A nadadora Joanna Maranhão foi eliminada das Olimpíadas. Joanna Maranhão já havia repudiado a torcida de “coxinhas”, exigindo que todos os que torcessem por uma brasileira na piscina fossem mortadelas.
Depois, Joanna aprofundou: não é nem petista, é PSOL. Tal como seu partido socialista, morreu na praia. Foi uma das raríssimas atletas a provocar e criticar a própria torcida brasileira.
Joanna Maranhão conta que foi estuprada por um treinador no início de carreira. A prática é condenadíssima em países capitalistas, para sorte de Joanna – e a coisa mais comum do mundo em países socialistas, governados pelas versões locais do PSOL.
Basta ler a história da ginasta romena Nadia Comănec, estuprada até mesmo pelo filho do ditador Nicolae Ceaușescu. A prática era tão comum que se tornou barganha, e popularizou-se na visão ocidental sobre a Cortina de Ferro só após o desfacelamento da União Soviética.
Por sua própria segurança, talvez fosse o caso de Joanna Maranhão trocar de ideologia.
Há uma lei federal com o nome de Joanna Maranhão que altera a prescrição do crime de pedofilia e estupros contra crianças. O PSOL defendido por Joanna é um dos partidos políticos brasileiros que mais flerta com a idéia da normalização da pedofilia, tratada pelo eufemismo bizarro de “amor (sic) intergeracional”.
Mas é exatamente este o problema existente no Brasil: jovens que se apressam para defender uma ideologia “revolucionária”, de um mundo completamente diferente do nosso, sem perceber que aquilo é mais velho do que nosso bisavô e que, para ser aplicado, precisa destruir nossa vida. É um suicídio coletivo homeopático. Cianureto ultra-diluído. Pessoas se auto dando porradas achando que nos chocamos porque nós que estamos sendo feridos.
A torcida brasileira criticou tanto Joanna Maranhão por sua própria provocação – uma olhadela rápida por seu Facebook e é fácil notar que nem 10% ali conhecem a história de seu estupro. Não a criticam por ser estuprada (o que países islâmicos, mancomunados com os socialistas, fariam): criticam-na por ter, antes destas Olimpíadas, criticado a torcida.
É xingo pra lá, xingo pra cá. Coisa muito mais simples e menos ideológica e criminal do que parece. Nem parece que temos de explicar isso para esportistas.
"Frente parlamentar de defesa a família" a familia do século passado, hipócrita e bem escrota. O inverso da minha, amém.
A gente vai falar de tolerância e da população LGBT não adianta, queridos. Se não for na escola vai ser em outro lugar.
Nas ruas, nas redes sociais, onde for, a gente vai ensinar seus respectivos filhos a respeitar.
A primeira contradição é óbvia: Joanna Maranhão diz não querer torcida de “coxinhas”. Ora, os “coxinhas” foram lá demonstrar que não torceram por ela. O mínimo que Joanna Maranhão deveria fazer neste caso é agradecer. Se quer punições criminais porque o povo fez o que ela pediu, a nadadora é mais socialista do que pensa.
Segundo: Joanna Maranhão treina no clube Pinheiros. É meio estranho alguém treinando ali não querer aplausos de “coxinhas”, sendo que só eles aplaudem e financiam seus treinos. Sem os coxinhas, Joanna provavelmente não seria nada. Foram ricos compartilhando sua riqueza que permitiram que Joanna fosse manchete, hoje.
Terceiro e repetindo: ela mesma recusou a torcida. Ser xingada (noves fora os imbecis falando em estupro e ofensas piores) após xingar o público não é nada mais do que o esperado. Já pensou se Mancha Verde e Gaviões da Fiel se processassem por xingamentos mútuos?
Agora, Joanna Maranhão se saiu com o clichê: disse que “o Brasil é um país homofóbico, machista, racista e xenófobo”. Se a pessoa começa a falar “homofób…”, qualquer um já sabe que a frase terminará com “machista, racista” e, geralmente, “fascista” (não dá para entender o “xenófobo” na frase de Joanna. Sério, não dá pra entender).
É a esquerda resumida ao quadrupismo conceitual. É o nome impronunciável do Deus Socialista. O que nosso maestro Tom Martins chamou de FRMH – chamar seus adversários de Fascista-Racista-Machista-Homofóbico. Já que não dá para falar mais em operários e desigualdade, resta ao esquerdista dizer que o problema do mundo é que está abarrotado de Fascistas-Racistas-Machistas-Homofóbicos.
O que isso tem a ver com Joanna Maranhão? Absolutamente nada. Perdeu, foi xingada, tem o direito de processar quem afirmou coisas sobre ser estuprada de novo ou dizendo que sua mãe deve morrer, como afirma que viu. O que isso tem a ver com o FRMH?
O problema real do Brasil, fora estes jovens que nada entendem de política (e, curiosamente, de história, que juram ter estudado), é o pensamento reduzido a um clichê. A uma peça de palavras fortes que todo mundo usa sem saber o que significam. Um mero xingamento (epa! Joanna está fazendo o mesmo que acusa!). Um substituto ideologizado para o bom e velho “filho de uma puta”.
Joanna Maranhão não é exatamente negra (quase nada, para padrões brasileiros). Mas basta Joanna sacar a race card, como dizemos sobre o eleitorado de Hillary Clinton, e afirmar que o Brasil é um país racista. E bingo: vira manchete.
