"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 21 de agosto de 2016

DEBATE ENTRE SERRA E MEIRELLES É O PRIMEIRO CAPÍTULO DA SUCESSÃO DE 2018



José Serra e Henrique Meirelles dão a partida para a sucessão


















Reportagem de Vandson Lima e Tiago Resende, Valor, edição de sexta-feira, focaliza o debate que começou a ser travado entre os ministros José Serra e Henrique Meirelles, em torno do projeto que autoriza o governo a negociar no mercado financeiro (claro, com deságio), a venda de créditos tributários de empresas para com a União, cujas cobranças encontram-se adormecidas há vários anos.
A corrente do titular da Fazenda propõe que o produto arrecadado se destine à redução da dívida interna federal que se eleva a 2,9 trilhões de reais. O chanceler deseja que os recursos sejam utilizados para programas voltados para captar investimentos dentro dos limites da lei de Responsabilidade Fiscal.
O senador Paulo Bauer (PSDB-SC), relator da matéria, acolheu em seu parecer as razões levantadas por Meirelles. E o senador licenciado José Serra, autor do projeto original, discorda.
À primeira vista, o debate pode parecer entre dois ministros. Na realidade, além disso, pode refletir claramente o início declarado da campanha pela sucessão do presidente Michel Temer nas urnas de 2018. Serra, com a divergência publicada, na realidade está abrindo o processo sucessório. Nada contra, é um direito seu. O que se pode colocar em discussão é que a decolagem pode significar uma precipitação, que, em matéria eleitoral, geralmente não produz bons resultados.
ELEIÇÕES DESTE ANO – Afinal de contas, faltam dois anos para 2018 e, neste ano realizam-se eleições municipais que colocam em jogo as prefeituras de suas cidades fundamentais: São Paulo e Rio de Janeiro. A eleição carioca, no caso, não possui a mesma importância. A luta que se trava em torno da capital paulista, esta sim. Sobretudo, porque nela está embutido um confronto preliminar no PSDB, colocando Serra e Geraldo Alckmin em planos opostos.
O governador de São Paulo apoia João Dória. O ministro das Relações Exteriores torce por qualquer outro candidato. Não importa qual. Para o ministro Serra, a vitória de João Dória acrescentará prestígio político e força eleitoral a Alckmin, que disputará logicamente a convenção nacional dos tucanos para escolher qual será o candidato da legenda ao Palácio do Planalto.
AÉCIO, TAMBÉM – Além de Serra e Alckmin, o PSDB inclui também o nome de Aécio Neves, que somará pontos se o seu candidato vencer em Belo Horizonte. Nesse ponto, situa-se ao lado de Serra na torcida contra Dória. E assim começa a sucessão presidencial, separando mais do que unindo o PMDB, de um lado, o PSDB de outro.
A divergência entre as duas agremiações já repercutiu e refletiu no governo de forma intensa e urgente. A união, para Temer, é essencial. Tanto assim, que, em reportagem na Folha de São Paulo, também de quinta-feira, Valdo Cruz, Daniela Lima e Mariana Haubert destacam que o chefe do Executivo tomou a iniciativa de procurar o PSDB para assegurar papel mais relevante do que o atual em sua administração.
O senador Aloysio Nunes Ferreira vai passar a integrar as reuniões do núcleo econômico do governo e dos grupos que discutem as reformas estruturais, assim chamadas.
E AS REFORMAS – Aliás, o país aguarda há várias décadas a execução de reformas estruturais. A classificação, inclusive, ganhou um amplo sentido genérico.
Afinal, que reformas são essas, exatamente?
O termo reformas estruturais substitui, na passagem do tempo, as reformas de base, anunciadas vagamente pelo presidente João Goulart. Aonde foram parar tais reformas? No arquivo da história, lá se vão nada menos que 52 anos. Qual será o destino das reformas estruturais?
Mas no meio do debate, sem dúvida, foi dada a largada para as urnas de 2018. Isso na área do governo. E na área da oposição?

21 de agosto de 2016
Pedro do Coutto

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