"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

NA TV, MEMÓRIAS DO PT SUPERAM OS OBJETIVOS

A caminho de completar 14 anos no Planalto, o PT sofre os efeitos do poder longevo. Há mais memórias do que objetivos na propaganda que o partido de Lula e Dilma levou ao ar na noite desta quarta-feira. Com um pé no palanque de 2014, a grande novidade que Dilma tem a apresentar é o improvisado Mais Médicos.
 
“É a decisão mais ampla e corajosa já tomada desde a criação do SUS”, exagerou o marqueteiro João Santana pela boca do ministro-candidato Alexandre Padilha. “É a saúde de qualidade para todos os brasileiros”, exorbitou Santana pelos lábios de Dilma Rousseff.
 
Na peça publicitária do PT, novo mesmo só coisa muito antiga. “O Brasil é um dos cinco países com o maior volume de obras em andamento”, declara o locutor a certa altura, forçando o espectador mais atilado a perguntar aos seus botões: não estava combinado que a Transposição do São Francisco regaria o sertão em 2011? Quantos vagões deslizaram nos trilhos da Norte-Sul? Cadê a Transnordestina?
 
Em meio a uma certa falta de originalidade visual e temática, Lula irrompe em cena como uma espécie de plágio de si mesmo. Ele parece te recordar alguém, existente ou já ido, cuja imagem se superpõe à do Lula de 2006, reeleito atacando os adversários que torciam o nariz para o Bolsa Família.
 
“…Tem políticos que até hoje defendem cortar as verbas do Bolsa Família. São os mesmos que ficam falando que é preciso oferecer porta de saída. Como se o Bolsa Família já não fosse uma grande porta de saída da miséria, e a grande porta de entrada para o futuro melhor.”
 
Na parte final da peça, uma Dilma em preto e branco (que apropriado!) sobrepõe os feitos passados a promessas futuras. Dilma recita João Santana: “O nosso futuro será maior do que a soma de todos os nossos sonhos. E do tamanho da nossa esperança.” Ao enumerar as promessas, ela soa como se tentasse responder ao ronco das ruas de junho.
 
Vamos continuar a gerar empregos de qualidade, Dilma promete. Seremos o país das novas tecnologias e das grande inovações, Dilma jura. Todos os serviços públicos, sem exceção, atenderão o nosso povo com dignidade, Dilma assegura. Seremos o país de uma economia cada vez mais dinâmica, solidária e sustentável, Dilma garante.
 
O marketing do PT pinta o futuro de cor de rosa porque o futuro não pode ser cobrado nem conferido. Mas Dilma talvez seja convidada a responder a meia dúzia de perguntas. Que fim levou 2011, futuro de 2010? E 2012, futuro de 2011? E 2013, futuro de 2012? E o que haverá em 2014 que justifique a concessão de mais quatro anos? Por ora, o grande trunfo de Dilma é a inépcia dos adversários. Eles têm um ano para arranjar um discurso. E vice-versa.

25 de outubro de 2013
Josias de Souza - UOL

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