Letícia Moreira Folhapress O Brasil é o maior produtor e exportador de café, e o segundo maior consumidor do produto no mundo. Porém, das 47 milhões de sacas previstas para a safra de café neste ano, somente 5 milhões são considerados especiais ou gourmet, segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Para receber essa classificação nobre, os grãos são colhidos e selecionados de acordo com cor, tamanho e sabor. Também é levado em conta o local de produção, e até mesmo preocupações de ordem ambiental e social, como as condições de trabalho.
"Os brasileiros estão acostumados a consumir café de péssima qualidade", afirma o agrônomo e consultor José Mario Jorge, 55, que presta consulta técnica a produtores de café há 30 anos no interior paulista.
Para ele, a produção brasileira, tradicionalmente, se pauta pela quantidade, comercializada como commodities, e não pela qualidade.
Mercado de cafés especiais esbarra no baixo consumo
Das estimadas 20 milhões de sacas de café consumidas no mercado interno, apenas 1,5 milhão é de cafés especiais, calcula Fernando Augusto Vicentini, 43, sócio da Três Irmãos Armazéns Gerais, empresa de Altinópolis (SP).
"Estamos muito abaixo do padrão europeu, no qual os cafés especiais representam 60% da bebida consumida", afirma.
Essa limitação do consumo dos grãos especiais no Brasil está relacionada ao baixo poder aquisitivo da maioria da população e à falta de oportunidade para as pessoas provarem café de qualidade. "Quem aprecia está geralmente nas classes de maior poder aquisitivo."
Acesso a informação pode alavancar vendas
Para Durval Fukuda, 28, produtor de café de Patos de Minas (415 km de Belo Horizonte), a demanda pelo café de qualidade ainda é baixa, mas tem crescido graças ao aumento do poder aquisitivo da população.
Para ele, falta informação para alavancar ainda mais o consumo de cafés nobres.
"É preciso explicar por que o café na xícara vale R$ 7. Quem paga por isso precisa saber como esse café foi produzido", afirma.
Produzir café especial requer investimentos
A fazenda Baú, da qual Fukuda é diretor executivo, produz, em média, 35 mil sacas do grão por ano. Quase toda a produção (97%) é exportada para o Japão. O restante é comercializado principalmente em São Paulo.
A produção de grãos nobres traz uma rentabilidade entre 100% e 150% maior para o produtor. Porém, exige cuidados especiais. "Requer uma dedicação intensa e muitos investimentos", diz Fukuda.
Os degustadores de café avaliam a qualidade dos grãos e as características da bebida que estes podem produzir. A atuação dos profissionais é importante para os negócios com o produto, pois eles indicam o quanto vale cada lote de café. Na foto, xícaras especiais usadas por degustadores em provas de café.
Hugo Cordeiro/UOL
7.dez.2012 - Mulheres da província de Chiang Rai, nas colinas no norte da Tailândia, recolhem fezes de elefante para a produção do café Black Ivory (marfim negro), o mais caro do mundo: cerca de R$ 2.200 por quilo
25 de outubro de 2013
José Bonato
Do UOL
Do UOL
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