Ao prestar depoimento perante o juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente voltou a dizer que será candidato, sem mencionar eventuais impedimentos legais: — Se quisesse ser candidato, eu seria em 2014, mas, depois de tudo isso que está acontecendo, eu estou dizendo, em alto e bom som, que vou querer ser candidato à Presidência da República outra vez — disse Lula.
No depoimento, Moro perguntou a Lula se, com sua “influência” no PT, ele havia pedido investigações internas no partido depois que as denúncias vieram à tona. O petista, embora tenha sido e ainda seja a pessoa mais influente dentro do partido — tanto que conseguiu emplacar Dilma Rousseff como sua candidata à Presidência em 2010 — tentou negar.
— Sabe que essa influência dentro do Partido dos Trabalhadores é porque o Ministério Público não conhece o PT. Porque, se eles conhecessem o PT, eles não falariam isso. Eu não participo de uma reunião de dirigentes do PT desde que fui eleito presidente, em 2002. Até 2014, quando deixei a Presidência, que eu comecei a participar. Eu não tenho nenhuma influência no PT, eu tenho influência na sociedade, quando eu falo, as pessoas me ouvem, algumas ouvem.
MANDAR PRENDER ? – No depoimento, Lula foi indagado por Moro sobre a declaração que o petista fez na semana passada, quando citava o noticiário, em que disse que mandaria prender quem diz mentiras sobre ele. Moro quis saber o que ele quis dizer com tal declaração.
— Eu quis dizer o seguinte. A história não para com esse processo, a história um dia vai julgar se houve abuso ou não de autoridade nesse caso do comportamento, tanto da Polícia Federal quanto do Ministério Público, no meu caso — disse Lula, interpelado em seguida pelo juiz.
— E o senhor pretende mandar prender os agentes públicos? — insistiu o magistrado.
— Como é que vou saber, nem sei se eu vou tá vivo amanhã — esquivou-se Lula.
— Foi o que o sr. afirmou lá (no evento do PT) — disse Moro.
— Uma força de expressão. O dia que o senhor for candidato o senhor vai ter muita força de expressão — afirmou o ex-presidente.
— Acha apropriado um ex-presidente da República dizer isso? — seguiu Moro.
— Acho que não, acho que não — admitiu o ex-presidente.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula treinou muito com seus advogados a forma de prestar o depoimento. A estratégia ensaiada foi de jamais fazer críticas ao juiz Sérgio Moro, sempre mencionando, criticando e culpando o “Ministério Público”, até mesmo quando se tratava de responder às observações pessoais do juiz Moro, como ocorreu na pergunta sobre o fato de Lula ter influência no PT, que ele desmentiu atribuindo a tese a um desconhecimento por parte do MP. O treino de Lula deu certo e em momento algum ele criticou o juiz, mas culpou o Ministério Público o tempo todo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula treinou muito com seus advogados a forma de prestar o depoimento. A estratégia ensaiada foi de jamais fazer críticas ao juiz Sérgio Moro, sempre mencionando, criticando e culpando o “Ministério Público”, até mesmo quando se tratava de responder às observações pessoais do juiz Moro, como ocorreu na pergunta sobre o fato de Lula ter influência no PT, que ele desmentiu atribuindo a tese a um desconhecimento por parte do MP. O treino de Lula deu certo e em momento algum ele criticou o juiz, mas culpou o Ministério Público o tempo todo. (C.N.)
11 de maio de 2017
Tiago Dantas
O Globo
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