O volume de vendas do setor varejista registrou queda de 4,3% em 2015. Foi a maior redução já computada desde 2001 quando o IBGE iniciou o registro histórico. Das dez atividades que compõem o varejo, apenas uma apresentou crescimento – o comércio de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e perfumaria, com crescimento de 3%.
Para as demais, os recuos foram os seguintes: comércio de combustíveis (-6,2%); hipermercados (-2,5%); tecidos, vestuários e calçados (-8,7%); móveis e eletrodomésticos (-14%); livros, jornais, revistas e papelaria (-10,9%), equipamentos e materiais para informática, escritório e comunicação (-1,7%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,3%), veículos e motos, partes e peças (-17,8%); e, material de construção (-8,4%).
A dinâmica da queda nas vendas do comércio varejista está ligada à restrição ao crédito, uma vez que os bancos estão praticando elevadas taxas de juros para liberação de empréstimos (as taxas de juros ao crédito das pessoas físicas saltou de 37,3% ao ano em dez./2014 para 47,3% ao ano em dez./2015), além do comprometimento do orçamento das famílias em reflexo à altíssima carga tributária estabelecida pelo governo e ao volume de endividamento junto ao sistema financeiro. Há, também, o aperto da renda familiar pelo achatamento dos salários dos que ainda mantém o emprego (a massa habitual real de salário saiu de uma alta de 1,4% em dez.2014 para uma queda de 8,5% em dez.2015), e a falta de recursos daqueles que foram demitidos (o número de trabalhadores com carteira assinada saiu de um patamar de equilíbrio em dez./2014 para uma queda de 5,0% em dez./2015), sem falar no efeito corrosivo da inflação por sobre os rendimentos das famílias.
E VAI PIORAR
O IBGE ainda ressalta que a redução das vendas no segmento de móveis e eletrodomésticos reflete a retirada dos incentivos via redução de impostos, em especial na linha branca (geladeira, máquina de lavar, fogão etc.), como vinha ocorrendo nos últimos anos.
Em 2015, cerace 100 mil lojas e empresas comerciais fecharam. Este ano, podemos esperar grandes pressões inflacionárias, mais dois milhões de fechamentos de postos de trabalho, mais milhares de empresas fechando. Muito desespero de pais de família sem ter com o que sustentar suas famílias, crescimento da informalidade no mercado de trabalho. Para fechar o quadro dantesco, a decretação do calote da dívida e ou o retorno da monetização da dívida, com o consequente retorno da hiperinflação para o drama de toda a população.
Se o dólar chegar a R$ 6,00 reais, a inflação vai acelerar significativamente por conta dos componentes importados. Empresas como a Petrobras estarão definitivamente quebradas, por terem dívidas em moeda estrangeira. A dívida pública externa também aumentará substancialmente. Em meio à crise, é preciso segurar a desvalorização cambial.
24 de fevereiro de 2016
Wagner Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário