"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A CHINA E A ECONOMIA LIVRE

           
          Internacional - China 
Em outubro de 2011, o presidente do Instituto Mises (EUA), Doug French, escreveu um artigo intitulado “O modelo chinês é insustentável”. Ele questionou se a China era mesmo o gigante capitalista “que todos pensam que é”. Evidenciando a China como uma economia vacilante e citando o livro Red Capitalism: The Fragile Foundation of China’s Extradordinary Rise (NT.: “Capitalismo vermelho: A frágil base do extraordinário crescimento chinês”) do autor J. T. Howie, French explicou que o capitalismo chinês conta com um sistema financeiro de tipo soviético. É um sistema de não-mercado funcionando às avessas, pois é o Partido Comunista quem forja a oferta e a procura: existem “bancos zumbis e corporações lideradas pelos camaradas do partido que só estão lá para desperdiçar o capital”. E desperdiçar é o que eles fazem.

As perdas financeiras decorridas da construção de cidades que ninguém precisa ou da fomentação de investimentos que não trarão retorno são coisas que terão necessariamente um fim catastrófico. O estado comunista de um partido só é problemático porque a mentalidade daqueles que estão no comando é fundamentalmente oposta ao mercado. Portanto, o conceito de uma China capitalista portadora de uma economia de livre mercado é necessariamente errôneo. Assim se segue que a ideia de um milagre econômico chinês deve ser igualmente errônea.
A Agência de Informações Energéticas dos EUA diz que a China se tornará o maior importador mundial de petróleo bruto em outubro deste ano. Deveríamos estar impressionados por esse testemunho do rápido crescimento chinês. Ou seria isso um testemunho do mau investimento chinês? Pode também ser uma demonstração da elevação da América no cenário energético. (No último ano, o Bank Of America Merrill Lynch fez uma projeção de que as novas descobertas domésticas de petróleo e gás natural estavam rapidamente aproximando a marca de US$ 1 bilhão por dia de renda aos Estados Unidos.) Qualquer que seja o argumento a se tecer, a economia chinesa não está livre para seguir o mercado. Ela segue diretivas políticas. Assim, devemos perguntar: O quão real é a taxa de crescimento chinesa? Os economistas têm encontrado problemas com as estatísticas mercadológicas da China, cifras de crescimento doméstico e pesquisas de consumo. O The Hindu Business Line cita o economista Stephen Green dizendo que “se há um indicador suspeito nas estatísticas oficiais chinesas, ele não aparece nos dados oficiais...”
Ouça: Joseph Dancy: Global Demand For Oil Is Growing Relentlessly  (NT.: Demanda global pelo óleo cresce implacavelmente).
Não há nada novo em um regime comunista falsificando estatísticas, relatórios governamentais ou registros históricos de áreas inteiras. É completamente coerente aos feitos comunistas falsificar toda uma economia. Ao presumir isso, não significa que deveríamos negar as centenas de arranha-céus construídos ou as montanhas de produtos baratos exportados. Contudo, podemos nos perguntar: qual retorno pode se esperar desses e de outros investimentos estatais? Como apontou o economista austríaco Ludwig von Mises, “a interferência estatal no cenário econômico [...] não fez nada além de destruí-lo”.
No Fórum da Ásia Oriental, Yao Yang da Universidade de Pequim escreveu um artigo intitulado “Autoritarismo não é a chave para o sucesso econômico chinês”. De acordo com Yao, é um erro associar o sucesso econômico da China ao sistema político autoritário. O sucesso da China, diz Yao, “é antes de tudo o resultado de décadas de reformas de mercado”, pois se “a intervenção governamental fosse a chave para o crescimento econômico, a China já teria sido bem sucedida 30 anos atrás quando o estado já governava todos setores da sociedade”.
Assim, o sucesso econômico chinês pode ser uma ilusão keynesiana, pois quando o livre mercado é combinado com o governo autoritário, a tendência, segundo Yao, é que uma pequena elite monopolize a economia e bloqueie o desenvolvimento. Contudo, essa crítica só vai até onde é possível que Yao consiga falar sem correr risco pessoal. Como escravo de um estado governado por um partido comunista corrupto e todo poderoso, ele deve afirmar que há elementos democráticos na China que promovem a responsabilidade governamental, para que então se diga que o país não é governado por uma pequena elite. De acordo com Yao, “os oficiais do país estão cada vez mais sendo responsabilizados por seus atos – seja por meio dos canais formais do establishment ou por meio das opiniões populares (expressas) na mídia e na internet”.
Nada disso parece provável. A China está longe de ser um país livre. Além disso, seu mercado econômico é atrelado aos comitês do Partido Comunista que dominam secretamente os altos postos executivos das maiores companhias chinesas. Isso está melhor exposto no livro The Party: The Secret World of China’s Communist Rulers  (NT.: “O Partido: O mundo secreto dos dirigentes comunistas chineses”). Enquanto há esforços para estancar a maré de casos de corrupção do governo chinês ligado a economia, esses mesmos esforços parecem pouco se considerada a escala em que estão esses casos (comparados aos maiores). A Comissão Disciplinar Central, diz McGregor, tem um staff de apenas 800 pessoas para vigiar um grande número de empregados do governo que, por sua vez, vigiam a maior economia do mundo. De acordo com o Índice de Liberdade Econômica 2013 da Heritage Foundation, a pontuação da China é 5.19, de modo que ela ocupa o 136º lugar. Não é de impressionar. De acordo com a Heritage Foundation,

“a economia chinesa mantém-se ‘predominantemente restringida’. O sistema regulatório e legal são vulneráveis à influência política e às diretivas do Partido Comunista. A derradeira autoridade do partido sobre todo o sistema econômico alui as normas legais e a fidelidade contratual. A corrupção é disseminada e a camaradagem é institucionalizada e universal”.

A verdadeira questão não é se a China continuará a crescer. A ciência econômica sugere que a economia chinesa parará de crescer, se é que já não parou. O maior país do mundo – com seus 1.4 bilhão de habitantes – sofrerá necessariamente a maior e mais devastadora ruína financeira imaginável. No dia 29 de julho, Michael Pettis escreveu um artigo para a CNN intitulado Will China’s economy crash? (NT.: A economia chinesa irá falir?). Pettis é professor de finanças na Universidade de Pequim. Ele diz que “a história chinesa tomou o pior dos rumos. Parece que agora a China está prestes a colapsar. Junto dela irá todo o mundo”.
Para aqueles que entendem o quão problemática é a interferência estatal na economia, não há mistério. Essa é a tragédia que o mundo não vai aprender nunca a evitar. Como escreveu Le Bon uma vez, “embora o socialismo esteja em contradição com todos os dados da ciência moderna, ele possui uma enorme força pelo próprio fato de ele tender a assumir uma forma religiosa”.
E assim é, mesmo quando o estado nega ou tenta esconder a extensão do seu envolvimento na economia, seja ele chinês ou americano.
21 de agosto  de 2013
Jeffrey Nyquist

Publicado no Financial Sense.

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