36 anos do golpe (dentro do golpe) em 1977
Foi no dia 12 de outubro desse ano. O ministro do Exército, Silvio Frota, quatro estrelas, queria ser o sucessor de Geisel. Mas sabia que não seria indicado de jeito algum. Foi ministro por acaso. Morreu o titular, ele era o chefe do Estado Maior, ficou como interino.
Depois, teve que ser confirmado, como o “presidente” ia desconfiar de um general que assumira por ter o segundo cargo do Exército? Mas o relacionamento dos dois era péssimo, ou melhor, inexistente.
AS PROMOÇÕES DECIDIRIAM
Existia uma vaga de general de quatro estrelas. O número 1 para a promoção era Hugo Abreu, chefe da Casa Militar do próprio Geisel.
O segundo, João Figueiredo, chefe do SNI. Pela tradição do Exército, o oficial que levasse “carona” (ser preterido na promoção) tinha que passar para a reserva.
Geisel, pragmático, sem fé, convicção ou esperança, promoveu Figueiredo, “caroneou” seu próprio chefe da Casa Militar. Condenou-o à reserva, mocíssimo.
Como complemento, Geisel escolheu Figueiredo como seu sucessor.
O ministro do Exército se desesperou, tentou a rebelião, foi demitido, amordaçado, aniquilado.
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PS – Mais tarde escreveu um excelente livro, contando coisas notáveis sobre o golpe de 64. Não conseguiu fugir do ridículo por vingança.
PS2 – Afirmou, textual: “Eu sempre soube que o general Geisel era comunista”.
A HISTÓRIA COMO ELA É
O bom de conversar com o comentarista Antonio Santos Aquino é que os fatos sempre “batem”, se confirmam, mesmo quando surgem como versões. Por isso, os militares que transitam pelo Serviço de Inteligência, estabelecem a diferença entre INFORME e INFORMAÇÃO.
O que você escreveu na sexta-feira, perfeito, até mesmo no que se passava longe da redação ou do palácio. Houve realmente o que você chamou de “estremecimento”. E o personagem citado está corretíssimo. Brizola não cedeu ao que ele queria, passou a escrever contra.
Como jamais censurei alguém, saía. Quando Collor foi candidato, o jornal não tomou posição, apesar de todos terem ido visitar a redação. Mas o personagem apoiou freneticamente Collor, ganhou dois cargos importantíssimos, primeiro em Roma, depois em Paris.
AS CONVERSAS COM BRIZOLA
Fiquei muito tempo sem falar com Brizola, quase seu governo inteiro. Quando Dona Neuza morreu, considerei que não podia deixar de ir ao velório, no Guanabara, quase na rua.
Quando Brizola me viu, seu olhar era de grandeza e de retribuição. O que senti: ele não esperava, mas estava tão grato, que ficou muito tempo perto de mim.
Quando fui me despedir dele, me abraçou efusivamente, o que não era habitual nele, você o definiu muito bem, ao dizer: “Brizola era difícil”.
Perguntou, como quem esperava resposta afirmativa: “Vamos conversar”. Respondi que sim. Aí entra o homem bem informado que você é: ia ser em Itaipava, muito longe, foi aqui mesmo. Horas e horas, sem reivindicações, sem restrições.
Daí em diante passou a me chamar para tomar “café gaúcho”, eu não sabia o que era, gostei. Geralmente bem tarde da noite, já não era mais governador. Quando começou a campanha presidencial, as conversas se intensificaram. Brizola não ouvia praticamente ninguém; Nem a mim, embora agradecesse, mas fazia o contrário.
O SILÊNCIO RESPEITOSO
Já contei uma vez, rigorosamente verdadeiro: insisti com Brizola sobre a importância de São Paulo para a vitória. Cheguei a sugerir: “Vá uma vez por semana a São Paulo, alugue uma casa, monte um escritório, deixe todos saberem que você se preocupa com São Paulo”.
Não ligou, não foi para o segundo turno (meio ponto atrás de Lula), por causa de São Paulo. Teria sido presidente.
O CLIMA QUE SE PERDEU
Nossas relações pessoais não se aprofundaram, mas também nunca de harmonizaram. Passamos a ser duas pessoas que se respeitava, tinham muito a dizer ou a ouvir, mas não disseram nem ouviram.
