"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

LULA PRECISA LER 100 MIL PÁGINAS DA PETROBRAS PARA DIZER QUE O TRIPLEX NÃO É SEU




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(oliveiradesenhosefotos.com
Imagine que você, como eu, não tenha um triplex no Guarujá. Não tem. Não é seu. Não te pertence. Você precisa ler 100.000 páginas de documentos enviados pela Petrobras pra responder a um juiz que não, o triplex não é seu?
Agora suponha que você tenha ido ver o triplex. (Eu vi muitos apartamentos antes de comprar o meu. Vi, olhei, xeretei, perguntei, quis ver a garagem, falei com o porteiro – mas não rolou.)
Em algum desses apartamentos que você eventualmente tenha visitado, te ocorreu mandar a construtora mexer na sauna ou instalar um elevador privativo, antes de assinar o contrato? Até posso imaginar a cara do corretor.
Ops, quem te levou pra ver não foi o corretor, mas o dono da construtora? Acontece. Comigo nunca aconteceu, mas acontece.
Acho que nem assim você mandaria mexer na planta se não fosse comprar o imóvel. Ou se ele já não fosse seu. A menos, claro, que você seja arquiteto. Arquiteto sempre quer mexer na planta, tem sempre uma solução melhor do que a dada pelo autor do projeto original (um arquiteto não tão bom quanto você, evidentemente).
Ok, assim como quem não quer nada, você (que não é arquiteto) sugeriu que botassem um elevador privativo, mexessem na sauna e instalassem uma cozinha modulada caríssima igual à que você tem num sítio que, por coincidência, também não é seu Sua mulher (ou seu marido) vai lá durante a obra e pede urgência, dizendo que vocês querem passar o reveiôn no cafofo.
A Construtora toca o pau, a obra fica pronta e antes de você se vestir de pai de santo e estourar a Sidra Cereser na sacada, a imprensa descobre e mela tudo. Tem noivo que abandona a noiva no altar, confere? A moça lá, maquiada feito apresentadora da RedeTV!, os cajuzinhos e bem-casados já na bandeja, a Nova Schin no freezer e o moço dá pra trás.É a coisa mais normal de acontecer – pelo menos em novela.
O que faz o dono da construtora (equivalente ao pai da noiva) neste caso? Te mete um processo, cobra na Justiça os prejuízos (seja com o elevador, seja com os cajuzinhos) ou… deixa o apartamento fechado (acabam aqui as analogias com o casamento), não anuncia, esquece, releva, desapega?
Aí você pode dizer (e diz) que o problema não é seu, é do dono da construtora. Ele não vendeu o apartamento pra outro porque não quis. Você nunca falou que ia comprar – só tentou ajudar melhorando a planta e sugerindo uma cozinha igual àquela sua (que não é sua).
Você precisa esperar a impressão de 100.000 páginas de documentos da Petrobras (onde mesmo a Petrobras entra nessa história?) pra dizer isso ao juiz? Precisa, pra ganhar tempo, porque o dono da construtora já disse que o apartamento é seu. Que ainda não está em seu nome, mas é parte do pagamento de uns favores (ilícitos) que você prestou a ele (e comprova os tais favores ilícitos).
Nem assim você precisa pedir três meses para ler 100.000 páginas de documentos da Petrobrás (a Petrobras tem a ver com os tais favores ilícitos) antes de ir dizer ao juiz que o seu apartamento não é seu. Mas precisa de todo o tempo do mundo para não ser mandado pro Serasa, pro SPC, antes de dar o próximo golpe – que você só vai conseguir aplicar se não estiver com o nome sujo na praça.  (crônica enviada por José Carlos Werneck)

11 de maio de 2017
Eduardo Affonso
Site Jornal da Cidade

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