"O homem é naturalmente um animal político." Nunca a palavra de Aristóteles, o filósofo, foi tão apropriada. Ainda que uns pareçam apenas animais e outros, apenas políticos, e outros ainda sejam sequer passíveis de classificação, é fato que o ser político cresceu e apareceu em toda criatura que anda e fala por este Brasil. Essa sensação ficará ainda mais forte na semana que começa hoje, daquelas em que ou se respira política, ou nada mais. O ar anda rarefeito em outros ambientes. Nossas energias acabam sugadas para a situação política brasileira.
Na próxima quarta-feira, o plenário do Senado Federal julga o relatório que pede o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Há os que esperam ou torcem que ela renuncie antes ou até depois da votação. Há os que estão na triste expectativa de que um golpe seja consumado, teoria aceita por muitos. Ela avisou publicamente que, de livre e espontânea vontade, não sai. Se o fizesse, seria a confissão de uma culpa que não lhe compete, segundo seus aliados.
Independentemente do resultado, a aposta é que o país entrará numa nova fase. A expectativa é que saia do marasmo econômico e da convulsão política. Será? A gravidade da situação não permite otimismo exacerbado. Indefinições e partidarismos à parte, há pelo menos uma unanimidade nacional: a comemoração pelo afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara dos Deputados e do próprio mandato, decidida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Para muitos, foi uma decisão tardia, ainda que tenha respeitado trâmites e ritos legais. Como uma pessoa com toda a folha corrida de acusações poderia presidir um processo de impeachment na Câmara? Pois é. Mas foi o que aconteceu. E, vamos lá, esse questionamento é plenamente aceitável, seja qual for o respaldo legal ou político. Há políticos que passam anos e anos às voltas com processos. Seguem fazendo leis, conchavos, votando em nome do povo. Só são cassados pelos seus pares se não interessar mais aos próprios colegas ou partidos.
A Lei da Ficha Limpa está aí para tentar salvaguardar a moral brasileira na política. É um avanço, mas ainda não surtiu os efeitos desejados. Esperamos que a próxima geração de políticos seja reflexo de uma população que vota de forma mais consciente. Tivemos, ao longo dos últimos dois anos, um intensivão de política, com posicionamento dos mais importantes intelectuais, especialistas, estudiosos, políticos, professores, colunistas, enfim, de toda sorte de profissionais debruçados sobre o assunto. Certamente, alguns desses posicionamentos fizeram sentido para você. Mostre isso da próxima vez que apertar as teclas na urna eletrônica.
10 de maio de 2016
Ana Dubeux, Correio Braziliense
Na próxima quarta-feira, o plenário do Senado Federal julga o relatório que pede o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Há os que esperam ou torcem que ela renuncie antes ou até depois da votação. Há os que estão na triste expectativa de que um golpe seja consumado, teoria aceita por muitos. Ela avisou publicamente que, de livre e espontânea vontade, não sai. Se o fizesse, seria a confissão de uma culpa que não lhe compete, segundo seus aliados.
Independentemente do resultado, a aposta é que o país entrará numa nova fase. A expectativa é que saia do marasmo econômico e da convulsão política. Será? A gravidade da situação não permite otimismo exacerbado. Indefinições e partidarismos à parte, há pelo menos uma unanimidade nacional: a comemoração pelo afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara dos Deputados e do próprio mandato, decidida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Para muitos, foi uma decisão tardia, ainda que tenha respeitado trâmites e ritos legais. Como uma pessoa com toda a folha corrida de acusações poderia presidir um processo de impeachment na Câmara? Pois é. Mas foi o que aconteceu. E, vamos lá, esse questionamento é plenamente aceitável, seja qual for o respaldo legal ou político. Há políticos que passam anos e anos às voltas com processos. Seguem fazendo leis, conchavos, votando em nome do povo. Só são cassados pelos seus pares se não interessar mais aos próprios colegas ou partidos.
A Lei da Ficha Limpa está aí para tentar salvaguardar a moral brasileira na política. É um avanço, mas ainda não surtiu os efeitos desejados. Esperamos que a próxima geração de políticos seja reflexo de uma população que vota de forma mais consciente. Tivemos, ao longo dos últimos dois anos, um intensivão de política, com posicionamento dos mais importantes intelectuais, especialistas, estudiosos, políticos, professores, colunistas, enfim, de toda sorte de profissionais debruçados sobre o assunto. Certamente, alguns desses posicionamentos fizeram sentido para você. Mostre isso da próxima vez que apertar as teclas na urna eletrônica.
10 de maio de 2016
Ana Dubeux, Correio Braziliense
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