O advogado Roberto Jefferson ficou famoso no programa “O Povo na TV”, de Wilton Franco, em 1981, e no ano seguinte conseguiu se eleger deputado federal pelo PTB. Em 2003, com a morte do deputado paranaense José Carlos Martinez, passou a presidir o partido e se tornou uma espécie de “dono” da legenda, que permaneceu sob seu controle até mesmo durante período em que esteve preso por dois anos e um mês, por causa do mensalão, escândalo que ele próprio denunciara. Tendo recuperado os direitos políticos, Jefferson voltou à política e agora será candidato a deputado federal por São Paulo.
Tudo corria muito bem para ele, que se tornara um dos políticos mais próximos ao presidente Temer. Até que cometeu o maior erro de sua vida política. Indicou a filha Cristiane Brasil para ser ministra do Trabalho, e o bode que deu vou te contar, como dizia o jornalista Sérgio Porto.
SARNEY ATRAVESSOU – O culpado de tudo foi o ex-presidente José Sarney, que em dezembro vetou a nomeação do deputado maranhense Pedro Fernandes para o Ministério do Trabalho. Sem outro nome, Jefferson teve a infeliz idéia de indicar a própria filha, a deputada Cristiane Brasil, mesmo sabendo que ela só poderia ficar no cargo até 6 de abril, porque será candidata à reeleição pelo PTB do Estado do Rio.
Quando o presidente Michel Temer aceitou a indicação, no dia 3 de janeiro, Jefferson caiu no choro, parecia uma refilmagem de “Os Brutos Também Amam”, do genial diretor George Stevens. Emocionado, disse aos jornalistas que a nomeação da filha iria “limpar o nome da família”, que ficou enlameado desde o julgamento do mensalão.
Jefferson estava enganado. O nome da família já estava sendo limpo pela passagem do tempo. Além disso, o fato de ter denunciado o mensalão criou uma aura de simpatia em torno de Jefferson, tudo ia bem, mas a nomeação de Cristiane só resultou num gigantesco emporcalhamento.
DEU TUDO ERRADO – Se arrependimento matasse, o presidente do PTB não estaria mais entre nós. A nomeação foi uma ideia tenebrosa, porque a vida de Cristiane Brasil passou a ser devassada pela imprensa e pelos adversários políticos de Temer. Com uma simples pesquisa na internet, foram imediatamente descobertos os dois processos trabalhistas contra a futura ministra, e começou o vaivém, com a posse sendo programada e suspensa duas vezes, um vexame total.
Deu tudo errado para Jefferson, para Cristiane e para Temer. O acerto era de que PTB apoiaria a reeleição de Temer, a ministra Cristiane ficaria no governo até o final do mandato e depois seria nomeada novamente, caso Temer vencesse, porque sonhar ainda não é proibido nem paga imposto.
DENÚNCIA RASTEIRA – Agora, surge o Estadão com a notícia da investigação envolvendo Cristiane Brasil sobre associação com narcotráfico. A denúncia é fraca e rasteira, porque na época Cristiane nem foi candidata. Mas isso não importa, porque o estrago foi enorme.
Não adianta dizer que campanha eleitoral no Rio de Janeiro é assim mesmo, porque, se não houver autorização do tráfico, nenhum candidato sobe o morro, afixa cartazes e distribui santinhos.
A investigação sobre o assunto estava parada, mas agora, num passe de mágica, logo chegou ao Supremo, porque os inimigos de Temer também sabem jogar o mesmo jogo sujo em que ele é especialista.
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P.S. – E por falar em jogo sujo, está ridícula a tentativa de difamar o juiz Moro com a história do auxílio-moradia. O que se deve fazer é uma campanha para moralizar o serviço público, instituir plano de carreira, acabar com os penduricalhos salariais e com o cartão corporativo. Em muitas profissões, especialmente no Judiciário, não existe mais piso de carreira e progressão funcional. Isso é um escárnio ao contribuinte que paga a conta.. Mas quem se interessa? (C.N.)
P.S. – E por falar em jogo sujo, está ridícula a tentativa de difamar o juiz Moro com a história do auxílio-moradia. O que se deve fazer é uma campanha para moralizar o serviço público, instituir plano de carreira, acabar com os penduricalhos salariais e com o cartão corporativo. Em muitas profissões, especialmente no Judiciário, não existe mais piso de carreira e progressão funcional. Isso é um escárnio ao contribuinte que paga a conta.. Mas quem se interessa? (C.N.)
05 de fevereiro de 2018
Carlos Newton
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