"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"CRÍTICAS DE FUNDO"

Não se restringem apenas à política fiscal do governo Dilma Rousseff as observações críticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o cenário econômico no país.
 
Em seu recém-publicado relatório anual a respeito do Brasil, a instituição alerta para a queda do crescimento do PIB no médio prazo e para a contínua elevação da inflação desde 2010.
 
De 4,25%, a previsão de expansão média anual da economia para o período até 2020 foi rebaixada para 3,5% --isso se houver incremento significativo em investimentos e produtividade, hoje em índices muito abaixo dos registrados por outros países emergentes. O FMI reitera que apenas o aumento do consumo público e privado, motriz do crescimento do PIB desde 2004, não será mais suficiente.
 
O documento também lança dúvidas sobre a capacidade nacional de aproveitar o efeito do bônus demográfico que vive --período em que o contingente de trabalhadores cresce a um ritmo maior que o do total da população.
 
Ainda que não configure propriamente uma novidade, o relatório é mais um ingrediente a engrossar o caldo de insatisfações com o desempenho da economia brasileira e com as manobras governamentais nas contas públicas, destinadas a simular o cumprimento da meta de superavit primário (o saldo das contas públicas antes do pagamento dos juros da dívida).
 
Foi alvo de especial crítica a transferência de recursos do Tesouro aos bancos públicos, que dessa maneira dispõem de mais crédito para oferecer.
 
Uma disputa entre a organização multilateral e o governo a respeito da contabilização ou não de títulos públicos à disposição do Banco Central para administrar a política monetária atrasou a divulgação do relatório, pronto desde julho.
 
Segundo o FMI, o total da dívida pública representaria 68,3% do PIB; para o governo, o percentual equivaleria a 59,3%. Na contabilidade nacional, o índice estaria abaixo do patamar de 60%, recomendado pelo mercado para nações desenvolvidas, mas ainda assim distante do percentual de 40% sugerido para os emergentes.
 
Para refutar as críticas, que certamente serão vocalizadas em tons mais estridentes pela oposição durante a disputa eleitoral de 2014, o governo aferra-se tão somente à legalidade das medidas fiscais.
 
Não se trata, contudo, de debate jurídico. Naquilo que mais importa --as perspectivas de crescimento do país--, a população teria muito a ganhar se os comentários do FMI fossem de fato levados em consideração pelo governo.

25 de outubro de 2013
Editorial da Folha

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