"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

ADRIANA DEVE VOLTAR À CADEIA POR RESGATAR R$ 1,2 MILHÃO DE CONTA BLOQUEADA



Adriana Ancelmo contou boas piadas ao juiz Bretas
A ex-primeira-dama Adriana Ancelmo resgatou R$ 1,2 milhão da previdência privada enquanto estava presa na ala feminina de Bangu 8. O questionamento sobre a movimentação do dinheiro foi feito nesta quarta-feira pelo Ministério Público Federal (MPF) durante depoimento da ex-primeira-dama ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, no processo da Operação Calicute. De acordo com a ex-primeira-dama, o investimento era para os filhos dela, e o resgate foi solicitado, a seu pedido, pela secretária que cuida das suas contas pessoais.
Nem a Justiça e nem o MPF tinham conhecimento da movimentação. O procurador da República Rodrigo Timóteo pediu que o banco fosse acionado para explicar o que aconteceu e quem solicitou o resgate e disse que será investigado se houve uma quebra, por parte de Adriana, de uma decisão da Justiça, já que ela está com os investimentos bloqueados. Caso isso seja constatado, o MPF pode pedir a volta dela para a cadeia. A ex-primeira-dama foi presa em dezembro do ano passado e foi levada para Bangu 8, mas, desde março deste ano, está em prisão domiciliar.
QUEBRA DO BLOQUEIO – “Vamos ter que saber como foi feito isso. Vamos solicitar informação ao banco Itaú, o banco vai esclarecer para nós como tomou essa decisão, quem deu essa ordem e, a partir disso, vamos ter que decidir a respeito. Pode ser que tenha uma quebra a uma ordem judicial de bloqueio e, se houve esse desrespeito, vamos tomar as providências necessárias para tentar resgatar esse dinheiro, ver para quem foi. Isso precisa ser investigado – afirmou o procurador. – Vamos analisar, mas pode ser que seja solicitado o regresso dela (para a prisão) – completou Timóteo.
Adriana disse no depoimento que o dinheiro foi resgatado e enviado para sua conta pessoal. Depois, foi usado para pagar honorários advocatícios, dívidas com funcionários e outras despesas. Agora, não resta nenhuma parte desse dinheiro na conta, segundo ela informou.
ALEGAÇÃO DE ADRIANA – “O meu gerente disse que não estava sujeito a bloqueio as previdências dos meus filhos. No primeiro momento, eu precisava me manter. Não tenho dinheiro em qualquer outro lugar, baixei a aplicação da previdência no meu filho, esse valor entrou na minha conta. (A previdência) estava no meu nome, e eles eram os beneficiários – afirmou Adriana. – Isso (o resgate) foi solicitado pela minha secretária. Só tinha ela para realizar os pagamentos, eu estava presa.
A ex-primeira-dama é ré no processo da Calicute e é acusada de usar seu escritório de advocacia para lavar dinheiro do esquema de corrupção.
DINHEIRO LÍCITO – Durante o depoimento, Adriana disse que as joias apreendidas em sua casa foram compradas por ela com dinheiro lícito ou foram presentes de seu marido, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), que está preso desde novembro do ano passado. No depoimento, a ex-primeira-dama reconheceu que, em 2009, ganhou um anel do empreiteiro Fernando Cavendish, que à época tinha diversos contratos com o governo do estado, e que não sabe o valor da joia, que era de aproximadamente R$ 800 mil.
“Ali, naquela situação específica, recebi o presente do Cavendish, que era um amigo. Ali, na situação, não era um empreiteiro, mas um amigo” – afirmou.
A ex-primeira-dama afirmou ainda que nunca recebeu dinheiro em seu escritório de advocacia. “A mim, nunca foi entregue nenhum centavo” – declarou Adriana.
SECRETÁRIA DESMENTE – Michelle Tomaz Pinto trabalhou no escritório de Adriana Ancelmo como assistente administrativa e secretária executiva, de 2005 a 2015, quando foi demitida. Em depoimentos ao MPF, ela contou que Luiz Carlos Bezerra – apontado pelos procuradores como operador financeiro de Cabral – ia ao escritório de Adriana Ancelmo para efetuar entregas de quantias entre R$ 200 mil e R$ 300 mil em espécie. Michelle contou que o dinheiro era usado para pagar funcionários e contas pessoais de Adriana.
A ex-funcionária de Adriana acrescentou que participava da contagem dos valores, que chegavam em uma mochila, junto com Thiago Aragão, ex-sócio de Adriana, que foi preso durante a Operação Eficiência.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Preocupada com a concorrência de Lula, Gilmar Mendes e do próprio marido Sérgio Cabral, a ex-primeira-dama vai com tudo em busca do troféu da Piada do Ano. E apresenta várias anedotas ao mesmo tempo. As melhores são o “dinheiro lícito” e o presente da jóia de R$ 800 mil por um amigo, que por acaso era empreiteiro. Pena que não foi em “standup comedy”, porque a depoente estava sentada. De volta à prisão domiciliar, ela pode ir novamente preparando a mochila, porque logo os federais estarão de vota para reconduzi-la a Bangu, de onde não deveria ter saído, embora tente passar a imagem de mãe extremada (que nunca foi), recatada e do lar. (C.N.)

11 de maio de 2017
Juliana Castro
O Globo

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