"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

AGRONEGÓCIO E EXPANSÃO INDUSTRIAL

Um substancial parque industrial suporta e amplifica nossa competitividade

O agronegócio, com sua sofisticação tecnológica, traz muitas oportunidades de expansão industrial.

A mais evidente está ligada ao processo produtivo: máquinas, como tratores, colheitadeiras e implementos de todos os tipos para a produção agrícola; insumos, entre os quais se destacam os fertilizantes e os defensivos; equipamentos de diversas naturezas como os utilizados na produção florestal e no tratamento da madeira; para tratamento de resíduos e efluentes, que permitem a produção de materiais úteis e energia elétrica; sistemas de irrigação; para a produção leiteira (que, hoje, inclui até robôs); para produção de energia; fábricas de ração para animais; sais, vitaminas e produtos veterinários, para listar os mais relevantes. A imensa maioria desses bens são produzidos aqui.

Nas tecnologias mais recentes, há ainda a combinação de bens e serviços decorrentes da digitalização do setor, como drones, sistemas automatizados de alimentação de animais, sistemas de controle de irrigação, sistemas de gestão da propriedade e da empresa etc.

Uma área enorme se abre no que tange ao processamento, embalagem e a armazenagem dos produtos agrícolas e de uma extensa cadeia ligada à produção de alimentos e fibras e à exportação.

Coisas novas estão ocorrendo na produção de energia e combustíveis. Aqui, muito já se fez, como o desenvolvimento de motores flexíveis e os programas do etanol e do biodiesel. Entretanto, muito mais está por acontecer, como por exemplo, a possibilidade de desenvolvimento de carros híbridos movidos a etanol e combustíveis de segunda geração.

Ainda falando de inovações, estamos em meio a grandes avanços na produção de novos materiais, decorrentes de tecnologias, que permitem manipulação até o nível atômico. Em futuro breve, voltaremos a esse tema.

A reconhecida competitividade do agronegócio brasileiro não decorre apenas do seu povo, de seus recursos naturais e do avanço das pesquisas. Um substancial parque industrial participa, suporta e amplifica nossa posição.

Esses segmentos industriais e muitos serviços não pararam de crescer e investir, mesmo em meio a enorme crise que se abateu sobre o País. Grandes oportunidades estão ainda por ser aproveitadas ou desenvolvidas.

Exemplo. Um belo exemplo de inovação industrial associada ao agronegócio ocorreu na nova fábrica de celulose da Suzano, recém-instalada em Imperatriz do Maranhão.

No fim do ano passado foi inaugurada, dentro do complexo da celulose, uma unidade satélite da Peróxidos do Brasil (joint venture do grupo Solvay e da Produtos Químicos Makay), produtora de peróxido de hidrogênio, a primeira do mundo desse tipo.

Esse projeto tem várias características especiais. Sendo uma planta dedicada, é de escala relativamente baixa, de 12 mil toneladas/ano. Apenas para comparar, as escalas usuais para produção do produto chegam até a 300 mil toneladas/ano.

Entretanto, para que essa planta tivesse custo competitivo foram necessários revisão e redesenho da química de processo e do design de equipamentos. A unidade combina uma gama única de novas tecnologias proprietárias e inovadoras, com um processo simplificado e intensificado, um layout modular e compacto e um projeto pré-moldado e montado em plataforma. Foram totalmente desenvolvidas no Brasil e algumas dessas inovações foram patenteadas.

A operação é remota, mas não independente, uma vez que é totalmente controlada pela planta-mãe que se localiza em Curitiba.

Reforça a competitividade do novo projeto, o fato de se utilizar da infraestrutura industrial, das utilidades e matérias-primas já disponíveis no site do cliente, em Imperatriz do Maranhão.

Finalmente, a original solução desenvolvida para esse projeto tem um forte apelo ambiental, pois a planta evita centenas de viagens de caminhão que teriam de ocorrer se o suprimento do produto tivesse que ser feito da fábrica no centro-sul do País.

O novo desenho deverá ser exportado para outros locais do mundo.


05 de fevereiro de 2018
José Roberto Mendonça de Barros, Estadão
ECONOMISTA E SÓCIO DA MB ASSOCIADOS.

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