Mais confiante após conquistar o apoio da ex-senadora Marina Silva (PSB), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), está deixando de lado a cautela e já começa a falar abertamente como candidato a presidente da República. Ontem, ele subiu o tom das críticas às ações do governo federal na área econômica. Disse que a atual crise de expectativas é resultados de mudanças equivocadas nas regras do jogo e mencionou o "pibinho".
Em entrevista ao radialista e ex-prefeito de Salvador Mário Kertész, o governador acenou ao setor empresarial, ao dizer que sua aliança com Marina é a primeira resposta para a reversão das expectativas negativas na economia. Também atacou a política de concessões do governo, descartou aliança com o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e disse que é chegada a hora de "aposentar as raposas que estão gastando a paciência do povo".
De acordo com Campos, o governo federal demorou muito para iniciar a concessão de projetos de infraestrutura à iniciativa privada e, quando o fez, foi ingênuo ao tentar barrar a lucratividade dos empresários. "Quando decidiu fazer [as concessões], disse: 'vou fazer com raiva, não vou deixar ganhar muito'. A iniciativa privada não vai fazer filantropia. Isso é ingenuidade", afirmou o governador.
O baixo crescimento da economia nos últimos anos, segundo ele, é resultado de uma reação dos investidores às mudanças implementadas pelo governo em áreas como energia elétrica, portos e petróleo. "Isso tudo criou um ambiente em que a economia começou a andar de lado. Esse ato com a Marina é primeira resposta à reversão dessa expectativa. Responde a quem quer investir e a quem foi para a rua [nas manifestações de junho]", disse.
Campos voltou a dizer que seu projeto presidencial vai reconhecer avanços como a estabilidade econômica e a inclusão social, porém foi duro ao defender a necessidade de mudanças na prática política, que nas suas palavras está "mofada e atrasada". Questionado sobre sua relação com Aécio, o pernambucano disse que é boa, mas ressaltou que suas convicções políticas não são as mesmas. "Às vezes as pessoas confundem relacionamento pessoal com coisa política", respondeu.
Antes de encerrar a entrevista, Kertész - que no ano passado disputou e perdeu a Prefeitura de Salvador pelo PMDB -, disse que muitos ouvintes estariam animados com a terceira via representada por Campos e Marina. O pernambucano rebateu: "Terceira via por enquanto".
09 de outubro de 2013
Murillo Camarotto - Valor
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