"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

A FESTA DA FRANÇA E A VERGONHA DO BRASIL

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Posse de Macron é uma vitória da democracia francesa
Paris já teve todos os louvores. Hoje é dia de louvar a França. Quando Hemingway disse que “Paris é uma festa”, sabia o que estava dizendo. Vivia lá, escrevia de lá e era testemunha dos anos dourados da década de 20. 
No Brasil o sergipano Gilberto Amado também sabia: “Uma rua de Paris é um rio que vem da Grécia”. E o poeta mineiro Murilo Mendes: “Quando bombardeavam Paris destelhavam a casa do meu pai”. 
Mas os louvores de hoje são todos para a França que deu ao mundo um fulgurante exemplo de liberdade e democracia. Onze candidatos a Presidente, depois cinco, depois quatro, no fim dois e o povo foi para as ruas escolher um, sem ódio, sem xenofobia, sem violências.
Em um mundo retalhado pela fúria, com a morte morando em cada calçada, fez bem a França em dar este visceral exemplo não só de democracia como de civilização, de convivência coletiva. No próximo mês haverá eleições parlamentares. E a França instalará definitivamente mais uma república. Democrática. E não se diga que a campanha foi fria ou indiferente. Quem ganhou, ganhou com 65,5%, quem perdeu teve 34,5%. Como dizem os franceses “Et vive La France!”
GARCIA MARQUEZ – O livro “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, Premio Nobel de 1982, é uma ficção sofisticada tendo a aldeia de Macondo como geografia e a família Buendía como personagem. No Brasil, aconteceu o impossível: a realidade conseguiu superar a ficção, com a captura do Estado pelo poder econômico e político. A logística era pilhagem organizada do dinheiro público, com caixa 2, propinas, venda de medidas provisórias no executivo e no legislativo. Vantagens indecorosas a agentes públicos transformaram a administração da República em aliança criminosa entre os poderes públicos e privados,
“Plus rien à faire, plus rien à foutre” (Não estou nem aí, estou pouco me lixando)” é o título de um livro francês que deve estar servindo de orientação para os corruptos e corruptores brasileiros. A arrogância, o cinismo e a autossuficiência dos envolvidos no roubo deslavado ao contribuinte são chocantes.
PROPINAS E LUCROS – Estima-se que para 1 milhão de reais dado de propina, o lucro do grupo empresarial era de 4 milhões de reais. Realidade que envergonha os brasileiros decentes nos vários quadrantes da Pátria. Muitos dos investigados na maior estrutura de corrupção da história brasileira raciocinam no quanto pior melhor. Acreditam que, mergulhados na “lama podre”, desejam jogar o Brasil e as suas instituições no caos.
Especialistas em “porta de mansão” negam a existência de qualquer tipo de delito. Desejam jogar com o tempo e forçar um grande acordo onde todos se salvariam. Ignoram que o pior está ainda por acontecer.
COMPRA DE MPs – Os delatores da Odebrecht nominaram diversas Medidas Provisórias compradas pela empresa nos governos Lula e Dilma.A visão desse cenário de corrupção empresarial e de política de Estado é estarrecedora. Homens públicos no executivo e no legislativo, transformados em serviçais do poder econômico. Mesadas, propinas, dinheiro abundante na escala de bilhões alocados nos bolsos e patrimônios de ladravazes de colarinho branco.
Não obstante as provas documentais, os denunciados e seus advogados garantem que são todos vítimas de mentiras e falsidades. É tempo de a vergonha envergonhar-se.

15 de maio de 2017
sebastião nery

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