Em troca de palanque para Dilma, partido também estará com Renan Calheiros na disputa em Alagoas
Em jantar marcado por críticas à ausência de uma coordenação política efetiva do Palácio do Planalto, as cúpulas do PT e do PMDB discutiram, na noite de segunda-feira, as divergências entre os dois partidos nas eleições estaduais do ano que vem. Um dos poucos resultados concretos do encontro foi o compromisso do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de enquadrar seu partido no Pará e apoiar a candidatura de Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), ao governo do estado. Falcão também afirmou que o PT apoiará a candidatura do presidente do Senado, Renan Calheiros, para governador de Alagoas.
Apesar da garantia dada por Rui Falcão, a relação com o PMDB continua ruim no Pará. Isso porque a ala do PT ligada à ex-governadora Ana Júlia Carepa insiste no lançamento de candidatura própria. No jantar, Jader Barbalho foi o mais contundente nas críticas à articulação política e à comunicação do governo Dilma.
Esse, aliás, foi um dos pontos de convergência entre PMDB e PT na reunião. Até o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reclamou da falta de divulgação das obras e programas da administração Dilma, que acabam sendo apropriados pela oposição.
No encontro, os peemedebistas cobraram apoio do PT para seus candidatos e ameaçaram não apoiar a reeleição de Dilma em estados como o Rio de Janeiro e o Ceará. O Rio é o estado que tem o maior peso (maior número de delegados) na convenção nacional do PMDB, que decidirá o rumo da sigla na eleição presidencial do ano que vem. O Ceará é o terceiro em número de votos na convenção.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), cobrou dos petistas apoio à candidatura do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão. Lembrou que o Rio tem cerca de 20% dos votos na convenção nacional do partido e exibiu uma tabela com a diferença de votos entre Dilma e José Serra (PSDB), por estado, nas eleições de 2010, para mostrar que o apoio do PMDB pode ser decisivo para a reeleição da petista — Dilma teve no Rio a maior votação do centro-sul do país.
Após ouvir Eduardo Cunha, o presidente do PT disse que o Rio é o principal problema a ser resolvido, mas afirmou que, na conjuntura atual, de alta rejeição ao governo Sérgio Cabral, a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) é uma alternativa, e que o partido trabalha com esse cenário.
Outro momento de tensão foi a avaliação do quadro no Ceará. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), pré-candidato a governador, afirmou, segundo relatos, que não aceita dois palanques de Dilma no estado — o outro seria do PSB. E que, se isso acontecer, ele vai para a oposição. Eunício tem negociado com o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB).
O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e seu irmão, Ciro, têm mantido conversas com o PT para ceder o palanque no Ceará a Dilma. Ontem, ao ser questionado, Eunício negou o ultimato:
— O Ceará, a gente combinou de discutir mais para a frente. Não tenho angústia e espero que os aliados estejam todos juntos. Eu, sozinho, tenho seis minutos de propaganda na televisão — afirmou Eunício.
21 de agosto de 2013
Fernanda Krakovics - O Globo
Em jantar marcado por críticas à ausência de uma coordenação política efetiva do Palácio do Planalto, as cúpulas do PT e do PMDB discutiram, na noite de segunda-feira, as divergências entre os dois partidos nas eleições estaduais do ano que vem. Um dos poucos resultados concretos do encontro foi o compromisso do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de enquadrar seu partido no Pará e apoiar a candidatura de Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), ao governo do estado. Falcão também afirmou que o PT apoiará a candidatura do presidente do Senado, Renan Calheiros, para governador de Alagoas.
A prioridade da direção nacional do PT é a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Por isso, o compromisso com dois importantes líderes regionais do PMDB. Em segundo lugar, a cúpula petista quer aumentar suas bancadas na Câmara e no Senado para não ficar tão refém dos aliados, como do próprio PMDB. Assim, o comando do PT exigirá sacrifícios de sua base nas disputas para governador e dará a palavra final sobre as candidaturas. O jantar de anteontem ocorreu no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer.
Apesar da garantia dada por Rui Falcão, a relação com o PMDB continua ruim no Pará. Isso porque a ala do PT ligada à ex-governadora Ana Júlia Carepa insiste no lançamento de candidatura própria. No jantar, Jader Barbalho foi o mais contundente nas críticas à articulação política e à comunicação do governo Dilma.
Esse, aliás, foi um dos pontos de convergência entre PMDB e PT na reunião. Até o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), reclamou da falta de divulgação das obras e programas da administração Dilma, que acabam sendo apropriados pela oposição.
No encontro, os peemedebistas cobraram apoio do PT para seus candidatos e ameaçaram não apoiar a reeleição de Dilma em estados como o Rio de Janeiro e o Ceará. O Rio é o estado que tem o maior peso (maior número de delegados) na convenção nacional do PMDB, que decidirá o rumo da sigla na eleição presidencial do ano que vem. O Ceará é o terceiro em número de votos na convenção.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), cobrou dos petistas apoio à candidatura do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão. Lembrou que o Rio tem cerca de 20% dos votos na convenção nacional do partido e exibiu uma tabela com a diferença de votos entre Dilma e José Serra (PSDB), por estado, nas eleições de 2010, para mostrar que o apoio do PMDB pode ser decisivo para a reeleição da petista — Dilma teve no Rio a maior votação do centro-sul do país.
Após ouvir Eduardo Cunha, o presidente do PT disse que o Rio é o principal problema a ser resolvido, mas afirmou que, na conjuntura atual, de alta rejeição ao governo Sérgio Cabral, a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) é uma alternativa, e que o partido trabalha com esse cenário.
Outro momento de tensão foi a avaliação do quadro no Ceará. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), pré-candidato a governador, afirmou, segundo relatos, que não aceita dois palanques de Dilma no estado — o outro seria do PSB. E que, se isso acontecer, ele vai para a oposição. Eunício tem negociado com o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB).
O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e seu irmão, Ciro, têm mantido conversas com o PT para ceder o palanque no Ceará a Dilma. Ontem, ao ser questionado, Eunício negou o ultimato:
— O Ceará, a gente combinou de discutir mais para a frente. Não tenho angústia e espero que os aliados estejam todos juntos. Eu, sozinho, tenho seis minutos de propaganda na televisão — afirmou Eunício.
21 de agosto de 2013
Fernanda Krakovics - O Globo
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