Charge do Bessinha (Conversa Afiada)
Rudolf Von Ihering, em sua celebrada obra “A Luta pelo Direito”, assim escreveu: “O Direito não serve senão para se realizar. Então, não lhe basta uma pretensa normativa; é preciso que se dê efetividade social”. Portanto, a concessão do auxílio-moradia para parlamentares e magistrados é antiética, antissocial e imoral. Se o povo não recebe esse benefício, os servidores públicos e, principalmente, os eleitos como representantes do cidadão e de seus Estados – deputados e senadores -, jamais deveriam ter se dado essa concessão, que se estendeu para o poder Judiciário, como não poderia ser diferente.
No entanto, Judiciário, Legislativo e Executivo, demonstram inquestionavelmente o desprezo pelo Brasil, o descaso pelas despesas que oneram o erário, que hoje o sobrecarregam em demasia.
ACIMA DE SUSPEITA – A volúpia por dinheiro, por ganhar mais e rapidamente enriquecer, joga por terra o caráter e a personalidade de pessoas que deveriam estar acima de qualquer suspeita, para serem misturadas no rol dos perdulários e irresponsáveis governantes, transformando essa nação em um fantástico aplicativo de como se aumentar proventos à base de decisões não só condenáveis, mas também de incalculável cunho antipopular.
Se a falta de confiança da população nos poderes constituídos tornou-se absoluta, as razões pelas quais o povo assim decidiu encontra respaldo justamente em decisões desse tipo, altamente contestáveis porque beneficiam algumas pessoas em detrimento da maioria absoluta, além do aspecto discricionário proibido pela Constituição, com afronta também à isonomia.
Juízes e parlamentares não são pessoas superiores aos mais humildes cidadão desse país; não poderiam estar se concedendo auxílios financeiros se o povo não tem sequer um telhado seu, quanto mais contabilizar nos seus ganhos quase R$ 5.000,00 ao mês para ajudar quem já percebe salários mais do que suficientes parar uma vida requintada.
DESIGUALDADE – O salário mínimo teve este ano R$ 17,00 de “aumento”, um escárnio às necessidades do trabalhador e um soco na sua cara, frente tão somente ao auxílio-moradia dessas duas castas de R$ 4.378,00 mensais!
Enquanto os beneficiados por essa imoralidade e agressão ao povo somam ao fim de cada ano a quantia absurda de R$ 52.536,00 somente para moradia, o explorado e roubado cidadão brasileiro, e também os aposentados, recebem R$ 204,00 anualmente com esse “aumento” no salário mínimo e para todas as suas despesas.
O Brasil é o país das injustiças, das diferenças sociais, dos escândalos, dos deboches pela vida de quem nasce nesta terra. Será que o Supremo terá coragem de extinguir o auxílio-moradia e outros penduricalhos. O ministro Luiz Fux está sentado em cima do processo, e parece que não pretende se mover desta incômoda e vergonhosa posição.
05 de fevereiro de 2018
Francisco Bendl
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