acumulada de 60,9% até abril e o desabastecimento de diversos produtos.
Marxista ortodoxo, o ex-ministro foi destacado conselheiro econômico da Presidência desde o início do regime chavista, em 1999. Revolucionário devoto, arquitetou políticas desastrosas, como a nacionalização atabalhoada de vários setores, o tabelamento de preços e o rígido controle cambial.
Em tese, portanto, a saída de Jorge Giordani tem uma nota positiva: diminui a resistência à adoção de medidas econômicas mais moderadas por parte de Maduro.
Politicamente, porém, houve um terremoto nas fileiras chavistas. O ex-ministro da Educação Hector Navarro endossou as críticas feitas por seu colega e foi suspenso da direção do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). Com isso, já são duas lideranças dissidentes do regime a repetir ataques que até então partiam dos oposicionistas.
Desgastado internamente, Maduro sofre com a queda de popularidade. Pesquisa divulgada em maio pelo Instituto Datanálisis mostra que sua aprovação está em 37%, contra 52% em dezembro.
Assim, o governo venezuelano enfrentará dificuldades ainda piores caso leve adiante iniciativas desgastantes no curto prazo, embora necessárias, como o aumento dos combustíveis, hoje vendidos quase de graça em razão de subsídios insustentáveis.
Nicolás Maduro aos poucos percebe que as armadilhas econômicas não são as únicas criadas por seu antecessor. Ao trocar instituições por personalidades, Hugo Chávez atrelou o próprio exercício da Presidência a sua figura --um grande desserviço ao país.
Recém-demitido do Ministério do Planejamento, Jorge Giordani publicou um implacável manifesto contra Maduro. Afirma que há "uma clara sensação de vazio de poder na Presidência", acusa o mandatário de "uso dos recursos a níveis extremos" para fins eleitorais e diz ser preciso "frear" a corrupção dentro do governo.
A saída tempestuosa de Giordani escancara as divisões dentro do oficialismo desde a morte de Hugo Chávez, em março do ano passado. Tais fraturas vêm sendo agravadas pelos problemas econômicos, em particular a inflação acumulada de 60,9% até abril e o desabastecimento de diversos produtos.
Marxista ortodoxo, o ex-ministro foi destacado conselheiro econômico da Presidência desde o início do regime chavista, em 1999. Revolucionário devoto, arquitetou políticas desastrosas, como a nacionalização atabalhoada de vários setores, o tabelamento de preços e o rígido controle cambial.
Em tese, portanto, a saída de Jorge Giordani tem uma nota positiva: diminui a resistência à adoção de medidas econômicas mais moderadas por parte de Maduro.
Politicamente, porém, houve um terremoto nas fileiras chavistas. O ex-ministro da Educação Hector Navarro endossou as críticas feitas por seu colega e foi suspenso da direção do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela). Com isso, já são duas lideranças dissidentes do regime a repetir ataques que até então partiam dos oposicionistas.
Desgastado internamente, Maduro sofre com a queda de popularidade. Pesquisa divulgada em maio pelo Instituto Datanálisis mostra que sua aprovação está em 37%, contra 52% em dezembro.
Assim, o governo venezuelano enfrentará dificuldades ainda piores caso leve adiante iniciativas desgastantes no curto prazo, embora necessárias, como o aumento dos combustíveis, hoje vendidos quase de graça em razão de subsídios insustentáveis.
Nicolás Maduro aos poucos percebe que as armadilhas econômicas não são as únicas criadas por seu antecessor. Ao trocar instituições por personalidades, Hugo Chávez atrelou o próprio exercício da Presidência a sua figura --um grande desserviço ao país.
02 de julho de 2014
Editorial Folha de SP
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