"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

REFLEXÕES SOBRE PROPAGANDA ENGANOSA NO COMÉRCIO E TAMBÉM NA POLÍTICA


Algum tempo atrás eu conversei com um famoso psicanalista de Campinas pelo telefone. 
Falamos sobre vários assuntos até que eu puxei por um assunto que eu achei relevante: Pelé foi um grande jogador de futebol, mas era antiético que as montadoras de automóveis o colocassem em propaganda na televisão para vender automóveis. 
Até onde eu saiba, Pelé nunca foi mecânico de automóveis ou um estudioso de motores de carros. 
Pelé foi um grande jogador de futebol , mas isto não tem nada a ver com a opinião dele sobre automóveis, que tecnicamente é inverossímil.
Retrucou-me o analista de Campinas que isto se chama “quebra de competência”, e o também ex-jogador de futebol Romário tem razão quando declara que “Pelé calado é um poeta”. Realmente, as declarações públicas de Pelé, que são do conhecimento geral, são todas desastrosas, Pelé deveria preservar a sua imagem ficando calado. Ele só entende de futebol.
Mas o próprio Romário, aproveitando-se da mesma credulidade pública com falta de discernimento , que fez pessoas e mais pessoas comprarem um carro indicado por Pelé, elegeu-se deputado e depois senador da República e, como temos visto, houve uma “quebra de competência” porque Romário não entende de política e sua atuação no Senado assemelha-se à de Tiririca na Câmara.
CPI DA CBF – Romário até ajudou a criar uma CPI da CBF , da qual é inimigo. Matéria para a CPI da CBF não falta, mas os senadores deram-lhe a presidência da CPI e mais nada aconteceu. No impeachment de Dilma, a televisão mostrou, ele estava indeciso até os últimos minutos se votaria sim ou votaria não. Uma perfeita “quebra de competência”.
Mas Fernando Henrique Cardoso, já com o governo em crise, convida Pelé para ser ministro do Esporte e surge a Lei 9.615, de 24 de março de 1998, mais conhecida como Lei Pelé ou Lei do passe livre , é uma norma jurídica brasileira sobre desporto, com base nos princípios presentes na Constituição, e cujo efeito mais conhecidos foi ter mudado a legislação sobre o passe de jogadores de futebol, revogando a chamada Lei Zico (Lei nº 8.672, de 6 de julho de 1993). Enquanto a Lei Zico era uma lei sugestiva, a Lei Pelé é mandatória.
Foi idealizada quando Pelé era Ministro do Esporte e presidente do Conselho do INDESP (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), no governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi uma magnífica e trágica “quebra de competência”, que só poderia terminar em desastre.
PROPAGANDA ENGANOSA – Os industriais e comerciantes brasileiros, aliás, são especialistas em usar a credulidade e falta de discernimento dos telespectadores, são useiros e vezeiros em produzir fragorosas “quebras de competência” em seus anúncios de propaganda, pegando os incautos para comprar.
Assim, vemos Toni Ramos, um ator de telenovelas, indicar para donas de casa qual é a melhor carne a ser comprada; Gisele Bündchen, que sequer mora no Brasil e é a modelo mais bonita nascida em território nacional, afirma para os telespectadores que com a SKY , operadora de TV a cabo, “você sai sempre na frente”, opinando que a SKY é a melhor opção de assinatura de TV no Brasil; o ex-jogador Raí, que também foi um grande craque, é colocado em anúncios da Caixa para vender os “apartamentos mais baratos, em seus feirões, e de melhor qualidade”, e esses exemplos são infindos e colocados criminosamente pelos anunciantes para iludir o povo.
Isto, a “quebra de competência” é sempre má fé , porque a maioria do povo, incompetente para votar, também é incompetente para comprar.

10 de agosto de 2016
Ednei Freitas

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