"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

CABRAL TERIA DE TRABALHAR MAIS DE MIL ANOS PARA DEVOLVER OS RECURSOS QUE DESVIOU

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Charge do Mariano (Charge Online)
Se o escândalo do mensalão já tinha mostrado à sociedade a falta de respeito de alguns agentes públicos com o dinheiro do povo, trocando votos no parlamento por uma mesada de milhares de reais, o esquema de desvio de recursos da Petrobras, conhecido como petrolão, choca especialmente pelas cifras. Empresários e políticos trataram milhões como se fossem trocados. Em pouco mais de três anos de Operação Lava-Jato, estima-se que os desvios superam os R$ 35 bilhões, dos quais, mais de R$ 8 bilhões já foram recuperados por meio de acordos com delatores e empresas.
As quantias são tão altas que, em certos casos, como o envolvimento do ex-governador Sérgio Cabral, os políticos teriam de trabalhar um milênio para alcançar os valores recebidos ilegalmente.
PALOCCI É EXEMPLO – Disposto a fechar acordo de delação premiada, o ex-ministro dos governos petistas Antonio Palocci (PT-SP) — considerado um dos principais homens do PT no esquema por delatores da Odebrecht — é um que precisaria somar muitos anos de labuta para alcançar o montante de propina. O petista, inspiração da planilha “Programa Especial Italiano” na empreiteira, segundo delatores, é réu em dois processos e suspeito de ter recebido R$ 128 milhões ilegais — parte seria destinada à legenda. Como ministro, Palocci precisaria trabalhar 318 anos para ter a oportunidade de acumular tanto dinheiro.
Preso em Curitiba desde setembro do ano passado, Palocci trocou de advogado na última sexta-feira para fechar um acordo de delação premiada. A expectativa sobre o que ele tem a dizer é grande.
O fato de o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, ter enviado a análise do pedido de habeas corpus do petista para o plenário — com tendência a mantê-lo preso — e a divulgação das colaborações do casal de marqueteiros Mônica Moura e João Santana deixaram o político mais disposto para delatar os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “Acredito que posso dar um caminho, talvez, que vá lhe dar mais um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, chegou a dizer Palocci ao juiz Sérgio Moro, em depoimento, em 20 de abril.
CABRAL RECORDISTA – O caso mais impressionante de desvios de recursos públicos é o do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), preso desde novembro de 2016, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio. O peemedebista é acusado de comandar um esquema de propinas que arrecadou mais de R$ 500 milhões no Brasil e movimentou mais de US$ 100 milhões no exterior.
Ele é réu em quatro ações penais e responde a outros processos por lavagem de dinheiro, corrupção e evasão de divisas. Só nas delações de executivos da Odebrecht, Cabral é acusado de ter recebido R$ 58 milhões.
No exterior, ele teria depositado mais US$ 80 milhões (R$ 250 milhões na cotação atual). Para alcançar honestamente os R$ 308 milhões recebidos, o ex-governador teria de exercer a função por 1.083 anos.
MUITO DINHEIRO – “São cifras inimagináveis”, afirma o procurador da República Sérgio Pinel, integrante da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Na opinião do procurador, a sociedade é vítima de um gigante esquema criminoso.
“No caso do Rio, a prática da organização criminosa era cobrar propina de 5% de grande parte das construtoras em qualquer obra. É uma dimensão surpreendente ver que a organização, liderada pelo ex-governador, tinha os braços estendidos em diversas áreas do estado. São centenas ou milhares de crimes cometidos”, comenta.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – As leis brasileiras precisam ser adaptadas a esse fenômeno criminal da corrupção, que mais parece uma epidemia. Não se pode punir da mesma forma  um ladrão de galinhas e um ladrão de casaca, como diria Hitchcock. Cabral, por exemplo, merece ficar na cadeia até os fins de seus dias, e sem dormir no ar condicionado da biblioteca da prisão, como está acontecendo hoje, por generosidade de seu cúmplice Luiz Fernando Pezão, que também conhecido pela alcunha de “Mão Grande”. Mas a fila anda e logo Pezão estará fazendo companhia a seu chefe. (C.N.)

15 de maio de 2017
Natália Lambert
Correio Braziliense

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