"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 11 de março de 2016

DESTINO DE LULA, AGORA, ESTÁ NAS MÃOS DA ODEBRECHT E OAS



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Charge de Sponholz (sponholz.arq.br)

















Se confirmada a versão, contida na reportagem de Jailton de Carvalho, manchete principal da edição de 08/03, terça-feira, de O Globo, de que Marcelo Odebrecht e Leo Pinheiro, este da OAS, se dispõem a fazer uma delação premiada conjunta, o destino do ex-presidente Lula estará definitivamente traçado: não conseguirá desvencilhar-se da teia de interesses que ele próprio, por ação ou omissão, ajudou a construir em torno de si mesmo.
Um aspecto fundamental: no mesmo dia em que a matéria foi publicada, o juiz Sérgio Moro condenava Marcelo Odebrecht a 19 anos de prisão. Assim, se a situação do ex-presidente da Odebrecht já era sufocante, tornou-se ainda maior. E, inevitavelmente refletiu-se na inevitável ansiedade que atinge Léo Pinheiro. O panorama em torno de Luis Inácio da Silva agravou-se enormemente. Afinal de contas, ele se tornou prisioneiro de uma onda de contradições.
Uma delas a que se refere à remuneração que recebia por palestras. Se era tão alta como se afirmou, por que precisaria de aportes financeiros da Odebrecht e OAS para que obras executadas nas propriedades que diz não lhe pertencerem?
Talvez o fato possível de saber da vontade de Marcelo Odebrecht e Leo Pinheiro o tenha levado a cancelar a viagem que faria a Brasília para encontrar-se novamente com Dilma Rousseff.
SITUAÇÃO SINGULAR
Os ventos de março criaram uma situação singular: agora, se mantiver sua aproximação com Lula, o peso dos acontecimentos cairá também sobre o Planalto. Se buscar impor uma prudente distância, a presidente da República perderá o apoio que pudesse ser-lhe passado pelas ruas. Aliás, o teste das ruas está próximo: a mobilização das oposições marcada para o dia 13. O que sucederá? Este é um enigma essencial. Como o PT reagirá?
E a característica de essencial fica reforçada pela entrevista do ex-ministro Gilberto Carvalho à repórter Natuza Nery, Folha de São Paulode segunda-feira, na qual afirma que Dilma não sairá do PT porque a sobrevivência dela estaria muito ameaçada se deixasse o Partido dos Trabalhadores. Quem falou na saída de Dilma Rousseff do PT? Ele, Gilberto Carvalho, demitido pela presidente logo ao início de seu segundo mandato, em 2015, portanto.
Na mesma matéria, Gilberto Carvalho acrescenta que, realmente, existe uma divergência entre a chefe do Executivo e as bases populares de sustentação por causa da agenda econômica adotada por Dilma para o país. Gilberto Carvalho, diretamente, admitiu a hipótese de uma convulsão política: “Eventual prisão de Lula pela Lava-Jato seria brincar com fogo”.
PRESSÃO POPULAR
O ex-chefe de gabinete do Palácio do Planalto, desta forma, coloca a perspectiva de uma pressão popular contra o Ministério Público e a Justiça. Não pode haver outra interpretação.
Tal caminho interessaria à presidente Dilma Rousseff? Evidentemente que não, uma vez que levaria à desordem e obrigaria a presença das Forças Armadas na defesa da ordem pública. A desordem ameaçaria a população e paralisaria ainda mais a economia nacional, seriamente abalada principalmente a partir do gigantesco assalto praticado contra a Petrobrás.
Lula, ao que a convergência dos fatos indica, não tem saída. Encontra-se sem alternativas. Se tentar ajudá-lo, Dilma Rousseff estará também sem alternativas para governar. Ficará também sem saída e sem equilíbrio institucional. Para sobreviver, terá – se puder – que deixar Lula à própria sorte. E ele abusou da sorte que o destino lhe deu.

11 de março de 2016
Pedro do Coutto

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