Licenciado da presidência do PMDB, nem por isso Michel Temer se descuida da imagem do partido. Recomendou aos principais líderes para não deixarem sem resposta as acusações de participação nos malfeitos investigados pela Operação Lava Jato e sucedâneos. Se tiveram culpa, devem reconhecê-la e arcar com as consequências. O objetivo é preparar o PMDB para resistir às investidas dos adversários e estar a postos para disputar as eleições presidenciais de 2018, das quais já se considera afastado. Claro que não cuidará de nomes, por enquanto, mas não afasta a hipótese de comandar o processo de escolha, buscando aliança com os partidos aliados. Nesse arco de especulações, por que não Henrique Meirelles, no caso de sucesso da atual política econômica?
Ministros historicamente filiados ao maior partido nacional, como Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima, torcem o nariz para a possibilidade de o ministro da Fazenda sair na frente, mas de forma alguma se disporiam a sabotá-lo ostensivamente.
Sabe o PMDB que sua aliança com o PSDB tem prazo de carência. Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra disputam a pole-position, podendo até o governador de São Paulo e o ministro das Relações Exteriores cederem à tentação de buscar uma legenda alternativa, caso o senador mineiro mantenha o controle dos tucanos.
CONTRA LULA – Outra preocupação do presidente ainda interino refere-se ao PT. Reconhece o desgaste olímpico dos companheiros a evidência de que eles só tem no Lula a única opção, por sinal nada desprezível. Daí a blitz já desencadeada contra o ex-presidente, e que mais se acentuará com o tempo.
É cedo para elaborar cálculos fulanizados em torno dos nomes referidos ou de outros, mas como descendente de árabes, Temer não se esquece do tradicional ditado de seus ancestrais, de que “bebe água limpa quem chega primeiro na fonte”. Daí haver desmentido, mas sem a veemência que seria de esperar, a hipótese de concorrer à reeleição. Por enquanto, a recepção que teve no Maracanã pela abertura das Olimpíadas responde a qualquer indagação, mas como dizia o polêmico ministro da Justiça, Armando Falcão, “o futuro a Deus pertence”…
10 de agosto de 2016
Carlos Chagas
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