Marina Silva e Eduardo Campos fizeram uma aliança, como se sabe. E, à diferença do que se noticiou inicialmente, não está definido que será ele o candidato à Presidência. Se ela continuar com o dobro das intenções de voto, permanecendo em segundo lugar na disputa, será a candidata do PSB.
Digamos que, por qualquer razão, a candidatura de Dilma Rousseff se esfarele ou que, no curso dos meses, simulações de segundo turno indiquem uma vitória de Marina. Não tenham dúvida: o candidato do PT será Lula, que, como ele mesmo disse, “está no jogo”.
E, nesse caso, Campos está definitivamente fora da disputa.
Assim, a possibilidade de Marina ser o nome do PSB em 2014 era um dado da equação desde o acordo. Só que há um porém: o combinado é que seria ele, não ela, a grande estrela da aliança. E isso não está acontecendo.
Marina, como de hábito, vai com muita sede ao pote. Sei que não parece, mas vai. Tem ainda o dom de atrair os holofotes. É evidente que Campos ficou a reboque. Chegou-se a saudar, por alguns instantes, a sua habilidade e coisa e tal, mas passou logo. Só se fala em Marina. Já no segundo dia, ela mandou pelos ares um aliado do governador em Goiás, o deputado Ronaldo Caiado (DEM). Há três dias, Walter Feldman, neomarineiro, demonstrava inconformismo com o fato de o PSB, em São Paulo, pretender se alinhar com Geraldo Alckmin — a legenda pertence à base de apoio ao governador.
Os marineiros, em suma, começaram a hostilizar os aliados de Campos.
Na entrevista (post anterior) concedida a Laryssa Borges, da VEJA.com, o ex-ministro Fernando Bezerra, que vai coordenar o programa de governo do PSB, tenta pôr as coisas no eixo, reiterando que o candidato do partido é, sim, Campos. Também garante que Marina não tem poder para vetar alianças. A entrevista se faz necessária em razão do estresse dessa primeira semana. Marina ser vista também como candidata incomoda Campos e aliados muito menos do que a sem-cerimônia com que ela e seus partidários começaram a entrar na economia interna do partido.
Isso não é novo. Marina fez o mesmo no PV. Passada a eleição, decidiu simplesmente apear toda a antiga direção da legenda em nome da “renovação” — e contou com o apoio entusiasmado de setores da imprensa. Daqui a pouco, ela e os seus migram para a “Rede”. Se Campos e os pessebistas não tomarem cuidado, restarão com um partido desconjuntado.
Os dois vão ter de voltar à prancheta para resgatar os termos iniciais da aliança: a) qualquer um pode ser o titular da chapa; b) tudo será feito para tornar viável o nome dele; c) ele, Campos, tem a condução do processo.
Depois, é só combinar com os russos.
14 de outubro de 2013
Reinaldo Azevedo - Veja
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