"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O OUTONO DA PROCISSÃO DE ESPANTOS

           A famiglia Sarney

     brasil6a

PUBLICADO EM 21 DE JUNHO DE 2009

Seria um outono extraordinário, pressentiram os brasileiros quando  a chuva de atos secretos e parentes pedintes começou a cair e o maranhense José Sarney, presidente do Senado e ficcionista imortal, tirou do bolso do jaquetão um vivente chamado Epitácio Cafeteira.

Era o mais velho dos senadores, e continuaria a sê-lo até o fim dos tempos, porque o donatário da capitania hereditária do Maranhão lhe estendera a graça de jamais morrer em troca da garantia de emprego e vida mansa para o neto do chefe, as sobrinhas da mulher do chefe, as agregadas do genro do chefe, o irmão menos esperto do chefe, a candidata a miss que o filho do chefe emprenhou e quem mais o chefe mandasse.

Seria um outono assombroso, certificaram-se os brasileiros quando apareceu na procissão de espantos um certo Amaury de Jesus Machado, 51 anos, que em 2003 passou a ganhar do Senado R$ 12 mil por mês, somados salários, gratificações e penduricalhos de praxe, para fingir que era motorista a serviço dos pais da pátria enquanto trabalhava como mordomo na casa de Roseana Sarney em Brasília.

A filha era mais criativa que o pai, descobriu o Brasil ao saber que Amaury de Jesus tinha o apelido de Secreta, o que obrigou o senador que jurava nunca ter visto um ato secreto a admitir que pelo menos esse Secreta não só conhecia faz tempo como vivia encontrando. Como não topar com frequência com o servidor da nação que, além de general dos serviçais da mansão no Lago Sul,  conquistou ainda moço a patente de cabo eleitoral da família?
Como fazer de conta que nunca vira o homem que tinha acabado de completar 10 dias de vigília no hospital em São Paulo, ao lado do leito da patroa que convalescia da operação para assumir o governo do Estado?
Os dois sempre foram muito ligados, ele era afilhado dela, explicou Roseana.

E enfim o Brasil entendeu por que o presidente da República tinha avisado que José Sarney deve ser tratado como uma pessoa incomum. 
Não pode ser gente como a gente o pai de uma filha que com 6 anos, idade em que todas as crianças comuns são afilhadas,  já era madrinha e guardava na cabeça o presente para o protegido.
Ele seria o motorista mais bem pago da história do Maranhão. Mas pago com o dinheiro dos brasileiros comuns.

09 de janeiro de 2014
in Augusto Nunes, Veja

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