"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

CINQUENTA ANOS DEPOIS

                         
          Artigos - Governo do PT 
Em 1964 tivemos um golpe preventivo contra as forças que queria implantar o marxismo-leninismo entre nós.
A partir de 1974, o Itamaraty foi caminhando para a esquerda, de maneira que não cabe distinguir a diplomacia hoje – antiamericana e mesmo anticapitalista – daquela levada a efeito por Azeredo da Silveira.

Neste ano serão completados cinquenta anos do movimento cívico-militar que depôs João Goulart. José Serra, como um dos derrotados, à época, e, depois, vitorioso após a abertura política, publicou artigo notavelmente equivocado sobre a efeméride (1964 - As ilusões do autoritarismo). Parece ignorar as causas remotas e recentes do que chamou de Golpe.


A primeira pergunta que precisa ser respondida é: que forças foram contidas pelos militares em 1964? Desde a Intentona Comunista de 1935 ficou claro que brasileiros acumpliciados com os imperialistas de Moscou queriam implantar uma ditadura comunista por aqui, nos moldes que se via pelo mundo. Por essa época ocorreu a revolução comunista chinesa, que se prolonga até hoje. O Brasil poderia ter seguido o mesmo destino se os subversivos fossem bem sucedidos.

A estratégia soviética era fazer o confronto com o Ocidente. Depois da II Guerra a coisa se transformou na Guerra Fria. Com a revolução cubana, o quadro se agravou nas Américas. Não ao acaso a reação em muitos países foi o golpe militar preventivo.

Em 1964 tivemos um golpe preventivo contra as forças que queria implantar o marxismo-leninismo entre nós. O próprio José Serra, enquanto presidente da UNE, foi peão no tabuleiro dessa tentativa de golpe. O que os militares conseguiram foi adiar por duas décadas o movimento agora vitorioso no Brasil, de coletivização crescente e de monopólio do poder por forças esquerdistas.

A ladainha lacrimosa e sentimentalista das esquerdas em torno da questão dos direitos humanos não pode esconder o fato cristalino de que se tratou de uma reação, com grande apoio popular e da sociedade civil, contra a esquerdização do governo brasileiro. Interessante é que as esquerdas aprenderam no processo. Como, depois da queda do Muro de Berlim, a marca ‘Partido Comunista’ desgastou-se, tivemos no Brasil o surgimento de partidos sucedâneos, que, em maior ou menor grau, endossam e põem em prática o programa do antigo PCB. O principal desses herdeiros é o PT, partido que é uma grande frente, unindo intelectuais militantes e sindicalistas.

Por que o PT foi aceito pelos brasileiros, enquanto o PCB foi escorraçado? Essa é a pergunta chave a ser respondida. Não obstante endossar o programa comunista do Partidão, o PT foi além, ao fundar o Foro de São Paulo. A proposta não mais é alinhar, ou submeter, o país a alguma potência estrangeira, mas, pelo contrário, é transformar o Brasil no centro de comando político sobre a América Latina. Brasília seria a capital desse novo ordenamento de forças.

Ao assumir essa ideia, o PT eliminou as resistências que ainda havia nas Forças Armadas contra o esquerdismo. As Forças Armadas nunca repudiaram o esquerdismo enquanto tal, elas que foram moldadas nas teses modernistas do positivismo e acalentaram sempre o sonho do Brasil potência. Para elas, o Estado, e não o povo, é o protagonista do processo histórico. Tanto é que os governos militares, especialmente o de Ernesto Geisel, foram estatistas em alto grau. E também apoiaram intervenções cubanas na África. A partir de 1974, o Itamaraty foi caminhando para a esquerda, de maneira que não cabe distinguir a diplomacia hoje – antiamericana e mesmo anticapitalista – daquela levada a efeito por Azeredo da Silveira.

Essa é a novidade histórica que deu legitimidade para que o PT chegasse ao poder e lá permanecesse. José Serra, na sua miopia e na ânsia de fazer propaganda contra o regime militar, não consegue ver os fatos óbvios.

09 de janeiro de 2014
Nivaldo Cordeiro

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