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O principal líder luterano brasileiro, que também é um dos cabeças do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), com sede na Suíça, está agora afirmando que a “certidão de óbito” da Teologia da Libertação é prematura.
Entre suas muitas heresias, a Teologia da Libertação se esforçou para reinterpretar Cristo não como Salvador do mundo, mas como revolucionário político da espécie de Che Guevara.
Comentário de Julio Severo:
Boa parte deste artigo é importante, mas o autor mostra uma visão limitada quando afirma: “A maioria dos cristãos na América Latina nunca aceitou as tentativas da Teologia da Libertação de sequestrar o Cristianismo.” Pelo menos no Brasil, as ações da Teologia da Libertação não se limitaram simplesmente a tentativas. O próprio Lula já confessou que o PT nunca teria chegado ao poder se as bases da Igreja Católica no Brasil não tivessem dado apoio. O fundador da CNBB, Dom Hélder Câmara, era conhecido como cardeal vermelho.
Mas o presente traz preocupações maiores. O Papa Francisco, que veio da Argentina, tem recebido elogios regulares de Leonardo Boff, da Teologia da Libertação. Fontes católicas confiáveis me informaram que, muito antes de ser papa, Francisco já se batia com líderes católicos conservadores. Hoje, ele é a personalidade mais importante para grandes publicações esquerdistas, inclusive a maior revista gay do mundo, que o escolheu como “Personalidade do Ano.” Obama, que veio de uma igreja protestante da Teologia da Libertação Negra, está em seu segundo mandato nos EUA.
A Teologia da Libertação Palestina ameaça saquear a herança judaica de Jesus e enganar os cristãos com uma suposta identidade palestina, com um Jesus falsificado oprimido por Israel. No Brasil, a Teologia da Missão Integral (que de acordo com Ariovaldo Ramos é a versão protestante da marxista Teologia da Libertação) parece estar saindo de sua redoma de igrejas protestantes históricas para se introduzir pioneiramente nas igrejas neopentecostais. Recentemente, a Igreja Batista da Lagoinha realizou o primeiro congresso neopentecostal de Teologia da Missão Integral no Brasil. Essas amostras indicam que a Teologia da Libertação está longe de morrer e seu fortalecimento mostra que tudo está sendo preparado para a Nova Ordem Mundial e o Anticristo. Quanto ao líder luterano brasileiro mencionado no artigo, embora sua influência no Conselho Mundial de Igrejas seja enorme, na Igreja Evangélica Brasileira, que é majoritariamente pentecostal, o esquerdismo dele não representa nada.
De maior preocupação, que não recebeu o devido tratamento pelo autor, é o avassalador poder esquerdista da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Por exemplo, o autor diz: “Graças a Deus, a maior parte das campanhas da Teologia da Libertação se desmoronou, com a exceção notável do Oriente Médio.” Com exceção também, devo acrescentar, do Brasil, pois ao contrário do que ele diz, a Teologia da Libertação está viva e muito bem de saúde na CNBB, que tem vasto controle sobre as congregações católicas do Brasil. Vive muito melhor, é claro, no Conselho Mundial de Igrejas, a maior entidade ecumênica protestante do mundo.
Eis agora o texto completo, escrito originalmente em 2009, de Mark Tooley:
O aniversário de 20 anos do colapso do Muro de Berlim deveria levar os líderes cristãos a pedir desculpas pela Teologia da Libertação, que tentou mesclar marxismo com Cristianismo, e alinhou organizações cristãs ao bloco soviético. A América Latina nas décadas de 1970 e 1980 foi o principal solo produtivo dos adeptos dessa teologia, onde católicos e protestantes esquerdistas afirmavam que a ideologia de Fidel Castro e dos sandinistas era um arauto do Reino de Deus.
Graças a Deus, a maior parte das campanhas da Teologia da Libertação se desmoronou, com a exceção notável do Oriente Médio, onde prelados ocidentais e palestinos ainda tentam retratar Israel como o opressor colonial e os palestinos como as vítimas do imperialismo. Mas o principal líder luterano brasileiro, que também é um dos cabeças do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) com sede na Suíça, está agora afirmando que a “certidão de óbito” da Teologia da Libertação é prematura.
A maior parte dos cristãos brasileiros são católicos ou pentecostais, de modo que Walter Altmann, como presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, representa apenas uma pequena parte das igrejas do Brasil. Mas como moderador do Comitê Central — um nome convenientemente autoritário — do CMI, o Rev. Altmann presumivelmente representa alguns esquerdistas protestantes da Europa e EUA que ainda sonham com a luta de classes.
“Desde a queda do Muro de Berlim, foram muitos os críticos que se precipitaram a declarar a morte da teologia da libertação,” Altmann lamentou numa recente coluna para o CMI. “A maioria o fez porque viu nela apenas uma apologia do socialismo do caduco estilo soviético. No entanto, esse certificado de morte parece ter sido emitido prematuramente.”
Altmann admitiu que os teólogos da Teologia da Libertação utilizaram “categorias marxistas para a análise socioeconômica e a crítica dos males do capitalismo.” Mas ele, um tanto que defensivamente, insistiu em que o “o marxismo nunca foi o elemento central da teologia da libertação.” Ao que parece, foi apenas coincidência que os teólogos da Teologia da Libertação nunca tiveram muito interesse em libertar a Cuba comunista ou a Nicarágua sob o regime sandinista, pois presumivelmente já estavam “libertos.”
