O senador Aécio Neves fez que foi, mas não foi. Manteve o clima de suspense até o último minuto, deu um rasante pela cena política e ficou exatamente onde estava desde o início da aparentemente incessante busca pelo candidato a vice em sua chapa à Presidência da República.
Na batalha da comunicação, conseguiu uma proeza: ser manchete com notícia amanhecida. Na política, o senador Aloysio Nunes Ferreira já estava escolhido desde que a cúpula do partido definiu que o critério da composição da chapa não seria mais partidário como em eleições anteriores, mas regional. Isso aconteceu há meses. De lá para cá foram levantadas várias hipóteses, mas o nome do senador sempre voltava ao centro como aquele sobre o qual não pesava restrição alguma. Não havia “senões”.
E ainda a grande vantagem de o vice compensar a ausência de um candidato de São Paulo à Presidência pela primeira vez desde 1989, quando cinco representantes do estado concorreram: Lula, Mário Covas, Ulysses Guimarães, Paulo Maluf e Guilherme Afif.
O critério partidário esteve fora do radar desde o início da montagem da candidatura. O DEM, aliado tradicional, estaria de qualquer forma na coligação e não dispunha de um nome que pudesse representar ganhos concretos de votos. São Paulo e a chapa puro-sangue então pareceram a escolha óbvia. Até quando as pesquisas começaram a ficar de novo desfavoráveis para o governo. Aí os tucanos nutriram a esperança de que algum partido de peso pudesse integrar a aliança. Mas, qual, o PMDB? Houve até quem sonhasse.
Críticas do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles à política econômica e a insatisfação crescente no PSD com o PT alimentou o boato sobre uma possível escolha de Meirelles. Gilberto Kassab, porém, havia avisado que seu partido iria de Dilma e manteve a palavra.
Voltou-se, então, ao ninho: José Serra, Tasso Jereissati, Ellen Gracie e, claro, Aloysio. O senador Aécio Neves sempre deixou muito claro que ouviria os companheiros, mas que a decisão seria dele e mediante dois pesos de avaliação: o que fosse melhor para ganhar a eleição e, depois, o que não criasse dificuldades para governar em caso de vitória.
Dentro desses parâmetros, a conversa do candidato, mesmo quando cifrada, levava o interlocutor a concentrar o foco no nome de Aloysio Nunes Ferreira.
Surpreendente mesmo, só o despiste de Aécio nos últimos dias dizendo que poderia haver “surpresas”. Como diz a velha piada de mineiros: estava dizendo que ia para Barbacena só para todos pensarem que ia para Uberaba, mas ia para Barbacena mesmo.
Soma zero. O efeito desse festim licencioso entre partidos de oposição e de situação provavelmente não terá efeito algum sobre o eleitor que for às urnas no dia 5 de outubro.
A confusão de legendas que se cruzam umas com as outras é tamanha que para o público em geral é mais fácil deixar essa questão de lado do que tentar discuti-la.
Senão, vejamos. Levantamento feito no fim de semana pela Folha de S. Paulo mostra que as alianças da presidente Dilma Rousseff nos estados permitem 128 conexões partidárias; as de Aécio Neves se prestam a 87 e as de Eduardo Campos, a 52 conexões.
A tradução disso nessas expressões chulas que andam usando por aí pode até simplificar a abordagem do assunto, mas não facilita a sua compreensão. E que não se pense em contar com os políticos para organizar o quadro porque, ao mesmo tempo em que alguns denunciam a bagunça ao se sentirem prejudicados, não mexem um dedo mindinho para mudar a situação.
Ao contrário. Quando se mobilizaram foi para derrubar a decisão da Justiça que interpretou a Constituição no sentido de que o caráter nacional dos partidos os obrigava a unificar o padrão das alianças nos âmbitos federal, estadual e municipal.
Na batalha da comunicação, conseguiu uma proeza: ser manchete com notícia amanhecida. Na política, o senador Aloysio Nunes Ferreira já estava escolhido desde que a cúpula do partido definiu que o critério da composição da chapa não seria mais partidário como em eleições anteriores, mas regional. Isso aconteceu há meses. De lá para cá foram levantadas várias hipóteses, mas o nome do senador sempre voltava ao centro como aquele sobre o qual não pesava restrição alguma. Não havia “senões”.
E ainda a grande vantagem de o vice compensar a ausência de um candidato de São Paulo à Presidência pela primeira vez desde 1989, quando cinco representantes do estado concorreram: Lula, Mário Covas, Ulysses Guimarães, Paulo Maluf e Guilherme Afif.
O critério partidário esteve fora do radar desde o início da montagem da candidatura. O DEM, aliado tradicional, estaria de qualquer forma na coligação e não dispunha de um nome que pudesse representar ganhos concretos de votos. São Paulo e a chapa puro-sangue então pareceram a escolha óbvia. Até quando as pesquisas começaram a ficar de novo desfavoráveis para o governo. Aí os tucanos nutriram a esperança de que algum partido de peso pudesse integrar a aliança. Mas, qual, o PMDB? Houve até quem sonhasse.
Críticas do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles à política econômica e a insatisfação crescente no PSD com o PT alimentou o boato sobre uma possível escolha de Meirelles. Gilberto Kassab, porém, havia avisado que seu partido iria de Dilma e manteve a palavra.
Voltou-se, então, ao ninho: José Serra, Tasso Jereissati, Ellen Gracie e, claro, Aloysio. O senador Aécio Neves sempre deixou muito claro que ouviria os companheiros, mas que a decisão seria dele e mediante dois pesos de avaliação: o que fosse melhor para ganhar a eleição e, depois, o que não criasse dificuldades para governar em caso de vitória.
Dentro desses parâmetros, a conversa do candidato, mesmo quando cifrada, levava o interlocutor a concentrar o foco no nome de Aloysio Nunes Ferreira.
Surpreendente mesmo, só o despiste de Aécio nos últimos dias dizendo que poderia haver “surpresas”. Como diz a velha piada de mineiros: estava dizendo que ia para Barbacena só para todos pensarem que ia para Uberaba, mas ia para Barbacena mesmo.
Soma zero. O efeito desse festim licencioso entre partidos de oposição e de situação provavelmente não terá efeito algum sobre o eleitor que for às urnas no dia 5 de outubro.
A confusão de legendas que se cruzam umas com as outras é tamanha que para o público em geral é mais fácil deixar essa questão de lado do que tentar discuti-la.
Senão, vejamos. Levantamento feito no fim de semana pela Folha de S. Paulo mostra que as alianças da presidente Dilma Rousseff nos estados permitem 128 conexões partidárias; as de Aécio Neves se prestam a 87 e as de Eduardo Campos, a 52 conexões.
A tradução disso nessas expressões chulas que andam usando por aí pode até simplificar a abordagem do assunto, mas não facilita a sua compreensão. E que não se pense em contar com os políticos para organizar o quadro porque, ao mesmo tempo em que alguns denunciam a bagunça ao se sentirem prejudicados, não mexem um dedo mindinho para mudar a situação.
Ao contrário. Quando se mobilizaram foi para derrubar a decisão da Justiça que interpretou a Constituição no sentido de que o caráter nacional dos partidos os obrigava a unificar o padrão das alianças nos âmbitos federal, estadual e municipal.
02 de julho de 2014
Dora Kramer, O Estadão
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