É isso: avaliação política positiva de um governante depende do conteúdo de fatos concretos que ele tenha acionado no sentido social coletivo. Reportagem de Eduardo Barreto e Polyana Bretas, O Globo edição de sábado, mostra o presidente Michel Temer comparecendo a uma Agência da Caixa Econômica Federal em Brasília e na condição de um correntista comum, acompanhando junto a um caixa eletrônico o saque de FGTS que uma correntista estava fazendo.
Foi assim que a publicidade oficial o focalizou para ilustrar a liberação de contas do FGTS para uma rodada de saques. A matéria acentua terem sido liberados 16,6 bilhões de reais, mas seus efeitos práticos foram considerados tímidos como fator de propulsão econômica. Na próxima semana haverá novas liberações até o total de 43,6 bilhões.
IMAGEM NEGATIVA – A comunicação oficial para por aí e não será esse tipo de informação jornalística que vai mudar a imagem negativa do governo atual. Afinal de contas, a mais recente pesquisa do Datafolha revelou uma impopularidade de Temer da ordem de 61%, e uma aprovação de apenas 9 pontos. Diferença muito grande para ser coberta por atos isolados que procuram dar a ideia de que o presidente da República é uma pessoa comum, do povo, e que abre mão dos privilégios do cargo.
Mas não é esse tipo de atitude que vai sensibilizar a opinião pública, principalmente às vésperas das reformas da CLT e da Previdência Social, as quais obviamente vão retirar direitos atualmente existentes. O governo somente poderá perder mais pontos do que aqueles que já perdeu antes das duas modificações legais.
A reforma da Previdência é mais profunda do que a trabalhista, isso porque refere-se aos dias de hoje e ao futuro distante ou não do horizonte dos servidores públicos e trabalhadores de modo geral.
QUORUM MAIOR – A dificuldade da reforma previdenciária é maior porque exige emenda constitucional, ou seja, 308 votos na Câmara Federal e 54 votos no Senado, em duas votações em cada uma das casas do Congresso. Para aprovar a emenda, o Palácio do Planalto vem se empenhando a fundo recorrendo à concessões fisiológicas em troca de votos parlamentares. Tanto assim que o presidente Michel Temer, em entrevista a O Globo sustentou que aqueles que não votam com o governo não podem querer participar do governo.
Deixou claro o sentido de suas declarações transportando-as numa nuvem de ameaça. Logo a ameaça encontra-se nitidamente proporcional à dificuldade com a qual o Planalto se defronta. Evidentemente da atitude se depreende o sentido de sua impopularidade, uma vez que, se não fosse a troca de benefícios, a Emenda Constitucional jamais seria aprovada.
As classes trabalhadoras e do funcionalismo público vão sofrer as consequências do esforço despendido pelo governo e enfiado pela garganta dos deputados e senadores. Porém a maior pressão, é claro, atinge os assalariados. E com isso o Executivo não pode querer receber em troca a aprovação e a popularidade. Não adianta posar para fotos em agência bancária. Afinal de contas, o que têm os trabalhadores e servidores públicos com esse ato. A popularidade exige fatos concretos que ajudem as pessoas a viver.
15 de maio de 2017
Pedro do Coutto
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