"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

FRACO CRESCIMENTO, INTERVENÇÕES DO GOVERNO E INFLAÇÃO ABALAM CONFIANÇA DE INVESTIDOR

 
Com exclusão de empresas de ex-bilionário, Bovespa acumula perda de 7% e tem resultado pior que o de outros mercados.  Fraco crescimento da economia, intervenções do governo e inflação abalam confiança de investidores


O declínio do império de Eike Batista é frequentemente apontado como o motivo das perdas da Bolsa brasileira, mas, mesmo sem as empresas X, o ano não tem sido fácil para o mercado de ações.
 
O Ibovespa (principal índice da Bolsa) se desvalorizou neste ano em 12,8%, o pior resultado entre os grandes mercados globais.
 
Porém, a ausência das empresas do ex-bilionário Eike, que recuaram de 31,5% a 95,2% em 2013, não torna o índice lucrativo.
 
Segundo levantamento da consultoria Empiricus Research, o Ibovespa acumula queda de 7,1% sem os papéis das empresas X que estão no índice (LLX, MMX, OGX) e permanece distante de seus pares no exterior.
 
Vale lembrar que, a partir de hoje, o controle da LLX deixará de ser de Eike e passará ao grupo americano EIG.
 
No mês passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a crise das empresas de Eike arranhou a "reputação" brasileira. "A situação da OGX já causou um problema para a imagem do país e para a Bolsa", disse.
 
BOLSAS GLOBAIS
 
Mesmo no cálculo em dólar (ideal para comparação com outras Bolsas globais), o Ibovespa (contando as empresas X) amarga baixa de 17,8%, enquanto nos EUA há índice com alta de 26% e na Europa, em crise, há Bolsas com valorização de 15%.
 
A perda da Bolsa brasileira também é maior que a de outros mercados emergentes, como China (-0,04%), Rússia (-2,8%) e África do Sul (-5%).
 
"O que influencia esse descolamento da Bolsa brasileira em relação aos demais mercados são os nossos problemas internos", diz Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus Research.
 
Para ele, a inflação ganhou o jogo neste ano e deve terminar 2013 em um patamar "agressivo", mesmo com as elevações recentes do juro básico, a Selic, que passou de 7,25% para 9,5% de janeiro a outubro. Além disso, afirma, a relação entre o setor privado e o governo não está boa.
 
A perda de credibilidade do governo brasileiro deve-se, principalmente, aos elevados gastos públicos, na visão de Roberto Indech, estrategista da Rico Corretora.
 
"O governo abriu os cofres para tentar preservar ou cumprir suas promessas de manter um crescimento econômico robusto. Isso custou caro."
 
As intervenções do governo em diversos setores da economia, evitando o reajuste no preço dos combustíveis e forçando um corte nas tarifas do setor elétrico, por exemplo, também desagradam os estrangeiros.
 
O cenário é agravado pelo risco de o Brasil ter sua nota de crédito rebaixada por agências internacionais de classificação de risco.
 
No início do mês, a agência Moody's reduziu de positiva para estável a perspectiva da nota da dívida do país.
 
Algumas referências externas seguem pressionando as Bolsas de todo o mundo. É o caso da dúvida sobre quando os EUA começarão a retirar os estímulos econômicos.
 
A desaceleração chinesa também é pressão adicional, principalmente para o Brasil.

14 de outubro de 2013
ANDERSON FIGO - FOLHA DE SÃO PAULO

Nenhum comentário:

Postar um comentário