A adoção de cotas raciais para o ingresso em universidades federais brasileiras, obrigatória desde a sanção da Lei de Cotas, em 2012, não se limita aos cursos de graduação. Este ano, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aderiu a essa medida em seleções de mestrado e doutorado.
O processo de seleção para a turma de 2014 da pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da universidade já prevê a reserva de parte das vagas para índios e negros (saiba mais no site da instituição).
Já na Universidade de Brasília (UnB), uma proposta para a reserva de 20% das vagas de mestrado e doutorado para negros no departamento de Sociologia aguarda o aval do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade para ser aprovada.
O sociólogo Demétrio Magnoli, autor de “Uma gota de sangue – História do pensamento racial” (Contexto, 2009), não se espanta com a adoção de cotas raciais em cursos posteriores à graduação. Para ele, essa decisão só surpreende quem acreditava no argumento de que “as cotas na graduação foram criadas para corrigir um desequilíbrio educacional prévio”.
“A pós-graduação é para quem já é graduado e, em tese, não sofre mais desvantagens educacionais”, completa.
Magnoli, que há uma década estuda o tema, observa que a adoção de cotas não passa de uma estratégia política. “A ideia é introduzir o conceito de raça na legislação e na consciência da população, fazendo, com a força da lei, as pessoas se definirem em termos raciais e assumirem identidades raciais. Mas o objetivo final é formar clientela política para lideranças de raça”, pondera.
A origem do problema
O cientista político Bruno Garschagen afirma que as cotas para pós-graduação não contribuem para reverter os problemas da educação no país. “Importamos dos Estados Unidos uma solução para problemas diferentes”, opina. O especialista do Instituto Millenium lembra do descaso com a situação dos ensinos fundamental e médio no Brasil.
“O governo federal não quer resolver o problema real, que envolve alterar o modelo de concentração dos recursos dos tributos no caixa da União. As prefeituras é que deveriam ter acesso aos recursos para investir na formação básica. Assim, continuaremos sendo pautados pelos políticos e burocratas nas questões secundárias, sem resolver os problemas principais”, aponta.
Garschagen comenta ainda que a cota estatal cria um embate entre beneficiados, prejudicados e críticos do modelo. “Essa política estabelece uma hostilidade dentro da sociedade e desvia a atenção da questão fundamental: por que as cotas são necessárias?”, conclui.
18 de outubro de 2013
IMIL
Já na Universidade de Brasília (UnB), uma proposta para a reserva de 20% das vagas de mestrado e doutorado para negros no departamento de Sociologia aguarda o aval do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade para ser aprovada.
O sociólogo Demétrio Magnoli, autor de “Uma gota de sangue – História do pensamento racial” (Contexto, 2009), não se espanta com a adoção de cotas raciais em cursos posteriores à graduação. Para ele, essa decisão só surpreende quem acreditava no argumento de que “as cotas na graduação foram criadas para corrigir um desequilíbrio educacional prévio”.
“A pós-graduação é para quem já é graduado e, em tese, não sofre mais desvantagens educacionais”, completa.
Magnoli, que há uma década estuda o tema, observa que a adoção de cotas não passa de uma estratégia política. “A ideia é introduzir o conceito de raça na legislação e na consciência da população, fazendo, com a força da lei, as pessoas se definirem em termos raciais e assumirem identidades raciais. Mas o objetivo final é formar clientela política para lideranças de raça”, pondera.
A origem do problema
Bruno Garschagen |
O cientista político Bruno Garschagen afirma que as cotas para pós-graduação não contribuem para reverter os problemas da educação no país. “Importamos dos Estados Unidos uma solução para problemas diferentes”, opina. O especialista do Instituto Millenium lembra do descaso com a situação dos ensinos fundamental e médio no Brasil.
“O governo federal não quer resolver o problema real, que envolve alterar o modelo de concentração dos recursos dos tributos no caixa da União. As prefeituras é que deveriam ter acesso aos recursos para investir na formação básica. Assim, continuaremos sendo pautados pelos políticos e burocratas nas questões secundárias, sem resolver os problemas principais”, aponta.
Garschagen comenta ainda que a cota estatal cria um embate entre beneficiados, prejudicados e críticos do modelo. “Essa política estabelece uma hostilidade dentro da sociedade e desvia a atenção da questão fundamental: por que as cotas são necessárias?”, conclui.
18 de outubro de 2013
IMIL
Nenhum comentário:
Postar um comentário