Em 1979, vindo do exterior e indo sozinho me visitar na Tribuna, até a campanha de 1989, 10 anos perdidos. Nunca havíamos nos falado, a impressão final é que continuávamos da mesma forma.
Depois, teve que ser confirmado, como o “presidente” ia desconfiar de um general que assumira por ter o segundo cargo do Exército? Mas o relacionamento dos dois era péssimo, ou melhor, inexistente.
AS PROMOÇÕES DECIDIRIAM
Existia uma vaga de general de quatro estrelas. O número 1 para a promoção era Hugo Abreu, chefe da Casa Militar do próprio Geisel.
O segundo, João Figueiredo, chefe do SNI. Pela tradição do Exército, o oficial que levasse “carona” (ser preterido na promoção) tinha que passar para a reserva.
Geisel, pragmático, sem fé, convicção ou esperança, promoveu Figueiredo, “caroneou” seu próprio chefe da Casa Militar. Condenou-o à reserva, mocíssimo.
Como complemento, Geisel escolheu Figueiredo como seu sucessor.
O ministro do Exército se desesperou, tentou a rebelião, foi demitido, amordaçado, aniquilado.
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PS – Mais tarde escreveu um excelente livro, contando coisas notáveis sobre o golpe de 64. Não conseguiu fugir do ridículo por vingança.
PS2 – Afirmou, textual: “Eu sempre soube que o general Geisel era comunista”.
A HISTÓRIA COMO ELA É
O bom de conversar com o comentarista Antonio Santos Aquino é que os fatos sempre “batem”, se confirmam, mesmo quando surgem como versões. Por isso, os militares que transitam pelo Serviço de Inteligência, estabelecem a diferença entre INFORME e INFORMAÇÃO.
O que você escreveu na sexta-feira, perfeito, até mesmo no que se passava longe da redação ou do palácio. Houve realmente o que você chamou de “estremecimento”. E o personagem citado está corretíssimo. Brizola não cedeu ao que ele queria, passou a escrever contra.
Como jamais censurei alguém, saía. Quando Collor foi candidato, o jornal não tomou posição, apesar de todos terem ido visitar a redação. Mas o personagem apoiou freneticamente Collor, ganhou dois cargos importantíssimos, primeiro em Roma, depois em Paris.
AS CONVERSAS COM BRIZOLA
Fiquei muito tempo sem falar com Brizola, quase seu governo inteiro. Quando Dona Neuza morreu, considerei que não podia deixar de ir ao velório, no Guanabara, quase na rua.
Quando Brizola me viu, seu olhar era de grandeza e de retribuição. O que senti: ele não esperava, mas estava tão grato, que ficou muito tempo perto de mim.
Quando fui me despedir dele, me abraçou efusivamente, o que não era habitual nele, você o definiu muito bem, ao dizer: “Brizola era difícil”.
Perguntou, como quem esperava resposta afirmativa: “Vamos conversar”. Respondi que sim. Aí entra o homem bem informado que você é: ia ser em Itaipava, muito longe, foi aqui mesmo. Horas e horas, sem reivindicações, sem restrições.
Daí em diante passou a me chamar para tomar “café gaúcho”, eu não sabia o que era, gostei. Geralmente bem tarde da noite, já não era mais governador. Quando começou a campanha presidencial, as conversas se intensificaram. Brizola não ouvia praticamente ninguém; Nem a mim, embora agradecesse, mas fazia o contrário.
O SILÊNCIO RESPEITOSO
Já contei uma vez, rigorosamente verdadeiro: insisti com Brizola sobre a importância de São Paulo para a vitória. Cheguei a sugerir: “Vá uma vez por semana a São Paulo, alugue uma casa, monte um escritório, deixe todos saberem que você se preocupa com São Paulo”.
Não ligou, não foi para o segundo turno (meio ponto atrás de Lula), por causa de São Paulo. Teria sido presidente.
O CLIMA QUE SE PERDEU
Nossas relações pessoais não se aprofundaram, mas também nunca de harmonizaram. Passamos a ser duas pessoas que se respeitava, tinham muito a dizer ou a ouvir, mas não disseram nem ouviram.
Em 1979, vindo do exterior e indo sozinho me visitar na Tribuna, até a campanha de 1989, 10 anos perdidos. Nunca havíamos nos falado, a impressão final é que continuávamos da mesma forma.
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