"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PÃO FRANCÊS E PASSAGEM AÉREA INTENSIFICAM INFLAÇÃO DE SETEMBRO

A alta do dólar resultou no aumento do preço do trigo e do combustível de aviação

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Embora seja um gasto pequeno, o pão francês representa um gasto diário
para muitas famílias brasileiras (Thinkstock)

O aumento de preço das passagens aéreas e do pão francês foi o fator que mais impactou o avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em setembro. Influenciadas pela alta do combustível de aviação, as passagens subiram 16,9% no mês passado e contribuíram com 0,08 ponto porcentual na taxa de 0,35% em setembro. O segundo principal impacto veio do pão francês, que subiu 3,37% em setembro e respondeu por 0,04 ponto porcentual. No ano, a alta é de 11,39% e, em 12 meses, chega a 14,79%.
 
"Embora seja um gasto pequeno, é um gasto diário. E para algumas famílias, é um gasto bem importante", disse a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos. O preço do pão francês também foi impactado pela da alta do dólar, que encareceu o trigo para o mercado brasileiro. O país importa mais da metade do que é consumido.
 
Além disso, as safras no Brasil e na Argentina, principal fornecedor, também foram prejudicadas por problemas climáticos. "A proibição, ou a ameaça de proibição à exportação pela Argentina, com o objetivo de atender o mercado interno, impulsionou os preços", explicou Eulina. "No início do ano, o impacto vinha do problema de abastecimento da Argentina e isso foi combinado com o aumento do dólar nos últimos meses". O preço do trigo acumula altas de 23,68% no ano e de 29,96% em 12 meses, segundo o IBGE.

Veja
(com Estadão Conteúdo)
 
 
Passagem aérea fica 17% mais cara e é vilã da inflação de setembro


Apesar da aceleração dos preços de importantes alimentos, vestuário e itens de habitação, o grande vilão da inflação em setembro foi o aumento das passagens aéreas, num momento de intensa procura e alta de custos, reflexo do preço mais elevado do combustível --que tem cotação em dólar.
 
Para o consumidor, os bilhetes ficaram 16,9% mais caros em setembro, após uma queda de 0,61% em agosto.
 
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, o combustível é o item de maior peso no custo total das companhias aéreas, que embutiram o aumento no preço das passagens. "As companhias alegam que não repassaram tudo, mas algum repasse ocorreu", afirmou.
 
Sozinho, o reajuste dos bilhetes aéreos correspondeu a 0,08 ponto percentual do IPCA de 0,35% --ou 24% do índice. Foi o produto que individualmente pesou mais na inflação de setembro --em seguida, veio o pão francês, com impacto de 0,04 ponto percentual, que também sobe na esteira da alta do dólar e do maior custo da importação de trigo.
 
A coordenadora do IBGE disse que, mesmo em período de baixa temporada, a demanda por passagens aéreas ficou aquecida por conta de dois eventos que movimentaram muitos turistas: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, e o festival de música Rock in Rio.
 
Nesse cenário de maior procura por bilhetes, ficou mais fácil para as companhias repassarem o custo maior com o combustível.
 
Com o aumento das passagens aéreas, o grupo transporte saiu de uma deflação de 0,06% em agosto para uma alta de 0,44% em setembro --a de maior peso no IPCA do mês.
 
Apesar do forte reajuste em setembro, as passagens acumulam uma queda de 14,37% de janeiro a setembro. Em 12 meses, porém, a variação ficou positiva em 13,94%. O índice pega os meses finais de 2012, habitualmente cresce a procura por passagens áreas no fim do ano e os preços sobem.
 
ÔNIBUS
O grupo transportes subiu também por conta do fim do efeito benéfico da retirada dos reajustes de ônibus nas principais capitais, após a onda de protestos de junho. O impacto, que conteve a inflação, ficou concentrado em julho e agosto, quando as tarifas recuaram 3,32% e 0,20%, respectivamente.
 
Dentre as 11 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas, apenas Fortaleza e Curitiba aumentaram as passagens de ônibus neste ano. Em Porto Alegre, onde começaram os primeiros focos de protesto contra o elevado custo do transporte público, os ônibus caíram 1,75%. Em Salvador, houve retração de 7,14% graças à redução da passagem aos domingos.
 
Em São Paulo, os preços ficaram estáveis, assim como nas demais áreas pesquisadas.
 
GASOLINA
 
Beneficiada pela safra recorde de cana e a consequente elevada produção de etanol, a gasolina ficou 0,42% mais barata em setembro. O derivado de petróleo recebe adição de 25% do biocombustível. Já o etanol recuou 0,72%.
 
Tal cenário, dizem analistas, abre caminho para um aumento da gasolina, pleiteado há meses pela Petrobras e sempre postergado pelo governo para não pressionar ainda mais a inflação.
 
Com o IPCA em 12 meses abaixo do teto da meta e no menor nível do ano (5,86%) e o recuo do preço dos combustíveis, abre-se uma janela para um reajuste em outubro, previsto pela LCA e outras consultorias.
 
A queda do etanol ajuda ainda a Petrobras. Com preço menor, o álcool fica mais competitivo em vários Estados, o que tende a reduzir o consumo de gasolina e a necessidade de importação do produto pela estatal.



GRUPOVariação (%) - Agosto
Alimentação e Bebidas0,14
Habitação0,62
Artigos de Residência0,65
Vestuário0,63
Transportes0,44
Saúde e Cuidados Pessoais0,46
Despesas Pessoais0,20
Educação0,12
Comunicação-0,04
FONTE: IBGE
 
09 de outubro de 2013
PEDRO SOARES - Folha de São Paulo

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