Joanna Maranhão deve ter sofrido uma penca de ataques com frases racistas, dá para apostar: xingamentos sempre envolvem traços físicos, ainda mais para atletas (cujo cultivo do corpo é norma em Estados totais, como os socialistas). Será mesmo que isso indica “racismo”?
Sinto muito dizer, já que muitos ganham a vida com essa aleivosia, mas encontrar verdadeiros traços racistas no Brasil é algo dificílimo. Teses supremacistas aqui não pegam desde há séculos. Xingar pelo físico não é o mesmo que racismo. Se algum dia os jornalistas, professores, artistas e intelectuais se tocarem dessa obviedade, talvez passemos a poder olhar para os verdadeiros problemas do país.
Joanna Maranhão comenta que a judoca Rafaela Silva foi chamada de “macaco” quando perdeu em Londres em 2012, e hoje virou heroína. Seria um racismo bem estranho este de alguém que a chama de um nome horrível quando perde, e a trata como heroína quando ganha. Quem a xingou assim deve xingá-la ainda hoje.
Mas uma coisa podemos ter como certeza: não foi a cor nem de Rafaela, nem de Joanna, que gerou tratamentos tão diferentes para as duas.
Aliás, Rafaela é negra, Joanna, só forçando um pouco a amizade. Se a negra Rafaela virou heroina, e a no máximo queimada de sol Joanna virou êmulo da nação, não é a cor de pele que explica. Há algo em Joanna, e não na pele de Joanna (ou Rafaela) que explica a pouca animosidade do público.
Será preciso ser um Leibniz redivivo para perceber? Talvez as declarações da própria Joanna para o próprio público sejam, digamos, uma primeira pista.
E a que “machismo” Joanna se refere? Se for em relação ao seu horrendo estupro pedófilo, o mandatório no caso é usar a palavra correta, não um eufemismo. Por que eufemizar um dos atos mais horrendos a que uma mulher pode sofrer?
Se com isso quiser equiparar seu estuprador com todos os homens que não acatam as viagens feministas, sinto muito, mas está chamando o país de criminoso hediondo (mesmo, como disse, “sem generalizar”). E, ao contrário do que pensa, ao invés de diminuir os homens normais ao seu carrasco, eleva seu algoz à condição da normalidade. É isso que Joanna quer?
Não sei se Joanna Maranhão é homossexual. Pouco importa: o que “homofóbico” está fazendo em seu “desabafo”, senão para completar a quadra FRMH? O que tem a ver com o que quer que seja?!
Os problemas do Brasil, portanto, não têm nada a ver com os clichês diagnosticados por Joanna Maranhão – seus clichês, aliás, é que são parte do problema. Uma visão que repete igual papagaio os “problemas” prontos que a esquerda impôs ao país e, quando algo dá errado (perde, é xingada, azar no amor, almoço veio frio etc), solta, sem pestanejar: fascismo-racismo-machismo-homofobia (ou “xenofobia”, na pior hora pra isso).
O clichezão funciona pra tudo. Qual o problema do Afeganistão? Fascismo-racismo-machismo-homofobia. O que está de errado com a situação da Bósnia? Fascismo-racismo-machismo-homofobia. O que gera crises financeiras? Fascismo-racismo-machismo-homofobia. Por que o Brasil não produz um Shakespeare? Fascismo-racismo-machismo-homofobia. Por que não conseguimos conjugar mecânica quântica com teoria da relatividade? Fascismo-racismo-machismo-homofobia.
A não ser, claro, que você pergunte sobre países socialistas ou islâmicos. Aí o problema será sempre Israel, já que a Palestina com sua Autoridade Palestina e seu Hamas nunca seriam acusados de fascismo-racismo-machismo-homofobia.
Além do esvaziamento cerebral, de se tornar uma marionete de alguém e ainda se orgulhar de nem saber o que está fazendo, de ideologizar o que não tem nada a ver com partido, ainda esvaziam essas palavras, técnicas e importantes, de sentido.
Todas as palavras, até mesmo as que usamos apenas para pensar, deixam de ter um referencial na realidade, apontam para algo completamente diferente do que imaginamos e nossa capacidade de extrair uma conclusão de duas premissas é mandada para o fundo partidário do PSOL.
Como se sentiriam as verdadeiras vítimas do fascismo, do racismo, de comportamentos agressivos machistas e homofóbicos se testemunhassem esse festival de lamúrias e umbigocentrismo?
Tudo faz parte do que já chamamos de Mimimicracia, em nosso quinto podcast: a arte de ganhar poder fazendo mimimi. O vitimismo elevado à política. Ganhar quando se perde. Ou como explicar a declaração de Joanna, após falar de pessoas que desejaram que ela fosse estuprada ou que sua mãe morresse, criticando quem comemorou “porque eu não peguei uma semifinal por cinco centésimos, acho isso covardia”?
Obviamente, Joanna Maranhão pode contar com a cumplicidade de todos os jornalistas e celebridades nas redes: ninguém vai nunca pedir um pingo de lógica, coerência e senso do ridículo de suas afirmações. Apenas as divulgarão com um belo tom de “olha que lacrada!”
Mas fica o alerta, além de não reclamar de brigas criadas por você mesma: são seus clichês que são seus verdadeiros inimigos, não o povo brasileiro.
10 de agosto de 2016
Flávio Morgenstern
senso incomum
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