Por que não te calas, Mantega?
Guido Mantega tornou-se celebridade mundial no campo das finanças por causa de suas profecias que nunca se confirmam. Mas o ministro da Fazenda de Dilma parece não estar satisfeito com o lugar que já conquistou no anedotário econômico. Ele agora quer dar aula de economia e reescrever a história. Deveria se calar.
O Estado de S.Paulo publica em sua edição de hoje declarações de Mantega que seriam risíveis se não fossem trágicas e graves. O ministro convocou repórteres para reagir a uma entrevista dada por Armínio Fraga e publicada ontem no mesmo jornal. Nela, o ex-presidente do Banco Central fez as críticas que todos vêm fazendo à política errática e equivocada de Mantega.
Segundo Armínio, o governo petista intervém em excesso na economia, comete barbeiragens na condução da política econômica, isola o Brasil do resto do mundo e, principalmente, tem sido responsável por produzir um ambiente de instabilidade, com juros altos, inflação renitentemente elevada e frouxidão fiscal.
"O governo continua, até prova do contrário, com uma postura geral muito fechada, antiquada. Repetindo muita coisa que a gente já viveu, principalmente nos anos 70, no governo Geisel. Um modelo com foco nas estatais, e com a economia bastante fechada. Não levo fé nesse governo como fórmula para o nosso sucesso a longo prazo. Ao contrário, acho que, se não for modificado, vai nos dar dor de cabeça", afirmou o ex-presidente do BC, com polidez até demais para o alto nível de mediocridade que grassa na gestão federal.
Guido Mantega tornou-se celebridade mundial no campo das finanças por causa de suas profecias que nunca se confirmam. Mas o ministro da Fazenda de Dilma parece não estar satisfeito com o lugar que já conquistou no anedotário econômico. Ele agora quer dar aula de economia e reescrever a história. Deveria se calar.
O Estado de S.Paulo publica em sua edição de hoje declarações de Mantega que seriam risíveis se não fossem trágicas e graves. O ministro convocou repórteres para reagir a uma entrevista dada por Armínio Fraga e publicada ontem no mesmo jornal. Nela, o ex-presidente do Banco Central fez as críticas que todos vêm fazendo à política errática e equivocada de Mantega.
Segundo Armínio, o governo petista intervém em excesso na economia, comete barbeiragens na condução da política econômica, isola o Brasil do resto do mundo e, principalmente, tem sido responsável por produzir um ambiente de instabilidade, com juros altos, inflação renitentemente elevada e frouxidão fiscal.
"O governo continua, até prova do contrário, com uma postura geral muito fechada, antiquada. Repetindo muita coisa que a gente já viveu, principalmente nos anos 70, no governo Geisel. Um modelo com foco nas estatais, e com a economia bastante fechada. Não levo fé nesse governo como fórmula para o nosso sucesso a longo prazo. Ao contrário, acho que, se não for modificado, vai nos dar dor de cabeça", afirmou o ex-presidente do BC, com polidez até demais para o alto nível de mediocridade que grassa na gestão federal.
Alguém há de discordar do que disse Armínio? Apenas Mantega. O homem da bola de cristal que nunca consegue prever o futuro com acuidade agora prefere usar suas ferramentas para rever o passado com maldade, ou, mais provavelmente, com má-fé mesmo.
Num rosário de críticas infames ao governo do PSDB ("se os tucanos estivessem à frente da economia brasileira durante a explosão da crise mundial, em 2008, o Brasil teria quebrado"), o ministro afirma que, na gestão do presidente Fernando Henrique, os juros eram mais altos e a inflação também. Esquece-se, porém, de mencionar que as condições de ontem e de agora são muito, muito distintas.
Naquela época, os juros estavam altos não apenas no Brasil, mas no mundo todo, em meio a turbulências que produziram quatro crises globais em série no curto período de oito anos.
Situação bem diferente da atual, em que o ambiente econômico foi, durante anos, de céu de brigadeiro e em que bastou uma crise se instalar para o país, sob a gestão petista, perder completamente o rumo. Hoje, enquanto as principais economias praticam juros negativos, o Brasil de Mantega exibe a mais alta taxa de todo o mundo.
Mas o ministro vai mais longe e posa de paladino do combate à inflação.
