O título expressa, creio eu, o clima que predomina na população brasileira nestas horas que antecedem o jogo da noite de hoje contra a Dinamarca. O Brasil vem de dois empates contra a África do Sul e a fraquíssima seleção do Iraque, decepcionando mais uma vez não só nossos torcedores, mas o próprio futebol mundial. O selecionado verde e amarelo, desde 2014 principalmente, vem decaindo de forma progressiva, não só pelos 7X1 que amargou na Copa de 2014, mas também pelas atuações muito ruins na Copa América e na Olimpíada.
Nosso futebol não é mais o mesmo, deixou de ameaçar os adversários, e passou à condição, isso sim, de sofrer ameaça de derrota a cada vez que pisa o gramado. Não é apenas uma questão de técnica ou de tática, é uma questão de vontade de acertar, de partir para a vitória, como aconteceu nas jornadas heróicas de 58, 62, 70, 94 e 2002.
A CBF tem sua responsabilidade na fase desastrosa em que nos encontramos. Um ex-presidente, José Maria Marin, encontra-se preso em New York, à espera de julgamento criminal. O atual presidente, Marco Polo Del Nero, sente-se impedido de sair do país, temendo ser detido pela Justiça norte-americana.
DECADÊNCIA – O futebol brasileiro deixou de ser mágico e passou a ser trágico. Pois só uma tragédia explica o 0X0 contra o Iraque.
Assim, entramos em campo esta noite sob o signo do descrédito. A equipe não está atuando em conjunto, dependendo de atuações individuais que desapontam todos nós. Neimar é um exemplo da situação. Reclama o tempo todo, aceitando a centralização das jogadas ofensivas em torno de si, embora revele pouco empenho para resolvê-las. O futebol é um jogo de conjunto, pois se dependesse de desempenhos individuais o Santos de Pelé e o Botafogo de Garrincha nunca teriam perdido uma disputa. Futebol é solidariedade, harmonia, ideia de conjunto, à base de um por todos e todos por um, como no romance famoso de Alexandre Dumas pai.
SEM ENTROSAMENTO – Os onze jogadores têm que se entender entre si, especialmente na luta pela colocação dos espaços certos porque futebol não depende só da bola, mas de onde está quem vai receber os passes e quem consegue horizonte para chutá-la em direção ao gol.
Francamente, basta um atleta de uma equipe atuar de má vontade, reclamando a toda hora do árbitro, para que a equipe se desmobilize no rumo da vitória. Em 98 perdemos a final contra a França porque Ronaldo, que havia sofrido uma convulsão na véspera não foi substituído. Sua entrada em campo preocupou e imobilizou todo o time. Ao contrário do que aconteceu quatro anos depois quando o mesmo Ronaldo Fenômeno foi a peça decisiva para a conquista histórica do pentacampeonato.
Falei em história e dentro dela destacam-se os fatos de o Brasil ser o único país que participou de todas as Copas desde 1930, em Montevidéu. E também por ser a única nação pentacampeã deste esporte mágico que leva multidões ao delírio, chamado futebol.
MOTIVAÇÃO – Hoje à noite, todos nós, brasileiros esperamos em dúvida que esses exemplos motivem uma seleção desmotivada, a qual precisa finalmente acordar da letargia e da desorganização para tentar partir em busca das glórias perdidas e submersas num passado brilhante, que não vem sendo honrado no presente.
Vamos esperar que Neymar, hoje, seja mais o craque do Barcelona do que o medíocre artista de uma seleção que nunca precisou tanto dele para reencontrar o talento e a magia na busca dos gols que nos levem à vitória.
A desclassificação brasileira seria o mais triste espetáculo na batalha contra o reino da Dinamarca.
10 de agosto de 2016
Pedro do Coutto
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