O círculo apertou-se intensamente no final da semana passada com a denúncia do Ministério Público Federal que diretamente sustentou – reportagem de Cleide Carvalho e Renato Onofre, O Globo de sábado – a participação ativa do ex-presidente Lula no crime de corrupção que invadiu o país. Lula e integrantes do PT, acentuou o documento, formavam uma só organização para desviar recursos da Petrobrás. Dentro desse clima, ampliado pela reportagem de Thiago Bronzatto na revista Veja que está nas bancas, a situação tornou-se extremamente crítica para o ex-presidente da República. Sua prisão, ao que os fatos indicam, está para ser decretada nos próximos dias.
Sobretudo, porque temos que acrescentar o impacto enorme se confirmada a delação premiada de Marcelo Odebrecht. Este episódio apresenta-se como iminente, tanto assim que foi publicada a notícia de que a maior empreiteira do país encarregou um grupo de pessoas para preparar um documento a ser divulgado nos grandes jornais, tentando separar o passado do que aconteceu e dos rumos futuros da empresa. As evidências contra Lula são tão múltiplas e fortes que ele não será capaz de resistir às explosões políticas que inevitavelmente virão na sequência.
DILMA E CUNHA – Some-se a tudo isso, nesta altura dos acontecimentos, o afastamento definitivo de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. No mesmo ritmo, a cassação do mandato de Eduardo Cunha pela Çâmara dos Deputados. O cenário, portanto, é de tempestade absoluta, acrescido da denúncia da mesma Odebrecht contra Michel Temer, acusando-o de ter participado de reunião com o presidente da empresa, na qual foram destinados 10 milhões de reais para a caixa 2 da campanha do PMDB em São Paulo nas eleições de 2014. Está na Veja a denúncia, reportagem de Daniel Pereira, que envolve também o presidente da FIESP Paulo Scaff que perdeu o governo estadual para Geraldo Alckmin, do PSDB.
Portanto, se a Odebrecht partiu para denunciar frontalmente o atual presidente da República, por que não poderia denunciar, da mesma forma, Lula, que não se encontra mais a frente do governo? Adensam-se assim as nuvens ameaçadoras que antecedem os relâmpagos e as trovoadas. Tudo assim conduz à certeza de que o espaço de Lula se estreita e diminui de forma acelerada, mesmo em tempo de Olimpíada.
TRISTE RECORDE – Dessa forma, presume-se que os juízes brasileiros vão bater um triste recorde na história do país. As condenações se aproximam. E Lula é o principal alvo de todas as convergências. Terá que decidir rapidamente aquela que será a maior opção de sua vida. Entre a prisão e o asilo não escapará do julgamento da história.
Lula é um homem que começou na política empunhando a bandeira da reforma, mas acabou cometendo todos os atos que condenou, até se transformar num mero conservador do passado que ele se propunha a destruir.
10 de agosto de 2016
Pedro do Coutto
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