Num rosário de críticas infames ao governo do PSDB ("se os tucanos estivessem à frente da economia brasileira durante a explosão da crise mundial, em 2008, o Brasil teria quebrado"), o ministro afirma que, na gestão do presidente Fernando Henrique, os juros eram mais altos e a inflação também. Esquece-se, porém, de mencionar que as condições de ontem e de agora são muito, muito distintas.
Naquela época, os juros estavam altos não apenas no Brasil, mas no mundo todo, em meio a turbulências que produziram quatro crises globais em série no curto período de oito anos.
Situação bem diferente da atual, em que o ambiente econômico foi, durante anos, de céu de brigadeiro e em que bastou uma crise se instalar para o país, sob a gestão petista, perder completamente o rumo. Hoje, enquanto as principais economias praticam juros negativos, o Brasil de Mantega exibe a mais alta taxa de todo o mundo.
Mas o ministro vai mais longe e posa de paladino do combate à inflação.
É tudo o que Mantega não deveria fazer. Ou melhor, não pode fazer.
Talvez ele se esqueça de que - como "assessor econômico" de Lula entre 1993 e 2002, conforme expõe em seu currículo oficial - tenha sido um dos artífices da raivosa oposição que o PT empreendeu contra o Plano Real, a iniciativa vitoriosa que extirpou a hiperinflação que por anos manietou o país e massacrou os brasileiros, principalmente os mais pobres.
Mantega também talvez prefira que ninguém se lembre de que o principal motivo para o estouro da inflação no fim do governo Fernando Henrique foi o temor diante das propostas que o PT acalentou durante anos para a economia e que tinham nele seu principal formulador - foi preciso Antonio Palocci escanteá-lo na função para que o receio se dissipasse e o partido chegasse à vitória.
Voltando ao presente, Mantega talvez pudesse olhar para o próprio umbigo para reconhecer que a situação não anda bem. Ou poderia simplesmente ter lido a ata que o Comitê de Política Monetária divulgou ontem, preparando o país para novas elevações da taxa básica de juros a fim de conter uma inflação que "ainda mostra resistência" - mesmo após cinco altas seguidas da Selic, agora campeã mundial. O céu é o limite.
Quando teve início a gestão Dilma, Mantega encheu-se de planilhas e powerpoints para prever que o governo da presidente legaria ao país um crescimento médio do PIB de 5,5% ao ano até 2014. Mas mal passaremos de 2%. Com seus prognósticos fantasiosos, o ministro da Fazenda do Brasil tornou-se motivo de chacota em todo o mundo.
Talvez ele se esqueça de que - como "assessor econômico" de Lula entre 1993 e 2002, conforme expõe em seu currículo oficial - tenha sido um dos artífices da raivosa oposição que o PT empreendeu contra o Plano Real, a iniciativa vitoriosa que extirpou a hiperinflação que por anos manietou o país e massacrou os brasileiros, principalmente os mais pobres.
Mantega também talvez prefira que ninguém se lembre de que o principal motivo para o estouro da inflação no fim do governo Fernando Henrique foi o temor diante das propostas que o PT acalentou durante anos para a economia e que tinham nele seu principal formulador - foi preciso Antonio Palocci escanteá-lo na função para que o receio se dissipasse e o partido chegasse à vitória.
Voltando ao presente, Mantega talvez pudesse olhar para o próprio umbigo para reconhecer que a situação não anda bem. Ou poderia simplesmente ter lido a ata que o Comitê de Política Monetária divulgou ontem, preparando o país para novas elevações da taxa básica de juros a fim de conter uma inflação que "ainda mostra resistência" - mesmo após cinco altas seguidas da Selic, agora campeã mundial. O céu é o limite.
Quando teve início a gestão Dilma, Mantega encheu-se de planilhas e powerpoints para prever que o governo da presidente legaria ao país um crescimento médio do PIB de 5,5% ao ano até 2014. Mas mal passaremos de 2%. Com seus prognósticos fantasiosos, o ministro da Fazenda do Brasil tornou-se motivo de chacota em todo o mundo.
Com o fim desta deplorável experiência pela qual o Brasil passa aproximando-se, o governo no qual Guido Mantega pontifica produzirá o pior desempenho desde Fernando Collor e o terceiro menor crescimento em mais de 100 anos de República. Com este currículo, o ministro da Fazenda deveria se dar por satisfeito por ainda não ter sido aposentado. Motivos para isso há de sobra.
ITV
Por que não te calas, Mantega?
18 de outubro de 2013
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