“Uma imagem vale mais que mil palavras”, ensinou o pensador, político e filósofo chinês Confúcio (Chiu Kung era seu verdadeiro nome), que viveu entre 552 e 479 a.C, e ficou conhecido como o Mestre Kung, devido aos seus sábios provérbios. Realmente, foi chocante ver a imagem da “comemoração” de um ano da gestão do presidente Michel Temer, em meio à maior crise econômica já vivida por esta nação. A fotografia distribuída pela Assessoria de Imprensa do Planalto diz tudo – é um governo que não se preocupa com o país e com o povo.
Lembro do presidente Tancredo Neves, que nem conseguiu assumir. Seu lema, que o vice José Sarney citou na primeira reunião do ministério da autoproclamada Nova República, era o seguinte: “É proibido gastar”. Mas Temer, que já era político naquela época, não aprendeu a lição. A foto dessa comemoração de um ano de sacrifícios crescentes para o povo, sem a menor dúvida, exibe um governo rico, que inunda o salão com arranjos florais e câmaras de televisão, para comemorar algo que não existia – as realizações do governo.
UM GOVERNO RICO – Vi esta patética foto ontem, ao acessar o site do Correio Braziliense, onde trabalhei na década de 80. É coisa de governo rico num país pobre. Mostra que a classe política vive em outro mundo, regado a mordomias custeadas pelo trabalho dos brasileiros, a ponto de o presidente da República se dar ao luxo de contratar a babá de seu filho como se fosse assessora presidencial, com salário de R$ 5 mil, para ser paga pelo povo, recebendo diárias de viagens e tudo o mais.
Nenhum jornal fala nada, a mídia se comporta como se essa celebração fosse normal. E a foto mostra na cabeceira da gigantesca mesa três políticos de ficha suja – Michel Temer, Rodrigo Maia e Cássio Cunha Lima, todos eles citados na Lava Jato e que, se estivéssemos num país minimamente civilizados, já teriam sido escorraçados da vida pública.
É sempre bom relembrar Lord Kenneth Clark, o genial filósofo britânico que se tornou nobre por reconhecimento de seu saber: “Civilização? Nunca encontrei uma, mas sei que, se algum dia encontrar, saberei reconhecê-la”. Bem, se o Reino Unido ainda está longe da civilização, o que se pode dizer do Brasil?
15 de maio de 2017
Carlos Newton
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