"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

ROMÁRIO: CONGRESSO, A MAIORIA É DO MAL... É CONTRÁRIA AO QUE O POVO PRECISA

Recém-empossado presidente do PSB no Rio, o deputado federal se divide agora entre o Congresso e a organização do partido no estado
O deputado federal Romário com o presidente do PSB, Eduardo Campos Foto: Arquivo O Globo
O deputado federal Romário com o presidente
do PSB, Eduardo Campos Arquivo O Globo

Recém-empossado presidente do PSB no Rio, o deputado federal Romário se divide agora entre o Congresso e a organização do partido no estado. A presidência foi oferecida a ele para que voltasse ao PSB, depois de ter deixado o partido por incompatibilidade com o então presidente da sigla no Rio, Alexandre Cardoso, prefeito de Caxias.
 
- Não fiz parte do processo de expulsão. Mas o que ele fez (apoiar o governador Sérgio Cabral em detrimento do PSB) não é digno de presidente de partido. Foi infidelidade partidária - diz Romário, que acredita ainda ser "muito cedo" para definir alianças no estado: -Hoje, nem o (Eduardo) Campos (presidente do partido) pode dizer com quem faremos aliança.
 
Quase três anos após ter sido eleito com mais de 146 mil votos, Romário falou ao GLOBO sobre ter tido "receio de perder a idolatria', disse que "político só anda se tiver bandeiras", explicou porque deixou o PSB e voltou menos de dois meses depois, falou em reeleição e disse ter aprendido a "ser político" e concluído que, no Congresso, "a maioria é do mal":
 
- Aprendi a ouvir coisas que não vão beneficiar o povo e a ter que engolir. Voto no que acredito. Mas aqui (no Congresso), o mal prevalece. Compro as brigas que acho que devo comprar, mesmo sabendo que vou perder. No Congresso, a maioria é do mal...
 
Que balanço o senhor faz do que já aprendeu no Congresso?
Aprendi a ser político. Aprendi a ouvir coisas que não vão beneficiar o povo e a ter que engolir. Voto no que acredito. Mas aqui (no Congresso), o mal prevalece. Compro as brigas que acho que devo comprar, mesmo sabendo que vou perder. No Congresso, a maioria é do mal... A maioria é contrária ao que o povo precisa. Pode ser que o bem prevaleça lá para frente...
 
O senhor foi convidado a se filiar ao PSB...
Tenho consciência de ser puxador de voto. Mas quando aceitei, aceitei para ganhar. Eu não sabia o que me esperava, mas tenho sido feliz. Acredito que a maioria confia em mim. Eu tinha receio de perder a idolatria. Mas me sinto mais ídolo do que antes, porque me respeitam como homem público. Eu jogava, falava e cumpria. Agora, é assim também.
 
O senhor abraçou algumas bandeiras, tornou-se crítico ferrenho dos gastos com a Copa.
Político só anda se tiver bandeiras, mas não adianta ter 50. Tem que ter foco no que vai fazer. Cheguei com uma bandeira, a dos deficientes, e agora são cinco: combate ao crack, deficientes, Hip Hop, doenças raras e a fiscalização combativa dos gastos com a Copa. Sobre a Lei da Copa, eu gostaria que alguns artigos não tivessem sido aprovados, que os gastos não fossem absurdos e fora da realidade do país. Mas (no Congresso) tem muito mais interesse de lobby do que do povo. E eu tenho que votar em outros projetos (além dos que defendo) por obrigação. Então, tento me inteirar para votar no que é positivo para o povo.
 
Por que o senhor decidiu deixar o PSB?
Eu me sentia engessado pelo partido. Se uma pesquisa mostrasse que eu poderia concorrer ao Senado, que era bem cotado, mesmo assim não poderia. Ia sempre ser deputado, não podia ser senador, prefeito, vice-governador, nada. Com o acordo com o PMDB, seria sempre deputado. Foi o que me fez sair.
 
E por que voltou?
Porque passei a ter liberdade para decidir como vir em cada eleição: deputado, senador, vice, governador. Se estiver bem colocado na pesquisa, posso decidir. Também assumi a presidência no Rio. E, como presidente, posso dar essa liberdade de ação a todos. Se existe a vontade de um deputado estadual se candidatar a outro cargo, a gente senta, dialoga.
 
O que mais o senhor pretende à frente da presidência?
Quero reunir os 92 diretórios do estado e convidar a Marina (Silva, recém filiada ao PSB) e o (Eduardo) Campos (presidente nacional do partido) para participar. Eu nunca havia sido convidado para nenhuma reunião e quero mudar isso, quero reunir as pessoas no dia 9 de novembro. Já no ano que vem, em fevereiro, provavelmente, vou visitar os 91 municípios para conhecer o PSB nesses locais e também as pessoas. Me importo com o corpo a corpo, é muito fácil usar telefone, fax, internet, mas ir ao local é mais intimista. As pessoas hoje esperam algo diferente do PSB, e é preciso entender o que o partido precisa em cada cidade.
 
Logo depois do senhor assumir, o PSB se desvinculou do PMDB. Como tem visto o governo Cabral?
É um governo falido. Desrespeita as classes C, D e E ao usar dinheiro público para andar de helicóptero. Já passou do limite da decência, do respeito. Sei que foi um governo positivo durante um tempo. Mas nos últimos dois anos, o Cabral pessoa física superou o Cabral governador.
 
E o governo Dilma?
De 0 a 10, dou nota 6. Mas já teve nota 8. O PT faz a velha política. Claro que tem coisas, como Mais Médicos, que respeito. Mas respeito porque as pessoas estão sendo beneficiadas.
 
O senhor já se reuniu com Marina?
Não. Eu me apresentei a ela naquele sábado da filiação ao partido. Foi rápido. Seria uma honra para mim sentar e conversar com ela.
 
A ex-senadora sugeriu o nome do deputado federal Miro Teixeira (PROS) para o governo do Rio.
Marina simpatiza muito com ele e eu também. Mas isso não significa aliança e ainda é muito cedo para decidir. Nós vamos estudar o que é melhor para o Rio e para o PSB.
 
O senhor declarou que simpatiza também com o Lindbergh Farias, pré-candidato petista...
Simpatizo. Sempre me dei bem com ele, com o Miro, com o Garotinho, com o Crivella. Isso não significa coligar, não é aliança. Hoje, nem o (Eduardo) Campos (presidente do partido) pode dizer com quem faremos aliança no Rio.
 
O senhor pode vir a ser o candidato do PSB ao governo do Rio?
Tenho consciência que não tenho vasta experiência política para ser governador do Rio. Mas não tinha experiência quando cheguei ao Congresso. Com um grupo de trabalho sério e vontade de fazer o bem, pode-se trazer benefícios (para o povo). Eu não tenho a experiência dos que vão se candidatar, não tenho a experiência do (Anthony) Garotinho, do (Luiz Fernando) Pezão e do Lindbergh, que já estiveram em cargos no Executivo. Mas se lá na frente, eu for candidato ao governo, tenho certeza que não vou decepcionar.
 
E o senhor vai ser?
Hoje, 80% de chance de tentar a reeleição como candidato a deputado federal. E 20% de chance de tentar concorrer para o Senado. Mas política é muito dinâmica, tudo pode mudar.

18 de outubro de 2013
Carolina Benevides - O Globo

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