Em vez de marxismo, declarou que a Teologia da Libertação era meramente a “a empatia com os pobres e com sua luta pela justiça, inspiradas na vida e nos ensinamentos de Jesus.” Supostamente, os adeptos dessa teologia estavam apenas pedindo que os cristãos fossem fiéis ao Evangelho ao derrubar injustas estruturas sociais e econômicas. De acordo com Altmann, “O fundamento espiritual e a motivação da teologia da libertação estão enraizados no encontro — que muda a vida — com Cristo como libertador e com nosso próximo necessitado,” cujos sofrimento é resultado de “opressão e das injustiças sistemáticas.”
Entre suas muitas heresias, a Teologia da Libertação se esforçou para reinterpretar Cristo não como Salvador do mundo, mas como revolucionário político da espécie de Che Guevara. Em vez de aceitarem a compreensão cristã ortodoxa da natureza humana e do mundo como naturalmente caídos, os utópicos da Teologia da Libertação afirmavam que dava para se aperfeiçoar a humanidade e que só o capitalismo e o imperialismo injetavam artificialmente sofrimentos ao mundo que, em outras circunstâncias, eram evitáveis. A “libertação” política e econômica livrariam permanentemente a humanidade da opressão e infelicidade. A revolução, não a salvação, era a resposta.
A maioria dos cristãos na América Latina, até mesmo ao lutar contra ditadores direitistas da década de 1970, nunca aceitou as tentativas da Teologia da Libertação de sequestrar o Cristianismo. Mas as elites protestantes, educadas em universidades da Europa e dos EUA, de forma determinística insistiam em que a Teologia da Libertação era o futuro. Algumas dessas elites ainda sobrevivem, muitas delas em cargos em instituições ocidentais de ensino ou agarradas a cargos em decadentes organizações protestantes, como o Rev. Altmann.
Procurando uma brisa para ressuscitar a implodida Teologia da Libertação, Altmann afirmou que a “recente crise financeira internacional, ocasionada pelas forças desenfreadas de um capitalismo governado pela avareza e pelos interesses privados e empresariais, o número de pobres — ou melhor dito, de empobrecidos — no mundo aumentou em centenas de milhões.” Essa é apenas uma verdade parcial, pois o crescimento econômico do livre mercado dos últimos 25 anos, simultâneo com o colapso do comunismo, realmente ergueu centenas de milhões no mundo inteiro da pobreza crônica para a classe média ou perto dela.
Altmann celebrou que a Teologia da Libertação havia influenciado fortemente o movimento ecumênico e o CMI durante as décadas de 1970 e 1980. Ele não conseguiu admitir que o declínio internacional do movimento ecumênico liderado pelo Ocidente também é paralelo a essa influência, pois o Cristianismo mundial, sob o protestantismo evangélico, se fortaleceu no Sul, principalmente o pentecostalismo, e o catolicismo romano ortodoxo. Em vez disso, ele saudou as lutas do movimento ecumênico contra as velhas ditaduras latino-americanas e contra o apartheid na África do Sul. Ele preferiu não reconhecer que o colapso de autoritários direitistas na América do Sul, com o velho regime racista da África do Sul, ocorreu de modo simultâneo ao colapso da União Soviética e à expansão da democracia em seu rastro, facilitado em parte pela influência e confiança dos EUA redespertados.
Sem perder o ânimo e vivendo em sua própria bolha teológica e política, Altmann insistiu em que a Teologia da Libertação nunca foi “estática” e simplesmente, de forma criativa, se transformou em novas ênfases, como “povos indígenas, racismo, desigualdades de gênero e ecologia.” De acordo com o luterano brasileiro, “Na atualidade, a teologia da libertação também se ocupa da interpretação das culturas e de questões antropológicas como, por exemplo, da tentação do poder. O empenho por conseguir uma sociedade mais justa na qual haja “lugar para todos” persiste, mas a forma de chegar a ela passou a ser através da ação da sociedade civil.” Em outras palavras, a Teologia da Libertação não mais é tanto sobre movimentos de guerrilhas quanto é sobre irados comícios antiglobalização ou, de forma mais agressiva, o populismo esquerdista na América Latina.
Esse é o jeito de Altmann explicar que a Teologia da Libertação essencialmente se redefiniu para incluir qualquer luta contra os mercados livres, a democracia constitucional e a Civilização Ocidental tradicional. Não mais especificamente promovendo a revolução marxista, a Teologia da Libertação agora é quase inteiramente uma força negativa, definida mais pelo que é contra do que pelo que é a favor. Altmann entusiasmou-se que a Teologia da Libertação está hoje de modo vibrante moldando os “esforços políticos latino-americanos dirigidos ao estabelecimento de um modelo de democracia que supere a pobreza e as injustiças sociais,”
citando os presidentes esquerdistas do Brasil, Bolívia, Equador, Nicarágua e Paraguai. Supostamente, todos esses presidentes têm “íntimo contato” com os teólogos da Teologia da Libertação, afirmou ele.
Note que Altmann omitiu Hugo Chávez, mas não os discípulos do homem forte da Venezuela, dessa lista de líderes políticos da Teologia da Libertação na América Latina. Será que um texto do CMI não teria coragem de aplaudir especificamente Chávez? Se esse é o caso, a Teologia da Libertação no estilo do CMI perdeu parte de sua determinação. Outrora, a Teologia da Libertação demonstrava muito mais confiança. A versão diluída que Altmann tem de uma força revolucionária outrora potente prova que a Teologia da Libertação é em grande parte apenas uma memória que idosos prelados esquerdistas guardam com carinho da luta de classes.
06 de janeiro de 2014
Julio Severo
Da FrontPage Magazine: Resurrecting Liberation Theology
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