A defesa do marqueteiro João Santana e de Mônica Moura afirmou que foram inconsistentes os argumentos usados pela Polícia Federal para pedir ao juiz Sergio Moro que a prisão temporária deles, que venceu nesta quinta-feira (3), sendo convertida em preventiva (por tempo indeterminado). Entre os argumentos da PF, estão a hipótese de que Santana pode ter sabido com antecedência da operação.
Policiais também afirmam que Santana, que estava na República Dominicana, excluiu sua conta no Dropbox, um serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos em nuvem enquanto a polícia deflagrava a fase Acarajé da Operação Lava Jato.
“Se for verdade que os peticionários [Santana e a mulher] já sabiam da operação, por que diabos João deixaria para encerrar sua conta no Dropbox já no próprio dia da operação e não nos dias anteriores?”, afirma a peça de defesa, assinada pelos advogados Fabio Tofic e Debora Perez.
Eles criticaram o fato da prisão temporária ter sido prorrogada para ouvir esclarecimentos do casal sobre planilhas que indicam que a Odebrecht realizou pagamentos a ele no Brasil, mas a PF não ter marcado um novo depoimento para indagá-lo em Curitiba.
NOVA PLANILHA
Nesta quinta-feira, ao representar para que os dois continuem presos, a PF informou a existência de uma nova planilha que indica pagamentos de R$ 21,5 milhões à “Feira” –codinome atribuído a João Santana e Mônica– entre 2014 e maio de 2015. As anotações estavam em poder de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht presa pela fase Acarajé e libertada na quarta (2).
Mas os advogados afirmaram que os investigadores não apresentaram prova que os repasses, de fato, existiram. E criticaram o Ministério Público Federal por inferir que os supostos pagamentos teriam sido realizados enquanto a Lava Jato já estava em curso –o que tornaria Santana ciente da origem escusa do dinheiro.
“Ainda mais falacioso é o argumento usado sobretudo pelo MPF, de que tampouco a notoriedade das investigações serviu para cessar o recebimento de valores que vinham da Odebrecht. A uma, porque não se tem provas de que tais pagamentos foram efetuados, e, a duas, porque neste período indicado pelo MPF não havia um único funcionário da Odebrecht preso, ou até mesmo formalmente acusado de corrupção na dita operação”, disse a defesa.
11 de março de 2016
Graciliano Rocha
Folha
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